Angela, nossa leitora do blog, me pede que conte mais coisas da minha estadia em Abidjan em 1984. Então conto:
No dia 31 de dezembro ouvimos falar de uma festa (sem brancos) onde haveria um grupo famoso de dança se apresentando.mas nesta ocasião eles dançariam entre amigos e não para um grupo de turistas. Eu e Evelyn fomos cedo. Abidjan tinha lugares incríveis, pareciam aldeias. Era um pátio imenso, vários fogões de lenha improvisados e muitas mulheres cozinhando em enormes panelas. Uma delas tinha um bebê tão pequeno amarrado nas costas que quando o retirou do pano para dar o peito quase cabia na palma da sua mão. Eu ficava impressionada com as mães, com apenas um leve movimento do corpo conseguiam retirar o bebê das costas e depois amarrá-los outra vez sem nenhuma ajuda. As horas se passavam, gente chegava, ajudava, varria o pátio. Algumas mulheres sentadas no chão trançavam os cabelos. Os africanos falavam no mínimo 3 linguas: a sua lingua, francês e djoula, a lingua dos mercados, falada por todas as etnias. Eu amava ouvir o som das linguas africanas. A noite caiu , acenderam algumas luzes e os cheiros das panelas era estonteante, tinhamos fome. Meu cunhado chegou. As panelas transbordavam. Comemos uma comida maravilhosa, junto com umas cem pessoas, desconhecidos alegres e amáveis com as "brancas". Eles pensavam que éramos gêmeas e os gêmeos eram muito valorizados na Costa do Marfim. Para frustração geral o grupo de dança não veio, mas alguns homens tocavam tambores. Depois da meia-noite saímos para a aventura de encontrar um táxi.Mergulhamos na cidade e a pequena aldeia dentro de Abidjan com suas imensas panelas fumegantes dorme na minha memória.
E Angela me manda uma linda história sobre os griots:
Os Griots
Depois de um bom jantar, com a lua brilhando, as pessoas de uma aldeia na África antiga podem ouvir o som de um tambor, chocalho, e uma voz que gritava: "Vamos ouvir, vamos ouvir!" Esses foram os sons do griot, o contador de histórias.
Quando eles ouviram o chamado, as crianças sabiam que estavam indo para ouvir uma história maravilhosa, com música e dança e música! Hoje a história seria sobre Anansi, a aranha. Todo mundo adorava Anansi. Anansi podia tecer as teias mais bonitas. Ele foi quem ensinou o povo de Gana como tecer o pano de lama bonito. Anansi teve uma boa esposa, filhos fortes, e muitos amigos. Ele entrou em muita confusão, e usou sua inteligência e poder do humor de escapar.
Houve outras histórias que o povo gostava de ouvir mais e mais. Algumas histórias eram sobre a história da tribo. Algumas eram grandes guerras e batalhas. Algumas eram sobre a vida cotidiana. Não havia linguagem escrita na África antiga. Os narradores acompanhavam a história do povo.
Havia geralmente apenas um contador de histórias por aldeia. Se uma vila tentava roubar um contador de histórias de outra aldeia, era motivo de guerra! Os contadores de histórias foram importantes. Os griots não eram as únicas pessoas que podiam contar uma história. Qualquer um poderia gritar: "Vamos ouvir, vamos ouvir!" Mas os griots eram os "oficiais" contadores de histórias. O griot aldeia não tem que trabalhar nos campos. Sua tarefa era contar histórias.
Leonardo Boff foi conhecer a escola Hermann Muller , onde estive em Joinville. Transcrevo a matéria:
Um sonho VERDE
Escritor Leonardo Boff visita escola em Joinville para conhecer a educação integrada ao meio ambiente que obteve reconhecimento do jornal espanhol “El País”Foi em uma escola com menos de cem alunos no interior de Joinville que Leonardo Boff se deparou com um mundo perfeito, pelo menos no que se refere aos seus livros e sua experiência como teólogo e filósofo. No prédio de poucas salas, onde está a Escola Municipal Hermann Müller, no Rio Bonito, em Pirabeiraba, o escritor se rendeu à delicadeza dos jardins e o interesse prematuro pelo meio ambiente. É a escola dos sonhos, admirou-se.
A visita foi um pedido da diretora da escola, Silvani Aparecida da Silva Almeida. Entre um compromisso e outro da apertada agenda de atividades em Joinville, Boff arrumou alguns minutos na manhã de ontem para conhecer de perto o trabalho educacional que chegou a ser destaque no jornal espanhol “El País”, em janeiro deste ano. Mesmo dispondo de um curto espaço de tempo – o escritor tinha programado um bate-papo com os leitores na Feira do Livro –, a visita acompanhada por alunos de 4ª e 5ª séries e pelo secretário de educação, Marquinhos Fernandes, deixou o defensor da ecologia emocionado.
Recepcionado por música e versos, Boff tomou um café com produtos regionais e frutas organizado pela direção da escola. “É bom ver que eles estão crescendo com uma nova mente e coração, com espírito e amor à natureza. Estes pequenos terão de ser corajosos no futuro por ter uma forma diferente de pensar”, enfatizou.
Boff não só passou seus ensinamentos, deixando um exemplar do livro “Responder Florindo” para o acervo da escola, como também levou bons exemplos para suas próximas publicações. “A escola precisa ser assim, sem paredes, com total interação com as plantas e os animais, e não se voltar apenas para o intelectualismo”, disse.
