A primeira vez que fui a São Luis em 1990, fiquei muito impactada. O Centro Histórico acabava de ser revitalizado e acompanhada por um poeta, William Amorim, participei de um show de Boi, um espetáculo de poesia na rua e fomos ao reggae mas não conseguimos entrar, tanta gente havia. Na minha última ida a São Luis, faz pouco tempo, encontrei o William na minha fala, 23 anos depois e a cidade destruída. O encontro foi emocionante e a tristeza pelos casarões abandonados era imensa.
Agora São Luis entra pela casa em três livros de poesia do poeta Luis Augusto Cassas, que não conheço.Um livro fala de Alcântara e reproduzo um poema que achei muito bonito:
SOUVENIRS
Dorme em toda alma alcantarense
um beco antigo / um anjo barroco
e uma saudade portuguesa
Uma taça de mar
que sirva de oráculo e rota
aos descobrimentos do sublime
Um dia serei ruína
minha memória despencará
das janelas do tempo
Viajante que passa
eterniza o teu momento:
leva do azulejo um pensamento
Cidade de prateleiras vazias
de vidraças vazias
de lembranças vazias
O sol avisa o racionamento
das 6 às 18hs
para manutenção das caldeiras
Diamante cortando a vidraça
o olho de Deus
a atravessa verticalmente.
Luis Augusto Cassas, ed. Imago
Luis Augusto foi muito feliz neste poema. A Alcântara que não conhecí entra pela janela, chega até a minha mesa com todas as suas ruínas , seus ventos, numa taça de mar .
terça-feira, 26 de março de 2013
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