Ontem decidimos ir até os Jardins do Arsenal onde está a Bienal. Esperarei a minha enteada Maya para ver a grande exposição, ela chegará dia 25.
Na frente da Igreja São Marcos uma cena que nunca vi no Brasil e para mim comovente: uma turma enorme de adolescentes sentados no chão com seus cadernos abertos no colo e a Professora na frente dando uma aula sobre a Igreja. Eles anotavam e prestavam toda a atenção, em silêncio.
Chegamos ao Campo San Zaccaria com azulejos de mármore carrara, belíssimos. Começaram a tocar os sinos que pontuam as horas. Há quem não goste dos sinos, eu amo, é como se a sua música fosse um tapete mágico e me levasse flutuando pelo rio do tempo. Neste campo há uma bica de água potável com uma cara de leão. Os leões estão espalhados por toda a cidade.
No Pórtico de San Zaccaria no Idade Média havia uma porta fechando o bairro. Há uma placa de pedra que fornece os horários da abertura, as letras bem apagadas, a data quase ilegível, 15...
Ao sair do Pórtico se vê uma torre inclinada.
Na esquina da Ponte Del Diavolo com a Fondamentina de Liosmarin há um baixo relevo bem intrigante: um homem de túnica, parece um romano, com um instrumento na mão, difícil saber se é um instrumento de trabalho ou musical. Dois operários trabalhavam numa reforma de uma casa em frente. Pedi a um deles para me ajudar a entender. Ele olhou, olhou e disse que era impossível saber. Então tomei a liberdade poética de decidir : uma harpa, era um tocador de harpa.
Logo ali há um Palácio maravilhoso que virou hotel: Palazzo Friuli. No mesmo lugar há a loja de fantasias mais linda que já vi, tão onírica que causa um arrebatamento.
Na Ponte Dei Greci outro Palácio estonteante: Hotel Liassidi.
Chegamos ao Campiello de La Fraterna, desembocamos no Sotoportego Dei Preti, chegamos ao Campiello de La Grana e entremos numa viela sem nenhuma pessoa, os turistas vão desaparecendo .
No Campo de Le Gorne há uma placa de pedra de 1787 lindíssima in memoriam do Conte Piero Foscani, com um leão alado. Por aqui já é a Veneza dos Venezianos. Aqui se ouve o silêncio entre os passos e entre as poucas vozes.
Na Fondamenta del Pintor cruzamos com um Senhor que devia ter mais de cem anos, todo vestido de negro, na mão direita uma bengala, na esquerda uma sacola de livros. A sua cor era de cera e tenho certeza de que era um fantasma, saiu para passear.
Chegamos ao Arsenal com seus quatro leões, dois imensos, um menor e um filhote. São monumentos navais.
Veneza terá outras Bienais, não apenas a de arte, mas de música, de dança e de carnaval. A de Música tem o título mais lindo do mundo: O Som da Memória.
Os títulos das exposições são maravilhosos e os cartazes estão espalhados por toda a cidade. Eu os saboreio , para mim são música.
Deixo então os jardins da Bienal para quando Maya chegar e nos sentamos no Campo Bandera e peço uma taça de vinho para receber os sinos do meio dia. Há que tomar muito cuidado, pois no mesmo Campo, na esquina, encontramos a Calle de La Morte.
Almoçamos na Tavernetta San Maurizio, perto do Campo San Maurizio (San Marco 2619) e nosso amigo Paolo nos recebeu com muita surpresa e alegria. Essa é a taverna que escolhemos para comer sempre, pois além de linda, animadíssima, tem um vinho da casa maravilhoso, a comida é excelente e ficamos amigos do garçom. Comemos uma vez por dia e ontem de entrada pedimos um Piatto Vegetariano, com legumes grelhados, eu comi uma pasta com molho de tomate e ricota e Juan uma pasta com vongole, de sobremesa queijos variados. O pão da casa é muito bom, o azeite nem se fala e o preço é justo: 64 euros. Comentei ontem que não se deve pensar em converter os euros para real, mas sim pensar num salário de 2.500 euros que é um bom salário por aqui. Onde se pode comer assim no Brasil com meio litro de um bom vinho, entrada, prato principal e sobremesa por 32,00 por pessoa? Eu como num restaurante a quilo em Saquarema, sem nenhuma bebida, nem entrada, nem sobremesa por 20,00.
Claro que aqui ainda se pode comer por um preço muito menor, há muitos restaurantes com menus turísticos por 15 euros .
Pela tarde fomos até a Academia, do alto da sua ponte se desdobra a vista mais linda do mundo, emocionante. Depois andamos até o calçadão , havia chovido, a luz estava linda e era dia ainda às 20hs.
As nove horas comemos um pedaço de pizza numa portinha na frente da nossa taverna, a melhor pizza que já comi na vida, há um movimento tão intenso, nem dá tempo da pizza esfriar, vão saindo do forno constantemente e se come em pé ou sentado na escadinha do poço do Campo a dez passos.
Hoje, que bom, faz um friozinho, entre 18 e 19 graus, choverá às 11 horas uma chuva fraca e novamente às cinco. Às 20 horas choverá forte.
Ainda não sei por onde andaremos.
quinta-feira, 21 de maio de 2015
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