terça-feira, 30 de junho de 2015

UNI(r)VERSOS

Ontem fui a Bacaxá, o bairro de Saquarema onde se encontra todo o comércio. Fui ao contador fazer algo muito desagradável, um certificado digital que o governo inventou para tirar mais um pouquinho de dinheiro da gente. Para fazer uma inscrição e ganhar uma carteirinha, 370,00!
Mas seguindo a minha filosofia de vida, em cada momento tem que haver algo bom. Então me sentei na padaria Bela Bel para um pingado e fiquei ali olhando o movimento, vendo toda a gente passar. Vi o maluquinho que era meu amigo, mas ontem estava tão exaltado que passou por mim esbravejando e nem me viu. Durante anos ele passava por nossa casa e eu lhe dava um café com leite e pão com manteiga ou bolo e ficávamos conversando no portão as suas conversas sem nexo. Um dia ele me pediu uma camisa pois a sua realmente já estava bem esfarrapada. Fui até o armário do Juan e apanhei uma camiseta vermelha quase nova. Ele olhou, examinou e me devolveu dizendo: _"Não gosto de vermelho. Não tem azul?" E não levou mesmo a camiseta quase nova! Eu achei incrível.
Eu estava ali, sentada e divagando, fazia um solzinho bom, o pingado era tão bom, era tudo bom naquele momento. Aí chegou alguém perto de mim e me disse: "_ Eu sabia que ia te encontrar!"
Era o poeta Jota de Jesus, o poeta de Saquarema. Ele é um grande trovador e ganha todos os concursos. Nosso amigo Chico Peres, antes de ser vereador, isso é importante, pois não foi com dinheiro público, mas sim do seu bolso, financiou um livro para ele e se chama Uni(r)versos.
As trovas do Jota de Jesus são geniais. Ele é um filósofo em suas trovas. A poesia é a sua vida, o que ele respira e mastiga e é um andarilho, está em todos os lugares, com uma pasta de poemas inéditos e seu livro debaixo do braço.
REVELAÇÃO
Na fotografia
     sou aquele,
que o flash quase esqueceu.
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ACUADO
Não posso falar,
nem ouvir, nem calar...
cantar, sorrir, chorar,
   não posso!
O que fazer?
...sonhar!
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Se nada posso fazer
em relação ao destino,
que eu viva pensando ser
sempre um eterno menino.
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Ele parece mesmo um menino, tão franzino. Nos despedimos, ele seguiu seu caminho e eu ainda fiquei um tempo sentada, pensando.

Hoje vou para Resende ao encontro do meu filho, nora e neto. Amanhã subo para a montanha onde não tenho internet e na minha casinha nem o celular funciona.
Levo livros e a minha paixão pela montanha.
Vou desaparecer até o dia 16. Até a volta e de vez em quando me mandem um pensamento bom.

Um comentário:

  1. Olá Roseana.

    Sou professora da Rede Municipal de Ensino de Curitiba e estou tentando entrar em contato com você de diversas maneiras. Desenvolvo um trabalho com meus alunos em cima de suas obras. Gostaria de promover uma proximidade entre as crianças e a autora dos textos que eles estão estudando, por meio de correspondência, uma vez que estamos longe para visitá-la e tomar um café!

    Aguardo seu contato via e-mail: pedagogaspietruzatarde@gmail.com

    Obrigada!
    Profª Eliane

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