Passado e futuro se encontram: Foi encontrado um mamute congelado mas seu sangue ainda estava líquido. Sou apaixonada pela pré-história, como a maioria das crianças e jovens e cientistas dizem que a partir do sangue podem clonar um mamute. Os cientistas não entendem como o sangue se manteve líquido e talvez descubram , certamente farão estudos exaustivos. Um mamute vivo o que comerá? Uma floresta inteira? E como se sentirá solitário sem alguém da sua espécie para interagir... Mas se nós, humanos, não conseguimos nem preservar os elefantes, o que faremos com um mamute vivo?
sexta-feira, 31 de maio de 2013
quarta-feira, 29 de maio de 2013
PRESENTE DUPLO
Recebi um presente duplo: a poesia do Luciano Bonfim que vive em Sobral , no Ceará e a poesia de Rubens Cunha que vive em Santa Catarina. São belos os poemas dos dois poetas. São poemas fortes, às vezes,cortantes.
Luciano , com seu pequeno livro Aliterar Versos , fabrica haicais com algo de desconstrução, se fosse para fazer uma aproximação com a pintura, me lembraria Picasso:
5/15
Andorinha: abnegada ave,
Corta céu / certeira
Verão vem vindo
7/21
Lascívia: l ' art-pour-l'art?
Alma alcança ares?
Fortuita, fugitiva, fugaz?
Rubens me envia uma coleção de livros mínimos com títulos maravilhosos, eles se desdobram, cada um é um poema, e me diz ele que vinham numa caixa, mas as caixas acabaram.
Escolho um. Paredes:
sou homem de sementes falhas
porém com dedos faustos
capazes de corromper
-ou inaugurar -
alegrias
paredes
pernas
e as demais metáforas da carne
a vida líquida
se molda ao corpo
azul na memória
talvez futuro
o sol gaivota o tempo
em outro lugar
espero
escondo os poros nos porões
meu destino
é disfarçar
às escondiduras da casa
e do corpo
faz tempo que não abro as janelas
e as pernas
faz tempo que não enxergo
pedaços de pecado
cimentam as horas
desvelo o céu
do respeito
até sangrar-me
céu e vulva
a vida acometida em aliteração
promete o gozo baixo
Luciano , com seu pequeno livro Aliterar Versos , fabrica haicais com algo de desconstrução, se fosse para fazer uma aproximação com a pintura, me lembraria Picasso:
5/15
Andorinha: abnegada ave,
Corta céu / certeira
Verão vem vindo
7/21
Lascívia: l ' art-pour-l'art?
Alma alcança ares?
Fortuita, fugitiva, fugaz?
Rubens me envia uma coleção de livros mínimos com títulos maravilhosos, eles se desdobram, cada um é um poema, e me diz ele que vinham numa caixa, mas as caixas acabaram.
Escolho um. Paredes:
sou homem de sementes falhas
porém com dedos faustos
capazes de corromper
-ou inaugurar -
alegrias
paredes
pernas
e as demais metáforas da carne
a vida líquida
se molda ao corpo
azul na memória
talvez futuro
o sol gaivota o tempo
em outro lugar
espero
escondo os poros nos porões
meu destino
é disfarçar
às escondiduras da casa
e do corpo
faz tempo que não abro as janelas
e as pernas
faz tempo que não enxergo
pedaços de pecado
cimentam as horas
desvelo o céu
do respeito
até sangrar-me
céu e vulva
a vida acometida em aliteração
promete o gozo baixo
terça-feira, 28 de maio de 2013
PLANTA CONGELADA
Ontem numa entrevista de 2009, num documentário , a bailarina Tatiana Leskova, na época com 86 anos e lindíssima, disse que enquanto tivesse garra e curiosidade para aprender coisas novas, não envelheceria.
Ontem , lendo o livro Jerusalém,a biografia , de Simon Sebag Montefiore, Cia das Letras, aprendi que a palavra paraíso e seu conceito vem da palavra persa pariadeza que quer dizer céu. E quando pronuncio paraíso não vejo o céu mas sim a palavra me passa a sensação de vivências maravilhosas, temperatura perfeita, perfumes inebriantes de flores e frutas, beleza em estado puro. Como uma palavra que veio do persa pode ficar grávida de tantas maravilhas ?
Hoje leio que no Ártico , com o recuo das geleiras, uma planta congelada adormecida debaixo do gelo, começou a brotar. Como se o tempo não existisse, os 400 anos de congelamento fossem nada, a vida voltou a pulsar.
Ontem , lendo o livro Jerusalém,a biografia , de Simon Sebag Montefiore, Cia das Letras, aprendi que a palavra paraíso e seu conceito vem da palavra persa pariadeza que quer dizer céu. E quando pronuncio paraíso não vejo o céu mas sim a palavra me passa a sensação de vivências maravilhosas, temperatura perfeita, perfumes inebriantes de flores e frutas, beleza em estado puro. Como uma palavra que veio do persa pode ficar grávida de tantas maravilhas ?
Hoje leio que no Ártico , com o recuo das geleiras, uma planta congelada adormecida debaixo do gelo, começou a brotar. Como se o tempo não existisse, os 400 anos de congelamento fossem nada, a vida voltou a pulsar.
segunda-feira, 27 de maio de 2013
SEGUNDA-FEIRA
Por que os dias da semana falam de feira? Eu realmente não sei mas amava as feiras livres na minha infância.
Eunice, minha babá, me levava e ela conhecia todos os feirantes. A parada em cada barraca era obrigatória e enquanto ela conversava eu provava frutas, quebra queixo, doces variados. Eunice era linda, usava uns vestidos justíssimos de rabo de peixe e para todos ela dizia: essa é a minha filha branca. Por onde passava era uma sensação. Eu amava os cheiros e os pregões. Os pregões da minha infância estalavam no ar feito chicote .
Eunice, minha babá, me levava e ela conhecia todos os feirantes. A parada em cada barraca era obrigatória e enquanto ela conversava eu provava frutas, quebra queixo, doces variados. Eunice era linda, usava uns vestidos justíssimos de rabo de peixe e para todos ela dizia: essa é a minha filha branca. Por onde passava era uma sensação. Eu amava os cheiros e os pregões. Os pregões da minha infância estalavam no ar feito chicote .
domingo, 26 de maio de 2013
LIVRARIA DA TRAVESSA
Ontem estive então na Livraria da Travessa no Leblon. Comprei o livro Jerusalém, uma biografia, de Simon SAebag Montefiore, Cia das Letras. Haja fôlego, o livro tem quase 800 páginas! mas parece muito interessante, a história de Jerusalém desde o seu começo com todos os povos que passaram por aí.
Revi duas amigas muito queridas ontem e foi maravilhoso estar com elas. Conheci um dos meus editores, o Francisco, figura linda.
E o motorista do táxi que me levou me perguntou como é que eu aconseguia morar em Saquarema onde não há nada, nem vida noturna, nem livraria, nem vida cultural, bom, é verdade, mas eu amo o silêncio daqui, o barulho do mar, estou cercada de livros, da minha mesa onde escrevo vejo as montanhas , o que mais posso querer? Adoro este quase isolamento, sempre gostei, desde muito jovem. A natureza me abraça, alimenta, acolhe.
Revi duas amigas muito queridas ontem e foi maravilhoso estar com elas. Conheci um dos meus editores, o Francisco, figura linda.
E o motorista do táxi que me levou me perguntou como é que eu aconseguia morar em Saquarema onde não há nada, nem vida noturna, nem livraria, nem vida cultural, bom, é verdade, mas eu amo o silêncio daqui, o barulho do mar, estou cercada de livros, da minha mesa onde escrevo vejo as montanhas , o que mais posso querer? Adoro este quase isolamento, sempre gostei, desde muito jovem. A natureza me abraça, alimenta, acolhe.
sábado, 25 de maio de 2013
LANÇAMENTO
Ontem vi a entrevista da Stella Maris no Globonews literatura, foi linda! Li um artigo magnífico do Umberto Ecco onde ele enfatiza os anos de paz que a Europa está vivendo depois de perder quarenta milhões de pessoas na II Guerra e a geração atual não se dá conta disso, há que preservar esta paz a qualquer custo.
Depois do almoço um táxi virá me buscar para o lançamento do meu novo livro na Livraria da Travessa do Leblon às 17hs. Quem Vê Cara Não Vê Coração , ed. Callis, Instituro Houaiss. É o meu primeiro livro pela Callis e fiquei muito feliz com o resultado. São lindas as ilustrações da Larissa Ribeiro e eu amei fazer os poemas dos ditados populares. Quem quiser me encontrar para trocarmos os corações que vá hoje até a Livraria da Travessa.
sexta-feira, 24 de maio de 2013
TEAR
SONHO:
Se houvesse no mundo um tear para fazer um novo tecido social, nenhum ato de terrorismo ou crueldade seria possível, já que as pessoas estariam tão felizes criando, pintando, dançando, exercendo seus ofícios com uma tal quantidade de amor, que a morte só aconteceria naturalmente. Se os governos investissem nas áreas degradadas do mundo, deste tear sairia um novo mundo. Este é o meu sonho.
Se houvesse no mundo um tear para fazer um novo tecido social, nenhum ato de terrorismo ou crueldade seria possível, já que as pessoas estariam tão felizes criando, pintando, dançando, exercendo seus ofícios com uma tal quantidade de amor, que a morte só aconteceria naturalmente. Se os governos investissem nas áreas degradadas do mundo, deste tear sairia um novo mundo. Este é o meu sonho.
quinta-feira, 23 de maio de 2013
QUEM VÊ CARA NÃO VÊ CORAÇÃO
Sábado é o lançamento do meu livro Quem vê cara não vê coração, ed. Callis, Instituto Houaiss. Na Livraria da Travessa do Leblon. O livro é uma delícia , recolhi vários ditados populares e transforei em poesia. Espero vocês!
QUEM VÊ CARA NÃO VÊ CORAÇÃO
O coração é como flor escondida
no mais escondido jardim do corpo
e navega num mar vermelho
de sangue e sentimentos:
a qualquer momento
ele diz amor.
