Aqui em Saquarema, no bairro de Bacaxá, há uma ONG que se chama educandário do Bem. Sua Diretora, Fátima Alves, faz um trabalho belíssimo com alunos da rede municipal no contra-turno, com aulas de teatro, dança, contação de histórias, reforço escolar.
Ela me pediu para trazer seus meninos e meninos para um café literário no meu projeto Café, Pão e Texto. Eles estão lendo meus poemas e muito impressionados, querem saber "o que existe dentro da cabeça de um poeta" .
Não sei se conseguirei responder. Mas acho que assim como um músico usa o corpo e o instrumento (que pode ser a voz) para construir um mundo, o poeta já tem o mundo construído, mas ele tem que fazer recortes e para isso há que afiar os olhos e ver. E principalmente mergulhar no que vê, às vezes de tal maneira, que se transforma no que vê. E a matéria do poeta são as palavras. Por isso, mesmo quando não estou escrevendo poemas, e posso passar longos períodos sem escrever, estou escrevendo dentro de mim. E se estou lendo e estou sempre lendo, também estou escrevendo , mesmo que a leitura seja ficção ou ensaio, meus olhos estão sempre buscando a poesia dentro do texto.
Hoje, quando caminhava, havia no meio fio de uma rua uma explosão de flores silvestres. Eram brancas , bem pequenas, mas de um branco esverdeado, como se feitas de água. Elas são um poema que ainda não foi escrito.
quinta-feira, 29 de outubro de 2015
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