segunda-feira, 28 de maio de 2012

JARAGUÁ DO SUL

Hoje estou indo para Jaraguá do Sul. Estou radiante pois vou encontrar a minha amiga Silvane, diretora da E.M Hermann Muller de Joinville. Moramos tão longe uma da outra , mas a vida vai fazendo com que nos encontremos sempre. A sua escola é um projeto tão magnífico que quarta-feira ela irá ao Rio gravar uma entrevista para o Canal Futura. Em Jaraguá vou falar de poesia, leitores, da vida.Deve estar muito frio na serra de Santa Catarina!

Ontem vi um dos filmes mais belos da minha vida, presente da Angela para o Clube de Leitura. O filme foi sorteado durante o almoço e Samuel, meu caseiro, ganhou o filme e me emprestou.
TARDES COM MARGUERITTE de Jean Becker, com Gérard Depardieu e Gisèle Casadesus é uma obra prima desde o primeiro segundo até o último. Uma obra prima de delicadeza, amor, esperança no ser humano. E para quem ama literatura é absolutamente imperdível. Recomendo com todas as minhas fibras, músculos, alma e sangue. Além disso a senhora é igualzinha a minha mãe na sua maneira de se vestir e de andar. Minha mãe era modista e o que é a poesia para mim, eram os tecidos para ela, as cores, as formas, as linhas. Terminei de ler um livro belo: El Tiempo entre Costuras, de Maria Dueñas, a história de uma modista na II Guerra e o livro também trouxe minha mãe de volta e o momento feliz em que, criança, eu a acompanhava até as lojas de tecidos.

Maria Clara, leitora do nosso Clube, me manda um poema que escreveu a partir do livro A Trégua, do Primo Levi. É belo:

O judeu errante

 Todo judeu vivo

reza à sorte de ter sobrevivido

a um campo de concentração.

Essa alegria triste os perfilia.


Alvo ambulante,

setas em sua direção apontam:

ali vai um judeu errante pela Terra,

carregado de estrelas.

Entre o solidéu e o solilóquio,

fia as tranças.


 Um judeu não anda nu

- a não ser para a morte.


E se preparam tanto,

são tantas guerras pretextadas,

e bombas pelo interior dos templos implodindo,

que penso nos meninos:


Se lhe dessem por um par de horas o globo,

marcavam um amistoso e jogavam bola.


E as meninas,:


Lhe dessem glebas, de manhã cedinho,

desarmavam a chave da luz elétrica,

arrancavam cercas,

e iam brincar na casa da vizinha.


E no conserto de um desenho novo

no deserto de chão arenoso

(se há jardins milagrosos que por lá vingaram...)

poderiam afinal encontrar-se

sobre a terra dos túmulos de comuns ancestrais.


Todo judeu sobre a Terra erra

ou sonha com liberdade.

-        Pra quando

                      o final da guerra?

Maria Clara


Acho que não terei tempo de escrever lá em Jaraguá. Até quinta!


5 comentários:

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  2. Roseana, o filme que indica com tanto coração é lindo demais, eu também o amo, uma poesia, uma história de amor, doce e tocante. Fico feliz que tenha gostado, e ter indicado assim com tanto amor, uma vez compartilhei o trailer dele em meu facebook.

    Lindo o poema, lindas as lembranças de sua mãe.

    Grande Beijo!

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Caramba, é por essa razão que a minha mãe dizia que a pressa é a inimiga da perfeição.
    Lendo o meu comentário anterior,vi um monte de coisas erradas ... rsrsrsrsrs.
    Mas isso é lastimável.
    Volto a escrevê-lo.

    Realmente é um filme tocante. Penso que todos professores, bem como todas as que se preocupam com o seu semelhante deveriam vê-lo..
    Quanto a sua viagem que ela seja tão bela e enriquecedora como têm sido todas as outras.
    Dê um grande abraço na Diretora Silvane.
    Angela

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