É possível alcançá-lo
com os olhos,
uma simples palavra,
uma lágrima,
um abraço,
uma carícia.
Às vezes o coração
fecha
as suas portas,
mas com um sopro,
um suspiro,
um vento encantado,
elas se abrem
de par em par.
in Quem vê cara não vê coração, ed. Callis, Instituto Houaiss
QUEM VÊ CARA NÃO VÊ CORAÇÃO
O coração é como flor escondida
no mais escondido jardim do corpo
e navega num mar vermelho
de sangue e sentimentos:
a qualquer momento
ele diz amor.
É possível alcançá-lo
com os olhos,
uma simples palavra,
uma lágrima,
um abraço,
uma carícia.
Às vezes o coração
fecha
as suas portas,
mas com um sopro,
um suspiro,
um vento encantado,
elas se abrem
de par em par.
in Quem vê cara não vê coração, ed. Callis, Instituto Houaiss
quarta-feira, 22 de maio de 2013
FORA DO MUNDO
Fiquei tantos dias fora do mundo. Primeiro em Mauá e depois trabalhando em Resende. Chego em casa e o jornal aberto em cima da mesa só me mostra tragédias e tristezas. Pulo o jornal, escapo do mundo. Olho o mar, escuto ainda a voz do meu neto, ressoa em meus ouvidos. Ele me disse: _ Vovó, não quero que você vá embora porque eu gosto muito de você, gosto nove mil! Nunca havia recebido uma declaração de amor matemática.
Sábado é o lançamento do meu livro Quem Vê Cara Não Vê Coração , ed. Callis, Instituto Houaiss, na Livraria Travessa do Leblon. Espero alguns amigos para não me sentir sozinha!
Sábado é o lançamento do meu livro Quem Vê Cara Não Vê Coração , ed. Callis, Instituto Houaiss, na Livraria Travessa do Leblon. Espero alguns amigos para não me sentir sozinha!
terça-feira, 21 de maio de 2013
CAFÉ DA MANHÃ
Hoje aqui em Resende, tenho um café da manhã com professores. Falar sobre leitura e formação de leitores já se tornou a minha vida. E ao voltar já começo a arrumar a mala para Natal, onde falarei sobre os cinco sentidos e alguns outros. Para 600 professores. Se no passado alguma bola de cristal me dissesse que eu falaria para tanta gente e o mais incrível: as pessoas gostariam, eu não acreditaria. A menina tímida que fui, sempre escondida atrás de um livro, dorme e sonha em alguma caverna dentro de mim.
segunda-feira, 20 de maio de 2013
EM RESENDE
Passei dias esplêndidos em Mauá, dentro da mata. Filhos, irmã, cunhado, meu neto: a família. A família é a minha âncora, a raíz. Nos vemos pouco e estar com cada um e sua história é uma dádiva. Minha nora está grávida e é como se ela derramasse uma luz mágica sobre todos nós.
Hoje trabalho aqui em Resende e amanhã também. Apresento meus livros, converso com leitores, pais, professores.
Hoje trabalho aqui em Resende e amanhã também. Apresento meus livros, converso com leitores, pais, professores.
quarta-feira, 15 de maio de 2013
PRÊMIO
Comecei a escrever o livro Diário da Montanha porque ganhei um caderno lindo de folhas artesanais confeccionadas a partir de plantas, de flores. Estava na minha casinha em Mauá e logo a partir do segundo poema tive a idéia de fazer um diário com o que fosse acontecessendo cada dia, porque sempre alguma coisa está acontecendo. Não pensava em publicar , mas quando já estava com alguns poemas mostrei para a Bia Hetzel que amou e então decidimos fazer o livro e continuei a escrever até que um dia apareceu um arco-iris maravilhoso e quando fiz o poema soube que era o último. O livro nasceu com sorte. Fizemos a sua apresentação no ateliê da minha irmã Evelyn Kligerman com um violinista cigano e logo depois ele ganhou meia página no Prosa e Verso, depois entrou no Catálogo de Bolonha, depois ganhou um Altamente Recomendável da F.N.L.I.J e agora acaba de ganhar o Prêmio de Melhor de Poesia da Fundação. Bia me deu a notícia ontem e claro que acordei várias vezes com fome durante a noite, que é o que acontece comigo quando estou com felicidade sobrando.
Hoje passo o dia com as professoras de Saquarema e amanhã saio às 4:45h para Resende-Mauá. Um encontro com a minha casinha da montanha, com meus filhos e meu neto. Segunda e terça eu e Guga faremos uma participação no Colégio D.Bosco de Resende. Uma conversa com meus leitores e um espetáculo do Livro-Conceryo Caixinha de Música.
Estarei ausente alguns dias. Não se esqueçam de mim!
Hoje passo o dia com as professoras de Saquarema e amanhã saio às 4:45h para Resende-Mauá. Um encontro com a minha casinha da montanha, com meus filhos e meu neto. Segunda e terça eu e Guga faremos uma participação no Colégio D.Bosco de Resende. Uma conversa com meus leitores e um espetáculo do Livro-Conceryo Caixinha de Música.
Estarei ausente alguns dias. Não se esqueçam de mim!
terça-feira, 14 de maio de 2013
CHEIROS&MEMÓRIA
Leio que o olfato é um dos sentidos mais importantes para a fixação da memória. E que um feto já sente cheiros dentro da barriga da mãe. E que um bebê pode encontrar a sua mãe pelo cheiro na escuridão mais profunda.
Os cheiros da nossa infância são muito fortes e indeléveis, deixam uma marca profunda. Alguns cheiros durante as minha gestações também deixaram marcas, por exemplo, o cheiro de folhas secas queimadas na gravidez do meu segundo filho. Meu corpo inteiro rejeitava aquele cheiro, mas quando eu o sinto, vejo a chácara onde morava, parece que estou ali.
O cheiro dos filhos ao longo da vida. Uma vez fui visitar meu filho Guga em São Paulo, ele ainda não estava em casa, combinamos que ele deixaria a chave num determinado lugar. Eu entrei na casa e fui para o seu quarto. Ao sentir o seu cheiro no quarto desmontei. Tantos meses de saudade represada cairam sobre mim.
O cheiro do mato faz com que eu me sinta árvore, me sinta bicho, me sinta um pedaço do universo.
O cheiro da chuva: eu o sinto antes da chuva chegar.
O cheiro do mar, de algas, moluscos, peixes, me deixam louca de alegria.
Meu filho André , Chef de Cozinha, tem cheiro bom de comida.
O cheiro da água sanitária traz de volta uma amiga que tive no primário, na E.P.Francisco Manoel, no Grajaú. Ela se chamava Olga e era muito pobre, eu a amava e suas mãos eram vermelhas e cheiravam a água sanitária pois lavava roupa para toda a família.
O cheiro de quem se ama nos desperta para a vida.
E que cada um traga para si cheiros e memórias.
Os cheiros da nossa infância são muito fortes e indeléveis, deixam uma marca profunda. Alguns cheiros durante as minha gestações também deixaram marcas, por exemplo, o cheiro de folhas secas queimadas na gravidez do meu segundo filho. Meu corpo inteiro rejeitava aquele cheiro, mas quando eu o sinto, vejo a chácara onde morava, parece que estou ali.
O cheiro dos filhos ao longo da vida. Uma vez fui visitar meu filho Guga em São Paulo, ele ainda não estava em casa, combinamos que ele deixaria a chave num determinado lugar. Eu entrei na casa e fui para o seu quarto. Ao sentir o seu cheiro no quarto desmontei. Tantos meses de saudade represada cairam sobre mim.
O cheiro do mato faz com que eu me sinta árvore, me sinta bicho, me sinta um pedaço do universo.
O cheiro da chuva: eu o sinto antes da chuva chegar.
O cheiro do mar, de algas, moluscos, peixes, me deixam louca de alegria.
Meu filho André , Chef de Cozinha, tem cheiro bom de comida.
O cheiro da água sanitária traz de volta uma amiga que tive no primário, na E.P.Francisco Manoel, no Grajaú. Ela se chamava Olga e era muito pobre, eu a amava e suas mãos eram vermelhas e cheiravam a água sanitária pois lavava roupa para toda a família.
O cheiro de quem se ama nos desperta para a vida.
E que cada um traga para si cheiros e memórias.
segunda-feira, 13 de maio de 2013
EUNICE
Eunice foi trabalhar na casa dos meus pais quando eu tinha três meses. Abriu mão da metade da sua vida pessoal para substituir a minha mãe que trabalhava o dia inteiro. Crescemos com a Eunice, foi ela quem nos criou e educou.Quando eu tinha medo durante a noite, ia para a sua cama. Ainda sinto o cheiro dos seus lençóis. Ela ficou comigo até a adolescência dos meus filhos quando se aposentou. Ela já foi embora, deve estar dançando no céu, pois o que mais amava na vida era dançar. Ela deixou dentro de mim sementes fortíssimas de negritude. Precisei conhecer um pedacinho da África, era um chamado. Fui até a Costa do Marfim. Eunice estudou até o quarto ano primário, escrevia e lia muito mal, mas tinha uma fonte inesgotável de humor e sabedoria. E de amor. Quando tive mononucleose aos 17 anos, ela me carregava no colo até o banho. Eunice representa toda uma geração que passou grande parte da vida dentro da casa dos patrões, vivendo esta segunda vida mais do que a sua própria. Neste dia de hoje o maior presente que podemos dar para a imensa população de negros e mestiços que enriqueceu e enriquece cada dia o nosso país, seria uma educação básica de extrema qualidade para compensar a geração da Eunice, a geração dos avós da Eunice, dos bisávós. A avó da Eunice era escrava. Passei muitos domingos na casa da sua mãe em Vila Rosali. Eu amava, cada filho tinha uma casa no terreno, eram tantas crianças para brincar comigo Quando conheci a África, pensei: a casa da mãe da Eunice, Dona Valentina, era África. Além de uma educação básica de qualidade para que possam, por exemplo, cursar medicina numa Universidade pública (o número de negros é ínfimo) a valorização do negro e do mestiço passa pela valorização dos professores com salário digno. Este seria , penso, um grande presente no dia de hoje, quando se rememora a Abolição.
domingo, 12 de maio de 2013
MARROCOS E MESOPOTÂMIA
Ontem vi um documentário maravilhoso sobre o Marrocos . E por coincidência mostravam a filmagem do filme O FÍSICO que lemos no Clube de Leitura. Havia uma cidadezinha de berberes nas margens do deserto absolutamente incrível como se a máquina do tempo nos jogasse para trás , digamos cinco mil anos atrás e isso me leva ao artigo sobre a Mesopotâmia que saiu ontem no jornal O Globo na página de História, sobre a primeira cidade do mundo. Eu já havia lido um livro magnífico sobre a primeira cidade e busco o livro inutilmente na minha estante : desapareceu. Ele falava da independência das mulheres naquela época, naquela cidade.Das torres incríveis, ali foi construída a Torre de Babel da Bíblia, ou pelo menos a sua história foi inspirada nas torres imensas da Mesopotâmia. As mulheres até podiam ter negócios, ter uma taberna! Havia uma carta de uma sacerdotisa pedindo à sua família que não a esquecesse e que lhe enviasse dinheiro, pois ela vivia no templo para rezar por todos. Fiquei louca para ler o livro outra vez mas não o encontro. Mas é muito emocionante saber que há cinco mil anos o homem inventou a primeira cidade e a escrita.
