quarta-feira, 26 de março de 2014
LOUCURA
Vi esta semana e a passada dois filmes sobre a loucura, entre outras coisas. Blue Jasmine e A História de Adèle H, história verdadeira, sobre a filha do Victor Hugo. Ambas enlouqueceram em tempos diferentes por motivos diferentes, mas que no fundo eram parecidos. Jasmine enlouquece por perder seu status, sua vida de futilidade e riqueza excessiva, enfim, por sua vida vazia, preenchida com vivências e objetos de luxo, sem nenhum olhar sobre o outro, sobre sua irmã, por exemplo. Adèle enlouquece por amor, um amor doentio, que não lhe deixa respirar nem viver. No século XIX a mulher não tinha muita escolha quando era de uma certa classe social. O casamento era a sua única meta. Por ter sido rejeitada pelo homem que lhe prometera casamento, Adèle inventa , persegue, mente. Sem o homem desejado ela não existe. Finalmente, a fina linha que nos separa da insanidade se rompe. Com Jasmine acontece quase o mesmo, por não poder ter de volta o que perdeu, ela passa a vagar por um mundo imaginário. As duas são desmascaradas e nada pode trazê-las de volta. A loucura ainda é um dos mistérios que nos intrigam. Por que a maioria das pessoas se recuperam das perdas, de tragédias imensas e outras não conseguem, enlouquecem? Não posso acreditar que a chave seja apenas química, que enlouqueceriam de qualquer maneira, por um motivo ou outro. Prefiro crer no emaranhado que é a alma humana, cheia de caminhos perigosos, precipícios, florestas densas e muitas vezes intransponíveis, quando nos perdemos de nós mesmos passamos a vagar sem rumo. Ajuda amar todas as coisas vivas.
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Blue Jasmine é um grande filme. Bela reflexão!
ResponderExcluirObrigada, André. Super abraço.
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