terça-feira, 1 de setembro de 2015

DON QUIJOTE

Começo a reler Don Quijote. Em espanhol, numa edição belíssima que ganhamos. Será tarefa para muito tempo.
Em 1998 , quando Juan me convidou para morar com ele em Madrid, ele me disse:
_Mas se quer viver com um espanhol para o resto da vida tem que ler o Don Quijote.
Era inverno na Espanha e eu não poderia aguentar o frio. Então decidi esperar em Visconde de Mauá. Juan me disse que avisaria quando as primeiras folhas nascessem nas árvores. Além do inverno severo, ele não queria que eu visse as árvores sem folhas!
Fui para Visconde de Mauá passar janeiro e fevereiro com o livro em português debaixo do braço. Naquela época ainda não lia fluentemente em espanhol. Na minha casa não tinha luz. Eu não tinha carro nem celular nem telefone. E estava sozinha. Passei dois meses sozinha lendo até a luz acabar. Dormia muito cedo.
Para ter alguma notícia, tinha que descer o vale até uma pousada e ligava para a minha irmã Evelyn.
No começo de março ela me disse: Juan disse que você já pode ir.
Eu havia acabado de ler o Don Quijote. Já podia me casar com um espanhol!
Embarquei no dia 13 de março de 1998 para a maior aventura da minha vida. Pelas mãos do Juan fiquei amiga de Pilar e Saramago, tomei café da manhã com Vargas Llosa!
O livro é uma verdadeira maravilha. Cervantes está além, muito além da sua época. Até da nossa! A sua ironia é impressionante. Mais de quatrocentos anos se passaram e Don Quijote é a metáfora dos que buscam.

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