quinta-feira, 24 de março de 2011

ONDE OS CONTRÁRIOS SE ENCONTRAM

Leio um livro do escritor espanhol Antonio Muñoz Molina, "Ventanas de Manhattan". Ele descreve os mendigos que vagavam por Nova York nas década de 80 e 90 e que depois do desastre das Torres Gêmeas retornam, os homeless, os vagabundos envoltos em farrapos e que acumulam tudo o que a sociedade rejeita, restos, papéis, garrafas, latas, carregam sacas imensas, envoltos em um cheiro insuportável e se algum destes mendigos olhar para cima, pode ver as janelas dos apartamentos dos multimilionários em Park Avenue ou na Quinta Avenida e seus habitantes também acumulam seus tesouros sem escrúpulos nem vergonha. As duas pontas se tocam num furor acumulativo e sem sentido.

A editora Objetiva me pede uma biografia pequena e atualizada para o livro que sairá em julho. É muito difícil contar a minha vida em 3 linhas. A única coisa importante é misturar a vida e a poesia de uma tal maneira que não se pode dizer onde termina o poema e começa a vida. Às vezes nem mesmo é preciso escrever o poema.

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