quinta-feira, 28 de maio de 2015

DORSODURO

Caminhar por Dorsoduro é uma verdadeira maravilha. Desembocamos no Campo Santa Margueritta, uma praça tão bonita, com uma feira de peixes frescos e luxuosamente arrumados , como jóias. Porque para um italiano tudo quem que ser belo. Há uma livraria na praça, há venezianos!!! há vida verdadeira, gente passeando com seus cachorros, velhinhos arrumadíssimos para o passeio matinal. Observei os venezianos comprando: apenas o que vão fazer para o almoço ou para o jantar, Bem pouco.
As casas são lindas de gritar e eu gostaria de alugar um apartamento aqui ao invés de estar num hotel.
Andando chegamos ao Campo San Pantalon com sua Igreja neo românica, fundada no século XII e reconstruída no XVII. Entrei na Igreja. Com a luz de fora ainda nos olhos levei um tempo para enxergar. O teto era uma verdadeira maravilha,  nenhum adjetivo alcança o que quero dizer e me sinto pobre de palavras. Os maiores artistas pintaram esta Igreja.
Na esquina da Igreja há um baixo relevo tão bonito de São Pantalon com uma palma na mão e acima um baixo relevo de um cálice. Como não sou católica não entendo os símbolos, mas a data me comove: 1698.
As esquinas são espaços de pura beleza, um recorte de janelas, balcões, telhados.
Passamos por uma alfaiataria. Ainda existe!!!
Passamos pela Universidade Ca'Foscare. No canal há um barco de comida barata "Hard Rock" com uma fila gigantesca de estudantes.
Encontramos um africano com uma roupa incrível, cheio de colares e um instrumento de cordas que parecia um alaúde. Perguntei de onde era e disse do Senegal. Falei que conhecia Dakar e ele ficou muito feliz. Se chama Alioune e seu instrumento se chama Kaamale Ongoni. Pedi para cantar e tocar alguma coisa. Ele perguntou meu nome. Então começou a cantar uma canção em que a cada frase repetia meu nome.  Depois me explicou que os versos eram seus . E dizia: "A vida é como um espelho, só vemos o que somos" . Fiquei muito emocionada.
Para almoçar voltamos para a praça, o Campo Santa Margueritta. Comemos numa trattoria na calçada com um menu do dia maravilhoso e baratíssimo. Doze euros e meio por pessoa com direito a dois pratos.
Na volta paramos numa sorveteria e Juan quis um sorvete de chocolate super amargo da Venezuela, quis provar e ele disse que não me dava nem uma provinha e comprou um inteiro para mim. Não gosto de sorvete mas este era uma outra coisa.
Na volta passamos por um barco feirinha de frutas e legumes. Na verdade dois barcos. Dentro de um deles se limpava tudo para arrumar no outro. Era um quadro.
Fizemos planos para o fim da tarde, mas Maya, a filha do Juan, pegou a virose da Kira. Febre e dor de cabeça.
Então ficamos no quarto lendo. Estou atracada com um romance policial de um autor israelense que não conhecia, Igal Shamir. A trama é incrível e embora seja aquele tipo de livro que não merece ser chamado de literatura, não desgruda das nossas mãos. Se chama O Violino de Hitler e mistura músicos da século XVII, nazismo, Veneza, uma salada.
Hoje Maya, Kira e Astor vão embora. Daqui a pouco.  Astor, de três anos, gostaria de levar uma gôndola no avião de volta para Barcelona. Vai saltando de uma ponte para outra gritando "Gôndola Gôndola"...

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