Minha mãe, Berta, era assim: festeira, dançarina, risonha, fazia moda e jardins. Gostava de multidão, da casa cheia.Não gostava de comer.
Meu pai, Luis, era assim: expansivo, engraçado, um grande leitor, detestava festas e muita gente, não sabia dançar, amava música clássica. Adorava comer.
Os dois eram alegres e tristes.
Meu pai veio da Polonia com 14 anos . Minha mãe veio da Polonia com 4 anos.
Meu pai se naturalizou brasileiro, amava o Brasil. Meu avô materno rasgou os documentos poloneses da minha mãe , pagou uma multa no cartório e a registrou aqui. Ela era brasileira.
Meu pai não gostava de falar do seu passado, era muito trágico para ser lembrado.
Minha mãe não tinha nenhuma lembrança da vida antes do Brasil. Teve uma infância tranquila numa casa gramnde, cheia de gatos, em Campos.
Eles eram muito diferentes nos seus gostos e interesses. Em comum tinham a paixão pelo cinema. Meu pai era explosivo, minha mãe nunca levantou a voz.
Dentro de mim continuam vivendo, cada um com seus interesses, cada um nos seus afazeres.
Mas às vezes é muito duro ser órfã, é como estar pendurada no vazio.
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
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Caramba! ontem eu peguei firme o livro TRÉGUA. Estou quase no finalzinho, e hoje você fala dos seus pais poloneses e suas vindas para o Brasil. O mundo está sempre em sintonia.
ResponderExcluirEu penso também assim: é muito triste ser órfã, mas nunca pensei em estar pendurada no vazio.
Só você mesmo com sua imaginação prodigiosa pode escrever uma coisa assim.
Valeu!
Abraços,
Angela
Beijos, Angela!
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