sexta-feira, 19 de abril de 2013

NUMA ALDEIA DISTANTE

Em 2010 publiquei pela ed. Escrita Fina um pequeno livro de contos para jovens, um pouco assombrados, com um tanto de medo : VENTO DISTANTE
Vou reproduzir aos pedaços um dos contos, o meu preferido. Cada dia escreverei algumas linhas:

NUMA ALDEIA DISTANTE

   A casa da minha amiga Débora ficava no final da vila, era a última casinha, junto de um banco de pedra. Era linda, com cortinas de renda branca nas janelas, tapetes floridos e duas gatas angorás. A casa estava sempre cheirando a bolos de mel e biscoitos de nata. Dentro da cristaleira da sala sua mãe guardava as suas compotas de frutas. Havia um relogio cuco ali que, de hora em hora, cantava para mim.
   Débora sentava ao meu lado na escola e fazíamos tudo juntas, éramos inseparáveis. Nossas mães se conheciam e parecíamos uma grande família.
   Às vezes eu levava algumas bonecas e nós duas gostavamos de brincar de teatro com elas - eram ótimas atrizes. Alguns dias eu ficava para almoçar, fazíamos os deveres juntas e, no final da tarde, quase noite, minha mãe me buscava. As duas mães conversavam um pouco, e eu ia embora triste.
   Um dia, minha mãe me disse que arrumasse algumas roupas numa sacola, pois eu passaria uma semana na casa da Débora. Meus pais teriam que viajar e já estava tudo combinado.Fiquei radiante, nunca dormia na casa da minha amiga. Separei tudo: cadernos, lápis, um livro que amava - eu já sabia ler.

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                          CONTINUA AMANHÃ
   


Um comentário:

  1. Realmente é um livro lindo. Todos que gostam de seus escritos devem comprá-lo. Esse seu preferido é misterioso e muito bom, mas o meu preferido - provavelmente deve ter batido com algumas coisas minhas - é o LICOREIRO. É um conto emocionante, generoso e BRILHANTE.
    Vou colocar um pequeno trecho para que as pessoas fiquem curiosas:
    "Olhava os livros absorta quando vi a mulher de cristal num espaço vazio da estante... Eu a apanhei com cuidado e, com ela entre as mãos, me sentei no sofá de couro. Que caminhos percorrera a minha mulher de cristal para chegar até ali? Por que eu a deixei escapar? Por que, quando minha avó morreu, não a levei comigo? Então toda a dor da morte de minha avó explodiu dentro de mim como uma fruta e comecei a chorar. Não sei quantos minutos ou horas estive chorando- o tempo das emoções não se mede pelos relógios."
    E aí vai.. e o desfecho é brilhante.
    Parabéns Roseana.

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