quarta-feira, 20 de maio de 2015

CHEGADA

Saímos de casa às oito horas da manhã do dia 18. Nosso voo para Veneza sairia às 14:35. Mas nunca se sabe como será o caminho de Saquarema até o aeroporto. Chegamos em duas horas e nos sentamos num bar novo no Terminal 1. Todos que viajam sabem que o Terminal 1 do Galeão parece uma tumba: feio, escuro, deprimente.
Mas o tempo passou e a espera faz parte da viagem. O avião saiu pontualmente. Depois do jantar, lá pelas tantas, eu estava vendo um filme, perguntaram se havia algum médico a bordo. Chamaram muitas vezes. Pouco tempo depois o Comandante anunciou que teríamos que fazer um desvio e pousar em Recife pois havia uma pessoa passando mal.
Voamos mais de uma hora para pousar em Recife. A história foi assim: um senhor foi encontrado desmaiado no banheiro. Quando a equipe médica entrou no avião ele já estava acordado. Ficamos duas horas em solo com ele tomando soro. Parecia bem. E resolveu continuar a viagem. O Comandante exigiu um atestado da equipe de que ele poderia permanecer a bordo. Bom, levamos duas horas em Recife dentro do avião. Fiquei sabendo que a jovem senhora sentada perto de mim estava indo para a Sicília a trabalho. Um senhor ia para Beirute.
Perdemos a nossa conexão, é claro, mas como nos deram falsas esperanças de que a conexão esperaria um pouco, corremos feito loucos para conseguir , quem sabe, tomar o avião. A aeromoça ainda nos disse: o aeroporto de Roma é pequenininho! É imenso e depois de passar pela polícia, há que sair do aeroporto e entrar no nacional, passar outra vez pela polícia até chegar ao terminal. Ainda nos disseram: Corram que ainda estão embarcando! Se o médico que operou a minha coluna em fevereiro soubesse a maratona que corri... Claro que o voo já havia partido. Volta tudo para trás e na porta B3 há a Oficina de Trânsito. Então, aí sim, trocam nosso cartão de embarque para o próximo voo. Juan tinha a certeza absoluta de que perderiam as nossas malas.
Eu estava tão exausta que não vi nem senti o voo para Veneza. Mas nossas malas chegaram perfeitamente e depois de um banho no hotel e de um pouco de descanso saímos para caminhar.
Estamos no mesmo hotel que no ano passado, com a mesma vista para o Campo del Giglio.
A sensação é a de que não saímos daqui, que o tempo não passou. A sensação é de continuidade.
Veneza não é uma cidade , é uma miragem. Há lojas antiquíssimas e esplêndidas, verdadeiras jóias. Lojas de encadernação, papelarias, máscaras, lojas de queijos e especiarias, galerias de arte, quando as ruas já são uma imensa galeria de arte. Há que olhar para cima, pois vimos lá no alto, um relevo de o final de 1.500! Era uma cena religiosa e abaixo um sapato. Não entendi mesmo.
Entramos numa galeria com um nome em inglês: Holly Snapp Gallery, na Calle delle Botteghe, com a linda exposição de mulheres do pintor inglês Geoffrey Humphries. Amei! Agora vamos buscar as mil exposições que estão acontecendo em Veneza por conta da Bienal.
Às 19.30, famintos, entramos na Osteria Doge Morosini. O restaurante onde trabalha nosso amigo Paolo estava fechado, devem fechar às terças.Recomendo: Fica numa ruazinha lateral ao Campo Santo Stefano que é maravilhoso. Comemos esplendidamente, entrada, prato principal , sobremesa por 66 euros. Quanto estamos fora não pensamos em converter o dinheiro, pois os salários das pessoas "normais" são mais ou menos iguais aos salários do Brasil. Não se come assim no Brasil por 33 reais cada pessoa. Impossível. A sobremesa vale o comentário: Juan pediu um pedaço de gorgonzola. Veio numa travessa lindamente arrumada, numa cama de rúcula os pedaços de gorgonzola com mel. Uma verdadeira iguaria.
Agora vamos para a rua como sempre sem nenhum plano definido. É assim que amo viajar. Fugindo das multidões, flanando, olhando.
Ontem terminamos nosso passeio na Praça São Marcos que para nossa felicidade estava quase vazia num belo entardecer. Chegamos no hotel às 21 horas e começava  a escurecer. Dormimos dez horas seguidas.

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