Uma parte de mim
é todo mundo;
outra parte é ninguém,
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão;
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera;
outra parte delira
Uma parte de mim
almoça e janta;
outra parte se espanta
Uma parte de mim
é permante;
outra parte
se sabe de repente
Uma parte de mim
é só vertigem;
outra parte,
linguagem.
Traduzir uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?
Ferreira Gullar
Hoje o sábado nos traz o caderno Prosa e Verso inteiro sobre Ferreira Gullar. É um grande presente. Não percam.
sábado, 28 de agosto de 2010
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Hoje o sábado nos traz também esse seu poema, Roseana. Eu o descobri hoje.
ResponderExcluirEle está em VARIAÇÕES SOBRE SILÊNCIOS E CORDAS.
Antes de nascer
herdei um barco
de nome incompreensível
Em dias de tempestade
ele atravanca meu corpo,
embaralha meus passos,
dos seus porões
escapam ratos e segredos.
Tenho que levá-lo
gentilmente
até um porto de águas calmas,
secar o convés
com panos limpos
e dizer ao menino
que corre em círculos,
horrorizado e perdido
(e que um dia seria meu pai)
que irei guardá-lo
entre as dobras da pele,
entre as dobras de uma memória
que não é só minha,
para que em sua morte
ele possa dormir em paz.
Quanto de compaixão, misericórdia, solidariedade e amor existem neste poema.
Obrigada,
Bom sábado.
Angela
Querida Roseana, sou professora e pertenço à Rede de Ensino Público Municipal. Sempre achei que a leitura é a exploração da prática da interação, solidariedade, transformação e conhecimento; e você Roseana através de suas obras consegue atingir tudo isso. Trabalho na escola Deputado Leur Lomanto, com uma turma de 35 alunos e utilizo seu trabalho para motivá-los a ler.
ResponderExcluirSabendo que você é amante da literatura, e um coração solidário, gostaria que participa-se conosco do Projeto de leitura:"Leur, te quero lendo e escrevendo" , nos enviando uma mensagem de incentivo à leitura da forma que achar conveniente.
Despeço-me com o coração cheio de esperança de que serei atendida, deixando meu abraço fraterno e admiração dos meu alunos por ti.
Beijos
Professora Telma Pereira
Envio para os alunos um poema do meu livro Casas:
ResponderExcluirO livro é a casa
onde se descansa
do mundo.
O livro é a casa
do tempo
é a casa de tudo.
Mar e rio
no mesmo fio
água doce e salgada.
O livro é onde
a gente se esconde
em gruta encantada.
Nossa Roseana,eu nem acredito que achei seu blog.Estou muito contente porque,te adoro.
ResponderExcluirUma vez pelo colegio fui a sua casa em Saquarema com as professoras,e aí nós conversamos e eu lhe disse que escrevia poemas também.Mas parei por um longo tempo e agora estou voltando,fiz um blog para poder me expressar e lá escrevo alguns.O blog é uma espécie de livro,onde uso uma personagem.É esse ai´se puder dar uma olhada e me seguir vou ficar muito feliz pois te adoro seu trabalho desde criança.Obrigada.
http://clairemabellemeumundoenadamais.blogspot.com/