E hoje é Dia das Mães. Não conheço nenhum dia em que a mãe deixe de ser mãe, mas enfim, parece que hoje há que ser mais mãe ainda. Tenho muitas saudades da minha mãe e mesmo morando nas estrelas ela ainda é minha mãe..
E hoje é Dia das Mães. Não conheço nenhum dia em que a mãe deixe de ser mãe, mas enfim, parece que hoje há que ser mais mãe ainda. Tenho muitas saudades da minha mãe e mesmo morando nas estrelas ela ainda é minha mãe..
sábado, 11 de maio de 2013
SOBRE O CÉU E A TERRA
Estou na metade do livro ENTRE O CÉU E A TERRA, um livro de conversas entre o Papa Francisco e o Rabino Skorka de Buenos Aires. O livro é lindo. Em nenhum momento o Rabino ou o Papa se mostram arrogantes ou superiores , nenhum deles se mostra dono da verdade. Conversam sobre tudo num diálogo amável que flui como um rio limpo e amoroso. É a primeira vez na história que um Papa dialoga com um Rabino e isso é emocionante e pode ajudar a fabricar a paz. Pois existem muitas fábricas de guerra, de ódio, de armas. Mas a única fábrica de paz existente é o diálogo, a arte, o amor.
sexta-feira, 10 de maio de 2013
NOS ARES
O Diário da Montanha escapa das minhas mãos e semeia seus poemas. Alexandre Lemos, músico, fez lindas canções com o livro e quer gravar um CD.
Carteira de Identidade, com suas linhas sinuosas que nos conduzem ao centro do ser, escapa das minhas mãos e vira teatro pelas mãos do Jorge Vale e sua Companhia Teatral de Saquarema.
Evelyn Kligerman fez meus haicais em cerâmica.
As crianças da E.M. Hermann Müller de Joinville transformaram minha poesia em flor, plantaram meus poemas no jardim da escola.
E assim os poemas saem da folha do livro ou da tela e se metamorfoseiam em outras artes. E assim meus poemas voam, já que não posso voar.
Carteira de Identidade, com suas linhas sinuosas que nos conduzem ao centro do ser, escapa das minhas mãos e vira teatro pelas mãos do Jorge Vale e sua Companhia Teatral de Saquarema.
Evelyn Kligerman fez meus haicais em cerâmica.
As crianças da E.M. Hermann Müller de Joinville transformaram minha poesia em flor, plantaram meus poemas no jardim da escola.
E assim os poemas saem da folha do livro ou da tela e se metamorfoseiam em outras artes. E assim meus poemas voam, já que não posso voar.
quinta-feira, 9 de maio de 2013
TERÊ
A estadia em Teresópolis foi luminosa, apesar do frio intenso e do dia nublado na segunda-feira. O hotel do Sesc era um luxo, o carinho da Ana da Biblioteca era um casulo, e o encontro com a minha tia e minhas amigas Lucy e Rivka me encheram de mel. Amoçamos todas juntas num lugar esplêndido e comprei uma chaleira branca de ágata, bem da roça, para os chás do Juan. Passei o resto da tarde no hotel lendo o livro do Leminski do começo ao fim, como se lê um romance, fiquei possuída por sua poesia maravilhosa. Então já era noite e o Guga chegou. Saímos para comer e entramos num restaurante que parecia uma leiteria antiga. Foi maravilhoso estarmos os dois juntos, filho e mãe tecendo cumplicidades.
Nosso trabalho , manhã e tarde, num teatro lotado de crianças, foi maravilhoso.
Guga foi embora correndo pois tinha que dar aula à noite em Resende. Eu vi a exposição do Salgado Maranhão, belíssima, maravilhosa. Conheci a biblioteca. Ganhei uma braçada de flores do campo, como amo, delicadeza imensa da Ana. E fui dormir na casa da minha tia. Casa de tia é muito bom. Ontem fomos almoçar na casa da Rivka, novamente todas as amigas juntas, brindando e rindo: estamos vivas!
E cheguei às 18hs em casa, o mar ainda de ressaca e Juan e as gatas , cada um com seu jeito de abraçar.
Nosso trabalho , manhã e tarde, num teatro lotado de crianças, foi maravilhoso.
Guga foi embora correndo pois tinha que dar aula à noite em Resende. Eu vi a exposição do Salgado Maranhão, belíssima, maravilhosa. Conheci a biblioteca. Ganhei uma braçada de flores do campo, como amo, delicadeza imensa da Ana. E fui dormir na casa da minha tia. Casa de tia é muito bom. Ontem fomos almoçar na casa da Rivka, novamente todas as amigas juntas, brindando e rindo: estamos vivas!
E cheguei às 18hs em casa, o mar ainda de ressaca e Juan e as gatas , cada um com seu jeito de abraçar.
domingo, 5 de maio de 2013
MARIANA
Hoje Mariana, minha leitora que pediu um presente especial para sua mãe quando fez aniversário em algum dia de não me lembro que ano, o presente era me conhecer, volta para São Paulo. Ela passou a semana aqui, depois de ter participado do Clube de Leitura. Mariana é em tudo especial e deixa a casa bem vazia. Ela é dançarina e tomara que consiga seguir o seu caminho. Não é nada fácil ser artista. A nossa produção , como a das aranhas que fabricam a teia com a saliva, tem que sair de dentro do corpo e da alma. Somos nosso próprio instrumento. A vida do artista está sujeita a variações de tempo.
Amanhã a seta me diz Teresópolis. Amo a montanha, então estarei em casa.
Amanhã a seta me diz Teresópolis. Amo a montanha, então estarei em casa.
sábado, 4 de maio de 2013
AMOR
Já li tantas vezes que o amor como o conhecemos é uma invenção moderna. Não tenho nenhuma base científica para dizer o oposto, mas acho que o amor de um pelo outro sempre existiu no coração humano. Não acredito que seja uma invenção cultural. O desejo de estar junto, quando o outro é alimento para o corpo e a alma, acho que sempre existiu, desde sempre.
Leio no jornal, no café da manhã, que encontraram os esqueletos de um homem e uma mulher enterrados de mãos dadas, com os rostos virados um para o outro durante a restauração de um convento dominicano em Cluj-Napoca. O jovem casal viveu entre os séculos XV e XVI.
Por que foram enterrados juntos ? Quem eram? O que faziam? Com que sonhavam?
Leio no jornal, no café da manhã, que encontraram os esqueletos de um homem e uma mulher enterrados de mãos dadas, com os rostos virados um para o outro durante a restauração de um convento dominicano em Cluj-Napoca. O jovem casal viveu entre os séculos XV e XVI.
Por que foram enterrados juntos ? Quem eram? O que faziam? Com que sonhavam?
sexta-feira, 3 de maio de 2013
QUEM VÊ CARA NÃ VÊ CORAÇÃO
Recebí meu livro novo Quem Vê Cara Não Vê Coração, uma parceria da ed. Callis e Instituto Houaiss.
Trabalho com ditados populares, eles viraram poemas alegres, divertidos, às vezes cheios de reflexões.Ficou maravilhoso com as ilustrações da Larissa Ribeiro e seu lançamento será na Livraria da Travessa dia 25 de maio às 17hs.
QUEM TUDO QUER TUDO PERDE
Quem tudo quer tudo perde
e entre tantos objetos perdidos
durante a vida,
pentes- colheres-amigos-caramelos,
fotos em preto e branco,
em amarelo,
quem tudo quer tudo perde,
mas também se pode achar
entre os canteiros do quintal
um raio de sol, um girassol
e atrás do horizonte se pode achar
sereias, caravelas e baleias.
Quem tudo quer tudo perde,
mas eu só quero amor.
Trabalho com ditados populares, eles viraram poemas alegres, divertidos, às vezes cheios de reflexões.Ficou maravilhoso com as ilustrações da Larissa Ribeiro e seu lançamento será na Livraria da Travessa dia 25 de maio às 17hs.
QUEM TUDO QUER TUDO PERDE
Quem tudo quer tudo perde
e entre tantos objetos perdidos
durante a vida,
pentes- colheres-amigos-caramelos,
fotos em preto e branco,
em amarelo,
quem tudo quer tudo perde,
mas também se pode achar
entre os canteiros do quintal
um raio de sol, um girassol
e atrás do horizonte se pode achar
sereias, caravelas e baleias.
Quem tudo quer tudo perde,
mas eu só quero amor.
quinta-feira, 2 de maio de 2013
LÁ VEM O LUIS
Lá vem o Luis é um livro lindo que a ed. Leya publicou, que fiz para o meu neto, mas que serve para qualquer criança, basta trocar o nome. Em maio participarei da Feira de Livro na escola do meu neto e a surpresa: sua turma fará uma dramatização do livro. Meu neto tem 3 anos e meio e nunca pude imaginar uma surpresa assim. É como ganhar um arco-iris, uma orquestra de vaga-lumes .
Vou para Teresópolis dia 7 para duas apresentações no Sesc com meu filho Guga Murray. Voltar a Teresópolis é muito forte para mim. Desde que minha mãe morreu não voltei. Durante todo o tempo da sua doença eu ia para lá de duas em duas semanas. Minha mãe amava a cidade, a vista do seu quarto. Ainda tenho minha tia Alice, que é uma fortaleza, almoçaremos juntas.
Para descansar do livro árduo que é o Pós Guerra do Tony Judt, comprei um livro que é um relato da travessia de uma trilha selvagem por uma mulher sozinha nos Estados Unidos. A trilha inteira vai do México ao Canadá. Vamos juntas, já estamos quase no fim de cem dias de árdua caminhada pelo deserto, pela montanha, com sol abrasante, com neve. O livro se chama "Livre" de Cheryl Strayed e é uma história de cura. Tenho também muitas dores para curar e como meu corpo não permite uma travessia verdadeira, caminho junto com Cheryl. Assim é o poder dos livros.
Vou para Teresópolis dia 7 para duas apresentações no Sesc com meu filho Guga Murray. Voltar a Teresópolis é muito forte para mim. Desde que minha mãe morreu não voltei. Durante todo o tempo da sua doença eu ia para lá de duas em duas semanas. Minha mãe amava a cidade, a vista do seu quarto. Ainda tenho minha tia Alice, que é uma fortaleza, almoçaremos juntas.
Para descansar do livro árduo que é o Pós Guerra do Tony Judt, comprei um livro que é um relato da travessia de uma trilha selvagem por uma mulher sozinha nos Estados Unidos. A trilha inteira vai do México ao Canadá. Vamos juntas, já estamos quase no fim de cem dias de árdua caminhada pelo deserto, pela montanha, com sol abrasante, com neve. O livro se chama "Livre" de Cheryl Strayed e é uma história de cura. Tenho também muitas dores para curar e como meu corpo não permite uma travessia verdadeira, caminho junto com Cheryl. Assim é o poder dos livros.
quarta-feira, 1 de maio de 2013
DIA DO TRABALHADOR
No Dia do Trabalhador um pensamento para todos os ofícios do mundo que fazem com que a fábrica do dia possa funcionar: Pão cedinho na padaria, bonde, trem, ônibus em todas as estações e flores nos jardins. E roupa no armário e comida na prateleira e vacinas nos hospitais e telescópios para ver as estrelas, e pontes para atravessar as montanhas e livros para mergulhar, e poemas de amor para oferecer a quem a gente ama.
terça-feira, 30 de abril de 2013
POESIA
Estou finalizando um livro, faltam poucos poemas. Estou começando outro, faltam muitos poemas. O bailarino tem a música e o corpo e o que está dentro do corpo. O pintor tem as cores e o mundo de fora e de dentro, o músico tem as sete notas e o universo, o escultor tem a pedra, o barro, a madeira e as formas que copia ou inventa ou transforma e o poeta tem as palavras e a sua alma. As palavras nas suas mãos como o barro, como a música, o movimento, as cores e as imagens que ele busca num poço profundo.
domingo, 28 de abril de 2013
O FÍSICO
Chegaram cedo ao nosso encontro, Mariana, que viajou toda a noite de
São Paulo para Saquarema e Cristiano e Ana que vieram de
Teresópolis.Agradeço especialmente a presença generosa destes leitores
que vieram de longe. Não veio Ângela do Rio, mas mandou uma linda carta
falando do impacto que a leitura do livro O Físico, do Noah Gordon
provocou em sua vida . E a sala foi se enchendo aos poucos e ficou
lotada. A discussão do livro, riquíssimo em todos os sentidos, foi
quente e maravilhosa. Angela, professora do Osíris, fez um dos
depoimentos mais emocionantes que já presenciei, de como este livro foi
um grande estímulo para a transformação do seu olhar, de como agora ela
sabe que não pode desistir da sua biblioteca, do seu projeto de leitura
na E.M.Osíris aqui em Saquarema. Sou testemunha do seu belíssimo
trabalho. Maria Clara, como sempre, nos traz com a sua leitura
afiadíssima, novos ângulos do livro. Cristiano nos falou dos personagens
como arquétipos. Ressaltamos todos como o autor soube amarrar todos os
pontos, dar muito bem os seus nós de marinheiro urdidor do texto, nada
fica ao acaso, embora não seja histórico, o livro está muito bem
fundamentado. Juan nos falou da presença árabe na Andaluzia, da
superioridade da cultura árabe sobre os europeus e todos destacaram as
diferenças entre a Europa escura, tenebrosa, atrasada, e a Pérsia
luminosa, limpa, refinada, requintada. Foram destacadas as belas
histórias de amizade que permeiam o livro e muitos leitores se
envolveram a tal ponto que acordavam de madrugada para continuar a
leitura do livro! Gil nos falou que foi possuída pelo livro com uma tal
força que agora sim, sabe que é uma leitora. Hélio e Fernando
sublinharam a beleza da cultura árabe, do convívio do judaísmo com o
ilsamismo, o que também foi reforçado por Héctor fazendo um contraponto
com a situação hoje no Oriente Médio. Felipe ressaltou a beleza do
crescimento do livro quando é discutido em conjunto e Ana quer criar um
Clube de Leitura em Teresópolis.
No final lemos os poemas árabes medievais, cada um mais lindo do que o outro, Aline queria se esmerar na pronúncia do seu poeta escolhido e Juan trouxe um poema belíssimo que leu em espanhol.
A surpresa: Mariana, bem escondida dentro da casa (quando os poemas começaram a ser lidos ela sumiu) irrompeu na sala vestida como odalisca e dançou magnificamente, dançarina formada que é em dança do ventre. Ficaram todos de boca aberta e corações na palma da mão. Foi insuperável!
O almoço foi esplêndido: salada de grão de bico, arroz com lentilha coberto com uma camada de cebolas fritas no azeite e quibe de forno. Fiz um pão integral, um com queijo e outro de milho e as sobremesas foram um capítulo maravilhoso: Vanda fez um pavê incrível, parecia uma espuma, Gil trouxe um doce de chocolate crocante indescritível e Hélio e Fernando trouxeram cuscus. Vinho tinto para aumentar a alegria e a temperatura amena, o dia tão azul, tudo à nossa volta era cenário.
E o próximo encontro será no dia 27 de julho na minha casinha em Visconde de Mauá. Para minha surpresa todos amaram a idéia e já irão reservar uma Pousada no Vale do Pavão. Para chegar na minha casinha basta seguir as setas do Babel Restaurante, é lá. Vamos ler A Mocinha do Mercado Central, da Stella Maris Rezende, ed. Globo e poemas do Leminski. Além disso cada um levará um conto das Mil e Uma Noites para prorrogar um pouco este clima oriental que nos encantou.
No final lemos os poemas árabes medievais, cada um mais lindo do que o outro, Aline queria se esmerar na pronúncia do seu poeta escolhido e Juan trouxe um poema belíssimo que leu em espanhol.
A surpresa: Mariana, bem escondida dentro da casa (quando os poemas começaram a ser lidos ela sumiu) irrompeu na sala vestida como odalisca e dançou magnificamente, dançarina formada que é em dança do ventre. Ficaram todos de boca aberta e corações na palma da mão. Foi insuperável!
O almoço foi esplêndido: salada de grão de bico, arroz com lentilha coberto com uma camada de cebolas fritas no azeite e quibe de forno. Fiz um pão integral, um com queijo e outro de milho e as sobremesas foram um capítulo maravilhoso: Vanda fez um pavê incrível, parecia uma espuma, Gil trouxe um doce de chocolate crocante indescritível e Hélio e Fernando trouxeram cuscus. Vinho tinto para aumentar a alegria e a temperatura amena, o dia tão azul, tudo à nossa volta era cenário.
E o próximo encontro será no dia 27 de julho na minha casinha em Visconde de Mauá. Para minha surpresa todos amaram a idéia e já irão reservar uma Pousada no Vale do Pavão. Para chegar na minha casinha basta seguir as setas do Babel Restaurante, é lá. Vamos ler A Mocinha do Mercado Central, da Stella Maris Rezende, ed. Globo e poemas do Leminski. Além disso cada um levará um conto das Mil e Uma Noites para prorrogar um pouco este clima oriental que nos encantou.
sábado, 27 de abril de 2013
ENCONTRO
Hoje é o encontro do nosso Clube de Leitura da Casa Amarela. Levantei às 4hs , ainda está escuro, tomei café e amassei os dois pães para o almoço. Mariana, minha leitora que vem de São Paulo para o encontro deve estar chegando agora na Rodoviária. Vamos discutir O Físico do Noah Gordon e o livro nos traz o Oriente, esta palavra é tão vasta, abarca tantos sonhos, músicas, cheiros, basta pronunciá-la para que eu entre nas Mil e Uma Noites. Houve uma época em que os árabes eram tão refinados que a Europa , suja e rude, parecia estar ainda na Idade da Pedra. Traremos hoje , em nosso encontro, esta época.
Ofereço então aos meus leitores um damasco:
DAMASCO
Um único damasco
me traz o cheiro
do oriente,
suas sedas farfalhantes,
seus oásis escondidos
no coração do deserto,
camelos e dunas,
tesouros ocultos
em grutas e cavernas.
Mastigar um damasco
é percorrer ruelas de cidades
inventadas, perdidas.
in ABECEDÁRIO (POÉTICO) DE FRUTAS, ed. Rovelle
Ofereço então aos meus leitores um damasco:
DAMASCO
Um único damasco
me traz o cheiro
do oriente,
suas sedas farfalhantes,
seus oásis escondidos
no coração do deserto,
camelos e dunas,
tesouros ocultos
em grutas e cavernas.
Mastigar um damasco
é percorrer ruelas de cidades
inventadas, perdidas.
in ABECEDÁRIO (POÉTICO) DE FRUTAS, ed. Rovelle
sexta-feira, 26 de abril de 2013
KLIMT
Há um canal novo na TV paga, o ARTE 1. Ontem vi um documentário alemão maravilhoso sobre Gustav Klimt, uma aula completa, um requinte total. E mostram a sua exposição chegando em Veneza e eu fui a esta exposição, eu estava lá! Fiquei impactadíssima. Vi também um documentário esplêndido sobre Portinari, uma verdadeira maravilha, outro sobre a Angel Viana e outro sobre a Marilyn Monroe. Além de um especial com o Tom Jobim. Tenho vontade de sapatear de alegria! Um canal assim é um sonho e cumpre totalmente a função que a TV deveria ter : educar com arte.
Hoje levantei às 4:30hs e agora o céu explode em todos os tons de rosa. Trabalhar neste estúdio suspenso sobre o mar e da minha janela as montanhas e os telhados, é muita responsabilidade. Daqui é obrigatório que saiam belos poemas. E ontem a lua exatamente sobre a igrejinha, imensa, como se pudesse ser colhida com as mãos! Tanta beleza às vezes me deixa fulminada.
Hoje levantei às 4:30hs e agora o céu explode em todos os tons de rosa. Trabalhar neste estúdio suspenso sobre o mar e da minha janela as montanhas e os telhados, é muita responsabilidade. Daqui é obrigatório que saiam belos poemas. E ontem a lua exatamente sobre a igrejinha, imensa, como se pudesse ser colhida com as mãos! Tanta beleza às vezes me deixa fulminada.
quinta-feira, 25 de abril de 2013
SONS
Leio que no Japão milhares de pessoas vão ouvir a musica do vento num bambuzal gigante. A natureza produz os sons mais maravilhosos e relaxantes.
Fecho os olhos aqui na minha mesa onde escrevo e o canto dos pássaros se mistura ao som do mar numa teia espessa. Todos estes sons me envolvem, acariciam, escrevem poesia na minha pele.
Fecho os olhos aqui na minha mesa onde escrevo e o canto dos pássaros se mistura ao som do mar numa teia espessa. Todos estes sons me envolvem, acariciam, escrevem poesia na minha pele.
quarta-feira, 24 de abril de 2013
Frases Mágicas
O dia começa lindo e muito cedo com nuvens tão coloridas e uma temperatura maravilhosa de vinte graus.
Encomendei ontem um livro de poesia árabe medieval que não chegará a tempo do nosso encontro do Clube de Leitura no dia 27, mas de repente me lembrei de um livro que tenho sobre os árabes na Andaluzia e assim logo no começo do dia encontrei um tesouro, o livro está cheio de poemas belos.
E na minha caixa postal três frases mágicas do grande poeta e crítico Marco Lucchesi sobre meu livro Abecedário (Poético ) de Frutas, ed. Rovelle:
"com as frutas e as flores de sua poesia
Encomendei ontem um livro de poesia árabe medieval que não chegará a tempo do nosso encontro do Clube de Leitura no dia 27, mas de repente me lembrei de um livro que tenho sobre os árabes na Andaluzia e assim logo no começo do dia encontrei um tesouro, o livro está cheio de poemas belos.
E na minha caixa postal três frases mágicas do grande poeta e crítico Marco Lucchesi sobre meu livro Abecedário (Poético ) de Frutas, ed. Rovelle:
"com as frutas e as flores de sua poesia
tudo muito bonito, roseana.
gde abraço e muito obrigado, marco
Hoje tomamos café da manhã sobre uma linda toalha de mesa azul com flores bordadas . A toalha foi feita pela mãe de um aluno da E.M.Hermann Muller em Joinville. Foi uma troca: a criança leu os meus poemas e a mãe , em agradecimento, bordou flores numa toalha como um poema. A poesia assume diferentes formas.
terça-feira, 23 de abril de 2013
BOSQUE DA MAGIA
Buscando poemas medievais árabes para o nosso próximo encontro do Clube de Leitura no dia 27, fiquei arrependida de não ter buscado um livro, mas afinal me enrolei com tantas viagens e outras coisas. Os poucos poemas que conseguí são lindíssimos . Mas tenho o livro do poeta Adonis, poesia árabe contemporânea, que é uma verdadeira maravilha. E a tradução de Michel Sleiman também é uma maravilha.. E agora sim vou comprar um livro de poesia árabe antiga que não chegará a tempo do nosso encontro.
BOSQUE DA MAGIA
Seja:
vieram os pássaros, amalgamaram-se as pedras,
seja:
acordarei as ruas e a noite
e passaremos pela alameda das árvores
os ramos serão malas verdes, e o sonho
travesseiro no entretempo das viagens
onde a manhã persiste estranha
e imprime seu rosto em meus segredos,
seja:
um raio apontou, me chamou uma voz
desde o fim das muralhas...
Adonis, poemas , ed. Cia das Letras
Para o nosso encontro do dia 27 quando será discutido o livro O Físico do Noah Gordon, preparei uma surpresa.
BOSQUE DA MAGIA
Seja:
vieram os pássaros, amalgamaram-se as pedras,
seja:
acordarei as ruas e a noite
e passaremos pela alameda das árvores
os ramos serão malas verdes, e o sonho
travesseiro no entretempo das viagens
onde a manhã persiste estranha
e imprime seu rosto em meus segredos,
seja:
um raio apontou, me chamou uma voz
desde o fim das muralhas...
Adonis, poemas , ed. Cia das Letras
Para o nosso encontro do dia 27 quando será discutido o livro O Físico do Noah Gordon, preparei uma surpresa.
segunda-feira, 22 de abril de 2013
FINAL DO CONTO
Hoje acordei muito cedo. Fiz o almoço às 6hs da manhã, pois tenho que ir ao Rio. E quando abri a porta para olhar o mar, um arco-íris belíssimo nascia do mar. Um presente para ser colhido com os olhos, com o corpo inteiro.
Hoje termino o conto Numa Aldeia Distante do livro Vento Distante da Ed.Escrita Fina:
Começaram todos na aldeia a ter muito medo. Uns diziam que ela andava de madrugada entre os túmulos do cemitério cantando suas estranhas canções e rindo.
Um dia a filha do alfaiate ficou doente. Ela era doce como um bolo de mel, e os aldeões queriam tê-la por algum momento entre os braços , pois seu sorriso iluminava até o rosto de um anjo. Ela até se parecia com um. A menina passara a noite ardendo em febre e de manhã todos já sabiam e buscavam ervas para um chá e unguentos. A mulher chegou de mansinho na casa do alfaiate com suas misteriosas canções. O alfaiate não queria deixá-la entrar: a esta altura todos já sabiam que suas canções matavam e que sua beleza se alimentava do sofrimento e da morte. Mas lá de dentro ouviu a voz da filha: "Deixa, pai, deixa." A mulher entrou com um sorriso e se aproximou da cama da menina. Puxou uma cadeira e sentou-se. Começou a cantar e ia tocar em seus cabelos quando a menina se sentou na cama e disse em voz alta e clara: "Eu sei quem é você e não tenho medo." A mulher empalideceu. A menina levou sua mão até o rosto da mulher e a acariciou, acariciou seus cabelos, seus olhos. A muher deu um grito e saiu correndo. Continuou a correr até chegar à sua casa, abriu a porta, entrou, e no dia seguinte, como a casa se encontrava completamente silenciosa e seu marido viajando, os homens resolveram entrar para ver o que havia acontecido. Ela estava morta em cima da cama, mas não era uma bela mulher. Era uma velha mais velha que o tempo, poderia ter uns 200 anos.Sua pele era como folha seca.
Ela foi enterrada do lado de fora do cemitério e seu marido não voltou para casa. Nunca se soube como foi avisado. Sua casa ficou fechada por muitos anos, o mato a envolveu num manto misterioso. Ninguém queria entrar.
A filhinha do alfaiate ficou boa e, quando perguntavam a ela o que havia feito para destruir o feitiço daquela mulher, ela respondia: eu não sei...
Suspirei ao fim da história. Fechei os olhos. Eu era a menina doente que todos cuidavam. A mãe da Débora apgou a luz. Mal a ouvi sair do quarto. Minha amiga suspirou também. Na casa havia um silêncio espesso. Na neve, um trenó deslizava para dentro dos meus sonhos. Um anjo consuzia o trenó.
FIM
Hoje termino o conto Numa Aldeia Distante do livro Vento Distante da Ed.Escrita Fina:
Começaram todos na aldeia a ter muito medo. Uns diziam que ela andava de madrugada entre os túmulos do cemitério cantando suas estranhas canções e rindo.
Um dia a filha do alfaiate ficou doente. Ela era doce como um bolo de mel, e os aldeões queriam tê-la por algum momento entre os braços , pois seu sorriso iluminava até o rosto de um anjo. Ela até se parecia com um. A menina passara a noite ardendo em febre e de manhã todos já sabiam e buscavam ervas para um chá e unguentos. A mulher chegou de mansinho na casa do alfaiate com suas misteriosas canções. O alfaiate não queria deixá-la entrar: a esta altura todos já sabiam que suas canções matavam e que sua beleza se alimentava do sofrimento e da morte. Mas lá de dentro ouviu a voz da filha: "Deixa, pai, deixa." A mulher entrou com um sorriso e se aproximou da cama da menina. Puxou uma cadeira e sentou-se. Começou a cantar e ia tocar em seus cabelos quando a menina se sentou na cama e disse em voz alta e clara: "Eu sei quem é você e não tenho medo." A mulher empalideceu. A menina levou sua mão até o rosto da mulher e a acariciou, acariciou seus cabelos, seus olhos. A muher deu um grito e saiu correndo. Continuou a correr até chegar à sua casa, abriu a porta, entrou, e no dia seguinte, como a casa se encontrava completamente silenciosa e seu marido viajando, os homens resolveram entrar para ver o que havia acontecido. Ela estava morta em cima da cama, mas não era uma bela mulher. Era uma velha mais velha que o tempo, poderia ter uns 200 anos.Sua pele era como folha seca.
Ela foi enterrada do lado de fora do cemitério e seu marido não voltou para casa. Nunca se soube como foi avisado. Sua casa ficou fechada por muitos anos, o mato a envolveu num manto misterioso. Ninguém queria entrar.
A filhinha do alfaiate ficou boa e, quando perguntavam a ela o que havia feito para destruir o feitiço daquela mulher, ela respondia: eu não sei...
Suspirei ao fim da história. Fechei os olhos. Eu era a menina doente que todos cuidavam. A mãe da Débora apgou a luz. Mal a ouvi sair do quarto. Minha amiga suspirou também. Na casa havia um silêncio espesso. Na neve, um trenó deslizava para dentro dos meus sonhos. Um anjo consuzia o trenó.
FIM
domingo, 21 de abril de 2013
NUMA ALDEIA DISTANTE (Contiuação)
Continuo o conto:
Uma vez, num país muito distante, numa aldeia pobre, vivia um homem que tinha muito dinheiro e uma bela casa. Diziam que ele trabalhava com pedras preciosas. Viajava muito e vivia sozinho. Mas um dia chegou à sua casa uma linda mulher.
Na verdade, ela chegara durante a noite. Era uma noite de lua cheia e a neve brilhava como se fosse feita de diamante polido.
Lobos uivavam ao longe. O único que a vira chegar fora o bobinho da aldeia, que sofria de insônia e vagava noites inteiras mesmo com neve. Pela manhã todos sabiam que durante a madrugada a porta do homem rico , comerciante de pedras preciosas se abrira quando um trenó chegou à sua casa, silencioso como a neve. Nunca se soube que tivessem se casado, mas parecia que sim, pois viviam juntos.
Ela era maravilhosa. Andava pelas ruas de barro cantarolando numa lingua estranha como se andasse nas ruas das mais belas cidades do mundo. Seu cabelo era negro como piche e os olhos de um azul estonteante. Ela era de uma bondade extrema. Onde havia alguém doente lá ia ela cantarolando suas estranhas canções.
Mas logo os habitantes da aldeia se deram conta denque alguma coisa muito maligna e misteriosa estava em curso, pois, cada vez que ela se aproximava da cama de um doente e pousava a mão em sua cabeça ou em sua testa, a pessoa rapidamente piorava e morria, e ela, a bela mulher, se iluminava com esta morte, ficava cada vez mais bonita e radiante.
CONTINUA AMANHÃ
Uma vez, num país muito distante, numa aldeia pobre, vivia um homem que tinha muito dinheiro e uma bela casa. Diziam que ele trabalhava com pedras preciosas. Viajava muito e vivia sozinho. Mas um dia chegou à sua casa uma linda mulher.
Na verdade, ela chegara durante a noite. Era uma noite de lua cheia e a neve brilhava como se fosse feita de diamante polido.
Lobos uivavam ao longe. O único que a vira chegar fora o bobinho da aldeia, que sofria de insônia e vagava noites inteiras mesmo com neve. Pela manhã todos sabiam que durante a madrugada a porta do homem rico , comerciante de pedras preciosas se abrira quando um trenó chegou à sua casa, silencioso como a neve. Nunca se soube que tivessem se casado, mas parecia que sim, pois viviam juntos.
Ela era maravilhosa. Andava pelas ruas de barro cantarolando numa lingua estranha como se andasse nas ruas das mais belas cidades do mundo. Seu cabelo era negro como piche e os olhos de um azul estonteante. Ela era de uma bondade extrema. Onde havia alguém doente lá ia ela cantarolando suas estranhas canções.
Mas logo os habitantes da aldeia se deram conta denque alguma coisa muito maligna e misteriosa estava em curso, pois, cada vez que ela se aproximava da cama de um doente e pousava a mão em sua cabeça ou em sua testa, a pessoa rapidamente piorava e morria, e ela, a bela mulher, se iluminava com esta morte, ficava cada vez mais bonita e radiante.
CONTINUA AMANHÃ
sábado, 20 de abril de 2013
CONTINUAÇÃO DO CONTO
É com grande tristeza que todos assistimos ao sequestro da mente de dois jovens belos e com muita vida pela frente por forças da violência, da destruição em massa. E recomeça o filme que foi quase interrompido a partir de 11 de setembro, é um horrível recomeço. Cuidemos dos nossos filhos, nenhuma ideologia ou religião pode semear a morte e usar jovens como instrumentos da dor..
E continuo conto Numa Aldeia Distante, do livro Vento Distante:
Cheguei para o jantar. Débora me esperava tão feliz quanto eu. Depois de jantrar, fomos para o seu quarto. Sua mãe havia arrumado uma caminha para mim no chão e deixou uma gaveta na cômoda para que eu pudesse guardar minhas coisas. Nos trocamos. Fazia friio e eu adorava meu pijama de flanela azul. Deitei na minha caminha como se fosse um leito de princesa. Saber que minha amiga dormia ao meu lado era um presente maravilhoso. Será que sonharíamos as mesmas coisas?
A mãe da Débora veio dar boa-noite e apagar a luz. No dia seguinte, sábado, poderíamos acordar tarde, não tínhamos aula e ela prometeu nos levar a um parque de diversões.
Débora pediu:
_ Mãe, antes de apagar a luz conta uma história?
_ Qual história você quer?
_ A da mulher que chega num trenó.
Afundei na cama para ouvir. Na minha casa ninguém me contava histórias antes de dormir.
CONTINUA AMANHÃ
E continuo conto Numa Aldeia Distante, do livro Vento Distante:
Cheguei para o jantar. Débora me esperava tão feliz quanto eu. Depois de jantrar, fomos para o seu quarto. Sua mãe havia arrumado uma caminha para mim no chão e deixou uma gaveta na cômoda para que eu pudesse guardar minhas coisas. Nos trocamos. Fazia friio e eu adorava meu pijama de flanela azul. Deitei na minha caminha como se fosse um leito de princesa. Saber que minha amiga dormia ao meu lado era um presente maravilhoso. Será que sonharíamos as mesmas coisas?
A mãe da Débora veio dar boa-noite e apagar a luz. No dia seguinte, sábado, poderíamos acordar tarde, não tínhamos aula e ela prometeu nos levar a um parque de diversões.
Débora pediu:
_ Mãe, antes de apagar a luz conta uma história?
_ Qual história você quer?
_ A da mulher que chega num trenó.
Afundei na cama para ouvir. Na minha casa ninguém me contava histórias antes de dormir.
CONTINUA AMANHÃ
sexta-feira, 19 de abril de 2013
NUMA ALDEIA DISTANTE
Em 2010 publiquei pela ed. Escrita Fina um pequeno livro de contos para jovens, um pouco assombrados, com um tanto de medo : VENTO DISTANTE
Vou reproduzir aos pedaços um dos contos, o meu preferido. Cada dia escreverei algumas linhas:
NUMA ALDEIA DISTANTE
A casa da minha amiga Débora ficava no final da vila, era a última casinha, junto de um banco de pedra. Era linda, com cortinas de renda branca nas janelas, tapetes floridos e duas gatas angorás. A casa estava sempre cheirando a bolos de mel e biscoitos de nata. Dentro da cristaleira da sala sua mãe guardava as suas compotas de frutas. Havia um relogio cuco ali que, de hora em hora, cantava para mim.
Débora sentava ao meu lado na escola e fazíamos tudo juntas, éramos inseparáveis. Nossas mães se conheciam e parecíamos uma grande família.
Às vezes eu levava algumas bonecas e nós duas gostavamos de brincar de teatro com elas - eram ótimas atrizes. Alguns dias eu ficava para almoçar, fazíamos os deveres juntas e, no final da tarde, quase noite, minha mãe me buscava. As duas mães conversavam um pouco, e eu ia embora triste.
Um dia, minha mãe me disse que arrumasse algumas roupas numa sacola, pois eu passaria uma semana na casa da Débora. Meus pais teriam que viajar e já estava tudo combinado.Fiquei radiante, nunca dormia na casa da minha amiga. Separei tudo: cadernos, lápis, um livro que amava - eu já sabia ler.
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CONTINUA AMANHÃ
Vou reproduzir aos pedaços um dos contos, o meu preferido. Cada dia escreverei algumas linhas:
NUMA ALDEIA DISTANTE
A casa da minha amiga Débora ficava no final da vila, era a última casinha, junto de um banco de pedra. Era linda, com cortinas de renda branca nas janelas, tapetes floridos e duas gatas angorás. A casa estava sempre cheirando a bolos de mel e biscoitos de nata. Dentro da cristaleira da sala sua mãe guardava as suas compotas de frutas. Havia um relogio cuco ali que, de hora em hora, cantava para mim.
Débora sentava ao meu lado na escola e fazíamos tudo juntas, éramos inseparáveis. Nossas mães se conheciam e parecíamos uma grande família.
Às vezes eu levava algumas bonecas e nós duas gostavamos de brincar de teatro com elas - eram ótimas atrizes. Alguns dias eu ficava para almoçar, fazíamos os deveres juntas e, no final da tarde, quase noite, minha mãe me buscava. As duas mães conversavam um pouco, e eu ia embora triste.
Um dia, minha mãe me disse que arrumasse algumas roupas numa sacola, pois eu passaria uma semana na casa da Débora. Meus pais teriam que viajar e já estava tudo combinado.Fiquei radiante, nunca dormia na casa da minha amiga. Separei tudo: cadernos, lápis, um livro que amava - eu já sabia ler.
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CONTINUA AMANHÃ
quinta-feira, 18 de abril de 2013
AINDA O MAR
Juan me pergunta: _ O que você acha pior, terrorismo ou guerra?
Acho as duas possibilidades pavorosas e não há nenhuma escolha possível, há que recusar as duas e como no belo poema do Paul Éluard , "Liberté", há que escrever liberdade e paz em todos os lugares, pois as duas palavras caminham juntas.
E como a humanidade é insana eu olho o mar que , indiferente, eterno, fabrica as suas ondas imensas e faz música incessantemente.
CORPO-MAR
Todos os rios, fios de água,
pingos, chuvarada, poços,
mananciais, nascentes,
cachoeiras, deságuam
em meu corpo miúdo,
meu corpo-mar.
Eu, tão terrestre e,
no entanto, navegante
das ondas mais altas.
Do cimo das espumas
grito palavras
embrulhadas em água:
palavras úmidas,
abafadas, quase um eco.
in Poemas para Ler na Escola, ed. Objetiva
Acho as duas possibilidades pavorosas e não há nenhuma escolha possível, há que recusar as duas e como no belo poema do Paul Éluard , "Liberté", há que escrever liberdade e paz em todos os lugares, pois as duas palavras caminham juntas.
E como a humanidade é insana eu olho o mar que , indiferente, eterno, fabrica as suas ondas imensas e faz música incessantemente.
CORPO-MAR
Todos os rios, fios de água,
pingos, chuvarada, poços,
mananciais, nascentes,
cachoeiras, deságuam
em meu corpo miúdo,
meu corpo-mar.
Eu, tão terrestre e,
no entanto, navegante
das ondas mais altas.
Do cimo das espumas
grito palavras
embrulhadas em água:
palavras úmidas,
abafadas, quase um eco.
in Poemas para Ler na Escola, ed. Objetiva
quarta-feira, 17 de abril de 2013
NOTÍCIAS DO MAR
O mar está imenso, de ressaca. Quase apavorante. Olho pela janela do nosso estúdio, aqui sentada, parece que ele vai invadir a casa. Sempre gostei da natureza selvagem, sinto uma espécie de euforia. Não tenho medo. Fico possuída pela beleza.
Na aula de pilates a fisioterapeuta me pergunta: _Você escreve sobre a dor?
Meus poemas, como já escrevi no livro Artes e Ofícios, são pássaros desobedientes e amestrados. Contorno a dor como um barco contorna o penhasco e fico com o que é belo.
Ontem recebemos as minhas editoras da Rovelle, Carolina e Miriam. Adoro cozinhar para os amigos e elas trouxeram pilhas de livros para que eu autografasse. Foi uma tarde lindíssima. Recebemos a visita da Ana Paula, Secretária de Educação de Saquarema. O trabalho da Ana Paula é magnífico, as escolas daqui são maravilhosas e ela me conta: há um novo projeto de leitura: Leitura como matéria obrigatória. Eu já não participo, mas acho que deixei uma semente.
OUVIR ESTRELAS
Mergulhar os ossos
na tinta fresca do universo
apanhar com a boca o voo
dos peixes e pássaros
arrancar da terra as palavras
e guardá-las em algum lugar obscuro
da casa
pegar das estrelas
seu grito de pavor e luz.
in Pássaros do Absurdo, ed. Tchê, esgotado.
Na aula de pilates a fisioterapeuta me pergunta: _Você escreve sobre a dor?
Meus poemas, como já escrevi no livro Artes e Ofícios, são pássaros desobedientes e amestrados. Contorno a dor como um barco contorna o penhasco e fico com o que é belo.
Ontem recebemos as minhas editoras da Rovelle, Carolina e Miriam. Adoro cozinhar para os amigos e elas trouxeram pilhas de livros para que eu autografasse. Foi uma tarde lindíssima. Recebemos a visita da Ana Paula, Secretária de Educação de Saquarema. O trabalho da Ana Paula é magnífico, as escolas daqui são maravilhosas e ela me conta: há um novo projeto de leitura: Leitura como matéria obrigatória. Eu já não participo, mas acho que deixei uma semente.
OUVIR ESTRELAS
Mergulhar os ossos
na tinta fresca do universo
apanhar com a boca o voo
dos peixes e pássaros
arrancar da terra as palavras
e guardá-las em algum lugar obscuro
da casa
pegar das estrelas
seu grito de pavor e luz.
in Pássaros do Absurdo, ed. Tchê, esgotado.
segunda-feira, 15 de abril de 2013
SEGUNDA-FEIRA
Gosto demais da segunda-feira quando parece que entra pela janela um vendaval de coisas para fazer e eu amante das listas já vou enumerando.
Trocar a capa do meu site : às 8hs da manhã já estava aqui o Gabriel , menino maravilhoso, que cuida do meu site para buscar o livro, escolhi uma página do Abecedário (Poético) de Frutas que vai substituir a capa.
Escolhi o livro que me olha desde muito tempo , mas agora estou preparada para a sua leitura: Pós Guerra do historiador Tony Judt . É minha próxima leitura principal, há muitas vias paralelas.
Estes são os itens prazeirosos da minha lista, o resto é muito chato e não vou contar.
Estou escrevendo dois livros novos. Um para criança e outro para adolescente., Digo isso por questões de mercado. Os poemas de ambos os livros podem ser lidos por qualquer leitor. E aguardo meu próximo livro, que sairá pela Callis: "Quem vê cara não vê coração" , já está na gráfica e está lindo, já vi o pdf.
Bia hetzel e Silvia Negreiros, minhas amadas editoras da Manati já devem estar pensando em algum ilustrador (a) para o nosso próximo livro: "Carta na Manga".
E amanhã recebo aqui em casa para o almoço as minhas editoras da Rovelle, Miriam e Carolina Braga que me trazem uma pilha do Abecedário para autografar. Penso na comida e sinto seu cheiro e sabor: farei uma muqueca com farofinha de dendê. Tenho um compartimento na mente só para comidas, é como se fosse uma gaveta sempre entreaberta e vou sentindo sabores e texturas.
Trocar a capa do meu site : às 8hs da manhã já estava aqui o Gabriel , menino maravilhoso, que cuida do meu site para buscar o livro, escolhi uma página do Abecedário (Poético) de Frutas que vai substituir a capa.
Escolhi o livro que me olha desde muito tempo , mas agora estou preparada para a sua leitura: Pós Guerra do historiador Tony Judt . É minha próxima leitura principal, há muitas vias paralelas.
Estes são os itens prazeirosos da minha lista, o resto é muito chato e não vou contar.
Estou escrevendo dois livros novos. Um para criança e outro para adolescente., Digo isso por questões de mercado. Os poemas de ambos os livros podem ser lidos por qualquer leitor. E aguardo meu próximo livro, que sairá pela Callis: "Quem vê cara não vê coração" , já está na gráfica e está lindo, já vi o pdf.
Bia hetzel e Silvia Negreiros, minhas amadas editoras da Manati já devem estar pensando em algum ilustrador (a) para o nosso próximo livro: "Carta na Manga".
E amanhã recebo aqui em casa para o almoço as minhas editoras da Rovelle, Miriam e Carolina Braga que me trazem uma pilha do Abecedário para autografar. Penso na comida e sinto seu cheiro e sabor: farei uma muqueca com farofinha de dendê. Tenho um compartimento na mente só para comidas, é como se fosse uma gaveta sempre entreaberta e vou sentindo sabores e texturas.
domingo, 14 de abril de 2013
POEMAS CHINESES
O mar ruge atrás de mim, o dia está escuro, choveu a noite inteira. Foi muito boa a minha estadia em Brasília, é maravilhoso rever amigos queridos. A Iris, que é sempre uma dádiva. Stella Maris, que foi até a Feira só para me ver e é de uma delicadeza rara, Celso Sisto e Tino Freitas. A minha fala foi para um público pequeno e foi íntima, ninguém queria ir embora! Ontem, ao chegar em casa, parecia que estava entrando numa outra dimensão, num espaço de sonho, me senti flutuando. Estava exausta, completamente.
No final do dia vi na TV5, no programa Thalassa, uma reportagem sobre Istambul e suas várias facetas. Os últimos achados arqueológicos são magníficos, barcos e barcos carregados de ânforas onde antigamente havia mar e era um porto. E meu livro de poemas chineses que pensei que havia deixado no avião, foi encontrado. Na verdade estava no carro que me levou do aeroporto até o hotel e o motorista mandou me entregar. Os poemas são mais do que as ânforas e datam quase da mesma época. São também tesouros arqueológicos, uma maneira de viver, de pensar, há todo um mundo antigo (ano 700) que nos é mostrado. Mas os poemas são como pão fresco, parecem escritos ontem, são lindos.. O poeta está vivo e respira ao meu lado. Muito emocionante:
O TEMPLO NA MONTANHA
Passo a noite
no Templo da Montanha.
Se estender a mão,
posso tocar as estrelas,
mas falar não ouso:
tenho medo de incomodar
os que moram no céu.
Li Bai, in Poemas Clássicos Chineses, ed. LPM Pocket, edição bilingue.
No final do dia vi na TV5, no programa Thalassa, uma reportagem sobre Istambul e suas várias facetas. Os últimos achados arqueológicos são magníficos, barcos e barcos carregados de ânforas onde antigamente havia mar e era um porto. E meu livro de poemas chineses que pensei que havia deixado no avião, foi encontrado. Na verdade estava no carro que me levou do aeroporto até o hotel e o motorista mandou me entregar. Os poemas são mais do que as ânforas e datam quase da mesma época. São também tesouros arqueológicos, uma maneira de viver, de pensar, há todo um mundo antigo (ano 700) que nos é mostrado. Mas os poemas são como pão fresco, parecem escritos ontem, são lindos.. O poeta está vivo e respira ao meu lado. Muito emocionante:
O TEMPLO NA MONTANHA
Passo a noite
no Templo da Montanha.
Se estender a mão,
posso tocar as estrelas,
mas falar não ouso:
tenho medo de incomodar
os que moram no céu.
Li Bai, in Poemas Clássicos Chineses, ed. LPM Pocket, edição bilingue.
sexta-feira, 12 de abril de 2013
BRASÍLIA
A minha passagem por Joinville foi avassaladora. Fortes emoções. Eu e meu filho Guga Murray saímos de Resende na segunda-feira às 14hs e eu já estava bem gripada. Chegamos na casa da Silvane, diretora da E.M.Hermann Müller à meia-noite! Acordei pior, com febre e um mal estar indizível, mas a maravilha que foi o nosso encontro nas duas Escolas Herman Müller me fez aguentar. Parecia que eu estava debaixo de uma cachoeira de amor.
