Recebo de presente o belo livro de poesia de Alfredo Garcia-Bragança.
Seus frutos diáfanos que nosso olhar atravessa e sua sombra, o que dá peso e consistência ao poema . A sombra da memória que todos carregamos, o invólucro dos nossos ossos, os gestos repetidos de algum antepassado, o que se viveu e que se leva nos bolsos feito migalhas de pão para alimentar os pássaros, para alimentar a vida.
O PESO DA MEMÓRIA
Carrego em cima dos ombros
o peso dessa memória
repleta de odores e
sabores do tempo e quando.
Carrego em cima dos ombros
o peso dessa memória:
ectoplasmas de pijama
andam nas ruas-lembranças.
Eu carrego nas retinas
o peso dessa memória:
nas esquinas do que eu fui
dessoterrados desejos.
Eu carrego nas retinas
o peso dessa memória:
olhares varrem quintais
do "paraíso perdido".
Eu carrego pela vida
o peso desa memória,
umbigo solto no mundo,
à espera de ser história.
in Frutos Diáfanos, Alfredo Garcia-Bragança, Obra premiada pelo Instituto de Artes do Pará, Prêmio Max Martins, INP
segunda-feira, 29 de junho de 2015
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário