sexta-feira, 20 de abril de 2012

COMEÇANDO O DIA COM NERUDA

Em 1974 hospedei duas chilenas em minha casa. Elas haviam perdido tudo. Bárbara e Tereza Vicuña, sua mãe e Tatane , a filha da Bárbara, fugiram do Chile para não morrer e por intrincados caminhos chegaram até a minha porta, numa chácara na Tijuca, no Rio de janeiro, onde eu morava. Bárbara foi quem me apresentou Pablo Neruda. Trouxe poucas coisas do Chile , mas entre suas roupas veio um exemplar dos Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada.Vale a pena estudar espanhol para ler Neruda em sua lingua:

SI TÚ ME OLVIDAS

Quiero que sepas
una cosa.

Tú sabes como es esto:
si miro la luna de cristal, la rama roja
del lento otoño en mi ventana,
si toco
junto al fuego
la impalpable ceniza
o el arrugado cuerpo de la leña,
todo me lleva a ti,
como si todo lo que existe,
aromas, luz, metales,
fueran pequeños barcos que navegan
hasta las islas tuyas que me aguardan.
....................................................

O poema continua, é grande e está em Los Versos del Capitán.Tenho uma edição muito bonita da Real Academia Espanhola. Na primeira página leio que Neruda dizia que
" En la casa de la poesía no permanece nada sino lo que fue escrito con sangre para ser escuchado por la sangre". Não há definição mais bela para a poesia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário