Ontem recebi pelo correio um pacote de livros do poeta e cidadão maranhense José Sarney, que foi Presidente do Brasil. Separo o político do poeta e me surpreendo com sua bela, clara e melódica poesia, que flui como água e trabalha com o tempo e a memória. O livro A Canção Inicial, que me tocou especialmente, foi escrito antes de que eu tivesse nascido, em 1948 e a poesia escorre tão naturalmente como se acabasse de ser escrita.
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III
Tenho os sons saudade
assim como um velho rio
de sombras
no campo do passar.
A sua ausência possui
os dias vagos e despovoados
assim como poços esquecidos
cobertos, velhos detritos
comendo a solidão
e a triste lembrança
nas águas,
boiando.
Quando tua presença foge
foge de meus olhos o tempo.
Sou um trigal abandonado
à espera da colheita.
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Somos tantas pessoas dentro , assim dentro do político que atravessou grande parte da história do Brasil recente, existe um poeta que se debruça sobre o poço inesgotável da poesia e lava o rosto e as mãos e bebe suas águas.
quinta-feira, 7 de março de 2013
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