sábado, 19 de março de 2011

MEL

Tivemos muitos cachorros e cadelas no sítio em Visconde de Mauá. Mel foi deixada no sítio por sua dona que se mudou para São Paulo. Ela já era adulta, mas se adaptou muito bem. Que eu me lembre, Mel já existia no começo da década de 90. Talvez Mel tenha vivido uns 20 anos, uma raridade. Quando meu filho André Murray foi morar em Mauá, minha nora Dani Keiko se apaixou pela Mel e a adotou completamente. Dani a defendia com unhas e dentes, já que ela era doce e nada agreessiva.Convivia maravilhosamente com as gatas e era uma obstinada. Toda dura pela artrose, já meio senil, andava o sítio inteiro. Mas nos últimos meses sua situação foi se agravando e ontem tiveram decidir por sua partida. André me escreve que Dani ficou muito triste e que disse que precisava sentir a tristeza em toda a sua imensidão. Dani é muito oriental e sábia. "Sentir" os sentimentos intensamente ao invés de negá-los é pura sabedoria. Mas hoje, quem quer ficar triste? Há remédio para tudo! Mas a tristeza não vivida vai para um lago profundo e um dia retorna, aumentada. Ou pior, vira doença. Mas no céu dos cachorros, Mel , com certeza, leva a lembrança da Dani para passear.

10 comentários:

  1. que tristeza poética e doida"leva a tristeza para passear". Pura boniteza!bj

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  2. Maria neuza: a perda da Mel me faz pensar no livro da tua mãe.

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  3. Ah! me fez pensar no cachorrinho do meu irmão que depois do seu casamento ficou para nós. Ele se chamava TUPI. Ele era amarelado com uma carinha e temperamento extremamente doces.
    No finalzinho de sua vida ele ficou sem poder andar, pois as suas pernas traseiras definharam e não podia mais ficar em pé.
    Mas a minha mãe optou por não decidir a sua partida, por ele. Ela cuidava dele com todo o desvelo que podia bem como o meu pai e eu mesma, mas ela era incansável.
    Minha mãe construiu um berço com duas cadeiras e uma grade protetora e bastante cobertas formando um colchão para que ele ficasse o mais confortável possível. Isso nos facilitava quando o segurávamos para limpá-lo quando ele gemia e chorava, pois se molhava com a urina.
    As roupas de cama eram lavadas todos os dias e trocadas três ou quatro vezes por noite.
    Nós nos revezávamos para limpá-lo e dar o seu remédio para que ele dormisse logo em seguida. Isso foi feito durante mais ou menos três meses com todo o carinho, como se ele fosse humano. E um dia em pleno carnaval, o TUPI nos deixou. Eu estava em São Lourenço, mas senti no meu corpo a sua partida.
    Ele foi enterrado no cemitério dos cachorros com direito a registro e tudo e com todo o nosso amor.
    Me lembrei muito dele quando li o que você escreveu e rezei por ele.
    Os animais nos marcam com o seu amor incondicional. Nunca nos magoam, e nada pedem em troca.
    Quem gosta de cachorro deveria assistir ao filme “Sempre a seu lado” com o Richard Gere. É lindo e comovente.
    VALE À PENA.

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  4. Angela, que história linda!!!! O filme em questão é maravilhoso.

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  5. Roseana: remédio pra tristeza não existe..só nos engana....fazer brotar a dor pela perda é sabedoria oriental mas podemos aprender com esse povo sábio,não é?Gostei e vou plagiar: gosto de pensar que tudo que amei e tudo queperdi me levam pra passear em suas lembranças,assim como os levo a passear nas minhas.Beijos passeadores e gratos.

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  6. Roseana, a forma como você vê o mundo é muito poética, o que me fascina. Adoro fazer uma viagem pelo seu blog. Abraços. Roseli.

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