O projeto de ensino que visa a instigar a contemplação, admiração e respeito das crianças pela natureza foi implantado no Hermann Müller há oito anos. Segundo a diretora, cerca de 70 alunos do ensino fundamental e educação infantil têm aulas integradas ao meio ambiente. “Eles aprendem a plantar e respeitar os bichinhos. Temos um orquidário que as próprias crianças cuidam para depois devolver as plantas desenvolvidas à mata”, afirma.
Além do orquidário, Boff conheceu o Bosque da Leitura e o Jardim Encantado, mas foi nas letras que ele viu o segredo que leva os alunos a terem interesse nato pelo assunto. “Aqui a poesia é uma ferramenta para trabalharmos com a ecologia”, contou Silvani.
quinta-feira, 7 de abril de 2011
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Caramba, eu não sei se falo sobre a sua estadia em Abdijan, ou se falo sobre a visita do escritor Leonardo Boff à Joinville. É muita coisa bonita e rica em um só escrito. São coisas que elevam o nossa alma, que fazem com que a gente fique mais feliz em viver. Mas eu ainda fico com a África no momento. Estou tão maravilhada com a sua experiência e de sua irmã, que dá vontade de comprar uma passagem e viver tudo ou pelo menos algo parecido com o que vocês viveram lá.
ResponderExcluirParece que essa semana se transformou na semana da África.
MUITO BONITO!
Ontem quando você falou em GRIOTS, eu fui pesquisar na INTERNET e encontrei essa história, conto sei lá e passo para você.
Os Griots
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Depois de um bom jantar, com a lua brilhando, as pessoas de uma aldeia na África antiga podem ouvir o som de um tambor, chocalho, e uma voz que gritava: "Vamos ouvir, vamos ouvir!" Esses foram os sons do griot, o contador de histórias.
Quando eles ouviram o chamado, as crianças sabiam que estavam indo para ouvir uma história maravilhosa, com música e dança e música! Hoje a história seria sobre Anansi, a aranha. Todo mundo adorava Anansi. Anansi podia tecer as teias mais bonitas. Ele foi quem ensinou o povo de Gana como tecer o pano de lama bonito. Anansi teve uma boa esposa, filhos fortes, e muitos amigos. Ele entrou em muita confusão, e usou sua inteligência e poder do humor de escapar.
Houve outras histórias que o povo gostava de ouvir mais e mais. Algumas histórias eram sobre a história da tribo. Algumas eram grandes guerras e batalhas. Algumas eram sobre a vida cotidiana. Não havia linguagem escrita na África antiga. Os narradores acompanhavam a história do povo.
Havia geralmente apenas um contador de histórias por aldeia. Se uma vila tentava roubar um contador de histórias de outra aldeia, era motivo de guerra! Os contadores de histórias foram importantes. Os griots não eram as únicas pessoas que podiam contar uma história. Qualquer um poderia gritar: "Vamos ouvir, vamos ouvir!" Mas os griots eram os "oficiais" contadores de histórias. O griot aldeia não tem que trabalhar nos campos. Sua tarefa era contar histórias.
Abraços, africanos, como diz a Maria Neuza.
Angela
Roseana eu peço desculpas por usar o seu BLOG para esse comentário. Depois de tanta coisa bonita que lemos esta semana,nos vemos diante de uma grande tragédia... um verdadeiro serial killer se é assim que se escreve.
ResponderExcluirO que leva um jovem de 23 anos de mal com a vida querendo aplacar a dor do seu coração, assassinar seres inocentes? Segundo a nossa Secretária de Educação ele tirou vidas e o futuro de uma geração.
Eu concordo plenamente.
O rapaz, segundo ela, era ex-aluno. Foi à escola em outro momento e conversou com a professora de sala de leitura, ou seja tinha um relacionamento muito bom com a escola.
Seria tão bom se ele fosse lá para ler uma poesia, mas só DEUS sabe os seus verdadeiros motivos.
Perdão, Roseana, mas eu estou muito mexida com esse fato de hoje. Eu sou professora, fui Diretora de sscola durante 22 anos e estive em contato com esses jovens. É muito triste saber dessas coisas.
Abraços,
Angela
Angela, Juan acaba de escrever sobre a tragédia. Acho que nunca tivemos nada parecido no Brasil estas coisas só aconteciam nos Estados Unidos. Que pena, que tristeza.Acho que a nossa sociedade violenta tem muita responsabilidade.
ResponderExcluirColoquei a tua linda história dos griots no blog, obrigada.
Eu é que agradeço o espaço que você nos oferece. Parece que o ser humano perdeu o direito de estar sempre em contato com belos acontecimentos como os que você narrou nesta semana. Tem sempre um coisa escura no meio para lembrar.
ResponderExcluirEstou realmente muito triste.
Todos os jornalistas dizem a mesma coisa: isso é uma fato comum nos estados Unidos, mas no Brasil?
Com certeza você tem razão: a nossa sociedade violenta tem muita responsabilidade.
Ah! nem sei mais o que falar.
Tenha um bom dia.
Abraços,
Angela
Roseana:lendo sobre suas aventuras em Abidjan me veio a idéia: daria um livro perfeito,escrito por vc!Amo Leonardo Boff e que bom que ele fou a Joinville.Ver de perto aquilo que acreditamos e pregamos é estimulante.Não vi a matéria a que vocês fazem referência:morte na escola brasileira....muito triste....beijos assustados.
ResponderExcluirMaria Neuza, a África é sim apaixonante, vibrante e espero que a guerra civil na Costa do Marfim acabe logo.
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