Ontem o Clube da Casa Amarela foi recebido na Chácara do Hélio e Fernando.
Primeiro Felipe espalhou meus livros sobre o tapete, eram muitos, setenta e sete. Faziam um outro tapete, colorido, vibrante e ali estava o percurso da minha vida. Felipe presentou cada um com a sua dissertação de Mestrado e me pediu meia hora para falar. Fiquei entre orgulhosa e constrangida, afinal a plateia era toda de amigos.
E então entramos na leitura do livro A Ponte Invisível de Julie Orringer.
O livro se passa na Hungria, no momento antes da Guerra e durante a Segunda Guerra.
Maria Clara começou dizendo que a autora aprendeu a escrever numa Escola de Escritores e que o livro foi escrito para ser um best-seller. Ela disse que o livro não conseguiu arrebatá-la e que ela achava os personagens muito bonzinhos e que ficava muito em primeiro plano uma ética judaica e a única que saia deste esquema era a filha da Klara, a bailarina.
Eu discordei, outros personagens também saiam da norma. O irmão meio clown, o amigo homossexual, o primo dândi .
Mas pouco a pouco fomos passeando pelo livro, pelas personagens mais tocantes. A reconstrução perfeita de Budapeste, a vida em Paris. E comentamos como o destino de uma pessoa pode caber numa carta!
Pois foi o acaso que colocou Andras em contato com a mãe de Klara, o que o levou a transportar uma carta secreta, que colocou no correio em Paris, mas por coincidência ele veio a conhecer a destinatária , Klara, bailarina, húngara, dez anos mais velha e um amor indestrutível nasce entre os dois.
Klara tem um segredo e todos comentamos que mulher forte teve que ser para sobreviver a tudo o que passou. Com quinze anos foi estuprada, seu namorado e partner assassinado e ela matou um policial, portanto teve que fugir.
Klara teve a criança que afinal era filha do seu estuprador e não do seu namorado.
Hector comentou a beleza e a fidelidade com que a autora criou as aulas de arquitetura, pois ele é arquiteto.
Todos destacamos a força de tantos personagens. Muitos choraram com tudo o que os personagens passam na Segunda Guerra.
Fernando disse que aprendeu muito, que não sabia que os judeus na Hungria trabalharam e depois lutaram junto com os húngaros, a favor de Hitler.
Na Hungria os judeus foram deportados tardiamente , já quase no fim da guerra e puderam desfrutar de uma sobrevivência maior.
Hélio destacou que a época em que vivemos, nosso mundo, foi moldado a partir das consequências da Segunda Guerra .
Enfim, todos estivemos de acordo que o livro é riquíssimo em detalhes,a autora reconstrói magnificamente tanto Budapeste, quanto Paris, os campos de trabalho, a frente de batalha. Parece que tudo se desenrola feito um filme diante de nossos olhos. Adelaide falou do jornal que circulava no campo de trabalho e como isso foi fundamental para a sobrevivência psíquica de todos, mesmo colocando a vida de Andras e Mendel em risco. Sonia disse que parou de ler o livro por uma semana quando Mendel morre, tamanha a sua dor.
César falou do título, A Ponte Invisível seria o desejo de sobrevivência, bastaria atravessá-la e se sairia vivo do outro lado.
Andras sobrevive e ao chegar a Budapeste todas as pontes da cidade estão destruídas
O reencontro com Klara e os filhos é lindíssimo.
Fechamos com o belo poema da poeta polonesa Prêmio Nobel , Wislawa Szymborska, que Maria Clara leu. Hélio leu um belo poema do Fernando.
Antes do almoço os donos da casa serviram champagne para comemorar a vida.
E o almoço na varanda foi absolutamente esplêndido , uma Festa de Babette e as sobremesas um delírio. Angela, que vem do Rio, além do livro que trouxe para sortear, trouxe uns doces maravilhosos que distribuiu entre todos. Hélio e Fernando nos presentearam com uma toalha de mão bordada e um sabonete. E já é tradição no Clube que uma vez por ano, em dezembro, o encontro acontece na Chácara e em julho em Mauá
O próximo encontro será dia 7 de março e os livros serão: .Morte em Veneza, Thomas Mann e Marca D'Água de Joseph Bronsky. Aconselhei , se alguém quiser ler por fora, 1000 dias em Veneza, de Marlena de Biasi, uma leitura leve e divertida sobre Veneza.
domingo, 14 de dezembro de 2014
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