Comecei o dia andando pelas belíssimas ruas de dentro do nosso bairro que me trazem uma lufada da infância quando andava com minha mãe pelas ruas do Grajaú e namorava as casas. As ruas são tão arborizadas, tão floridas, tão vazias, é uma viagem no tempo.
Depois resolvi fazer a minha meditação no mar. O mar de Saquarema é muito selvagem e para mim completamente hostil, já que meu corpo tem um certo parentesco com uma loja de ferragens, sou cheia de próteses e não posso (não devo) cair. Vou pouco ao mar, embora a casa seja quase dentro do mar e eu me sinta a bordo de um barco em tempo integral.
Faço meditação e é o que me salva da minha ansiedade. Freia um pouco o cavalo em disparada que existe dentro de mim.
Hoje o mar estava calmo. Dezenas de gaivotas. E lá pelos lados da Igreja havia uma luz prateada tão intensa sobre a água que eu mal podia acreditar que fosse possível tanta beleza. Entre a prata do mar e a prata das gaivotas eu existia.
De repente fiz um poema em italiano. Pela primeira vez. Eu queria falar da casa, falar da luz e o poema veio. Estudo italiano , leio em italiano, vejo a RAI, enfim, me dedico. E então recebi este prêmio. Consegui pensar meu primeiro poema em italiano. Juan corrigiu alguns erros, nada grave, algumas partículas. E o que aconteceu foi muito além do poema. Foi como se a língua tivesse me aceito.
La mia casa gialla
è aperta a la luce
e la música del mare.
La luce qui riposa
su l'acqua
sembra dei pesci
liquidi,
sembra la luna
devenuta barca,
fatigata de la notte.
La mia casa gialla
è aperta
a tutti i venti
che vengono del paese
de la memoria,
è aperta a tutti li ucceli
e amici.
PS: Celmar, minha linda professora de italiano, se ainda tiver alguma coisa errada, por favor, me avise.
terça-feira, 15 de dezembro de 2015
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