Sei quando Neruda entrou na minha vida: pelas mãos da Bárbara , uma pintora chilena que hospedamos em nossa casa logo depois do golpe do Chile, ela , sua mãe, uma escultora, Teresa Vicuña e a filha Tatane. Teresa logo foi embora para Paris e Bárbara e Tatane ficaram um ano morando conosco até sair o visto de permanência. Depois a vida nos separou.
Mas Bárbara trazia entre seus pouquíssimos pertences, e uma vida desfeita, um volume dos "Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada" . E nunca mais Neruda saiu da minha vida com suas imagens arrebatadoras, sua poesia caudalosa, imensa.
Tenho um pequeno livro que se chama "Ainda" e nesse livro há um poema que amo e que já li muitas e muitas vezes e sempre me emociona:
XV
Nós, os perecíveis, tocamos metais,
vento, margens do oceano, pedras,
sabendo que continuarão, imóveis ou ardentes,
e eu fui descobrindo, nomeando todas as coisas:
foi meu destino amar e despedir-me.
in Ainda, José Olympio, tradução de Olga Savary
quarta-feira, 28 de outubro de 2015
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