No dia seguinte, na Feira, fiz duas palestras e uma mesa redonda. Guga fez dois Concertos. Ainda conseguimos visitar o balé Bolshoi pelas mãos da Bernadette e tivemos a sorte de assistir a um ensaio de dança contemporânea.
Nas Feiras sempre encontramos amigos, Suzana Vargas, Leo Cunha, Affonso Romano e Marina Colasanti e eu tive a sorte de ter uma mediadora esplêndida, a Thaisa, que me deu um grande suporte afetivo.
Agora estou em Brasília, melhor da gripe mas ainda um pouco cansada. Comprei um livro de poemas chineses, belíssimo e perdi, estou inconsolável.
Hoje só falo à noite e vou dar um pulo na Feira depois do almoço para ver o Celso Sisto.
No café da manhã A Coréia da Norte colocou algumas pedras no meu coração. Vamos torcer para que tudo acabe bem.
Amanhã: casa. Estou mesmo desejando voltar para casa, Juan, as gatas, o mar.
No dia seguinte, na Feira, fiz duas palestras e uma mesa redonda. Guga fez dois Concertos. Ainda conseguimos visitar o balé Bolshoi pelas mãos da Bernadette e tivemos a sorte de assistir a um ensaio de dança contemporânea.
Nas Feiras sempre encontramos amigos, Suzana Vargas, Leo Cunha, Affonso Romano e Marina Colasanti e eu tive a sorte de ter uma mediadora esplêndida, a Thaisa, que me deu um grande suporte afetivo.
Agora estou em Brasília, melhor da gripe mas ainda um pouco cansada. Comprei um livro de poemas chineses, belíssimo e perdi, estou inconsolável.
Hoje só falo à noite e vou dar um pulo na Feira depois do almoço para ver o Celso Sisto.
No café da manhã A Coréia da Norte colocou algumas pedras no meu coração. Vamos torcer para que tudo acabe bem.
Amanhã: casa. Estou mesmo desejando voltar para casa, Juan, as gatas, o mar.
segunda-feira, 8 de abril de 2013
MAUÁ-RESENDE-JOINVILLE
Estou em Resende. Embarco no ônibus das 14:15hs para o Rio e de lá para Joinville.
O lançamento do livro Abecedário (Poético) de frutas, ed. Rovelle, no Centro Cultural Visconde de Mauá no dia 4 foi muito emocionante. Nelson Ayres, um dos grandes músicos do Brasil tocou com meu filho Guga Murray e sua filha Laura Ayres nos envolveu numa torrente de amor e veludo. Todos os amigos da minha juventude estavam lá e a exposiçao das aquarelas da Cláudia Simoes era belíssima.
Agora é soprar um vento bom para que meu livro voe junto com o Diário da Montanha.
O lançamento do livro Abecedário (Poético) de frutas, ed. Rovelle, no Centro Cultural Visconde de Mauá no dia 4 foi muito emocionante. Nelson Ayres, um dos grandes músicos do Brasil tocou com meu filho Guga Murray e sua filha Laura Ayres nos envolveu numa torrente de amor e veludo. Todos os amigos da minha juventude estavam lá e a exposiçao das aquarelas da Cláudia Simoes era belíssima.
Agora é soprar um vento bom para que meu livro voe junto com o Diário da Montanha.
quarta-feira, 3 de abril de 2013
FIO DE LUA&RAIO DE SOL
Estou aqui em Resende, no Babel Escola, e meus filhos André Murray e Dani Keiko já estão na cozinha preparando o coquetel do lançamento amanhã em Visconde de Mauá. É lindo vê-los trabalhando e fico emocionado quando penso todas as mãos amorosas que estão preparando a chegada do meu novo livro Abecedário (Poético) de Frutas.
Ontem eu e minha nora Patricia de Arias assinamos o contrato do livro Fio de Lua&Raio de Sol que escrevemos juntas. Patricia fez os poemas de lua e eu fiz os de sol. O livro sairá pela Ibep Jr em setembro e foi muita coincidência estar aqui para fazer todo o ritual com a Patricia: assinar, ir ao cartório, reconhecer firma, ir ao correio...
Hoje cedinho de manhã li o livro da peça Pequeno Poema Infinito do Lorca pelas mãos e corpo do José Mauro Brant. Fiquei tomada de emoção. Que texto maravilhoso! Nem acredito que fui eu quem traduziu.
Joinville já prepara a minha chegada com o Guga Murray na bagagem. Estou radiante em poder abraçar as crianças da E.M Hermann Müller. Ontem no ônibus me ligaram da Feira de Joinville e me falaram que a procurara era tanta pelo nosso espetáculo que teremos que fazer duas apresentações para 1000 crianças!
E la nave va.
Ontem eu e minha nora Patricia de Arias assinamos o contrato do livro Fio de Lua&Raio de Sol que escrevemos juntas. Patricia fez os poemas de lua e eu fiz os de sol. O livro sairá pela Ibep Jr em setembro e foi muita coincidência estar aqui para fazer todo o ritual com a Patricia: assinar, ir ao cartório, reconhecer firma, ir ao correio...
Hoje cedinho de manhã li o livro da peça Pequeno Poema Infinito do Lorca pelas mãos e corpo do José Mauro Brant. Fiquei tomada de emoção. Que texto maravilhoso! Nem acredito que fui eu quem traduziu.
Joinville já prepara a minha chegada com o Guga Murray na bagagem. Estou radiante em poder abraçar as crianças da E.M Hermann Müller. Ontem no ônibus me ligaram da Feira de Joinville e me falaram que a procurara era tanta pelo nosso espetáculo que teremos que fazer duas apresentações para 1000 crianças!
E la nave va.
segunda-feira, 1 de abril de 2013
ESPAÇO FÍSICO
Semana passada li sobre escolas depredadas no Rio de Janeiro. É muito triste. O espaço físico é importantíssimo para a nossa saúde psíquica, nosso bem estar, nossa auto estima. Escolas esburacadas, com paredes rachadas, quando chove as salas ficam alagadas, o que acontece com as crianças que já trazem de casa tantos problemas? A escola precisa ser uma ilha de bem estar cercada por livros de todos os lados. A escola pode ser pobre mas tem que ser limpa e linda, para a criança saber que ela merece um ambiente leve e acolhedor. Escolas semi destruídas criam alunos tristes e agressivos e o que dizer dos professores espancados por alunos? Há que refletir urgentemente sobre o tema. E achar uma saída, que aliás, é muito simples, mas é um processo.
domingo, 31 de março de 2013
PARA O DOMINGO
Um poema do Salgado Maranhão para o domingo de Páscoa, não fala nada sobre a Páscoa em si, mas sobre a vida, o desejo, o tempo. Afinal nós humanos somos feitos com poeira de estrelas, tempo , memória e desejo. E Páscoa é vida.
QUEM ?
Para que serve esta labuta errônea
do coração ao que jamais se doma?
Quem dá partida à trama do desejo
que se distende ao acaso e ao ensejo
de um domador que dorme com a loucura?
E quem amarra os nós dessa costura
num tecido que o próprio tempo esgarça
como se feito em linhas de fumaça?
Salgado Maranhão in A Cor da Palavra, ed. Imago
QUEM ?
Para que serve esta labuta errônea
do coração ao que jamais se doma?
Quem dá partida à trama do desejo
que se distende ao acaso e ao ensejo
de um domador que dorme com a loucura?
E quem amarra os nós dessa costura
num tecido que o próprio tempo esgarça
como se feito em linhas de fumaça?
Salgado Maranhão in A Cor da Palavra, ed. Imago
sábado, 30 de março de 2013
NO MUNDO DA LUA
Para Joinville me pediram um nome para a minha fala. Escolhi "Estação Lunar" É como se a poesia fosse a casa desejada , não se diz que as crianças e os poetas vivem no mundo da lua?
NO MUNDO DA LUA
Vou inventar uma rua
onde se pinte e borde,
se façla e aconteça
se cante e dance,
se plantem corações...
uma rua onde todos vivam
no mundo da lua.
in No Mundo da Lua, ed. Paulus.
NO MUNDO DA LUA
Vou inventar uma rua
onde se pinte e borde,
se façla e aconteça
se cante e dance,
se plantem corações...
uma rua onde todos vivam
no mundo da lua.
in No Mundo da Lua, ed. Paulus.
sexta-feira, 29 de março de 2013
PARIS A FESTA CONTINUOU
Estou na metade do livro Paris A Festa Continuou (A vida cultural durante a ocupação nazista , 1940-4) de Alan Riding.
Estou impactadíssima. 40 milhões de franceses colaboraram com o nazismo de uma maneira ou de outra. Alguns ativamente, com euforia, outros com seu silêncio. O livro faz um inventário minucioso da vida cultural da cidade e do comportamento de seus grandes artistas. Ficamos sabendo como tantos morreram, tantos sobreviveram, a pilhagem das obras de arte, o frenesi da noite. É uma aula incrível sobre o que o ser humano é capaz de fazer por sua sobrevivência. Eu já havia lido o livro Suite Francesa de Irene Némirovsky escrito em 1942 e publicado apenas em 2004 por sua filha. O livro narra o êxodo parisiense quando os alemães entraram em Paris e é chocante , todos passando por cima de todos, com raras exceções. A norma é sobreviver a qualquer custo, atropelando a ética e a solidariedade. Devemos aproveitar a Páscoa judaica e católica para refletir sobre os limites do ser humano e como seria preciso um salto quântico para que deixassemos de ser humanos, fossemos realmente compassivos e solidários e a bondade fosse a norma. Teríamos que inventar uma nova nomenclatura - ser humano já não serve mais.
Estou impactadíssima. 40 milhões de franceses colaboraram com o nazismo de uma maneira ou de outra. Alguns ativamente, com euforia, outros com seu silêncio. O livro faz um inventário minucioso da vida cultural da cidade e do comportamento de seus grandes artistas. Ficamos sabendo como tantos morreram, tantos sobreviveram, a pilhagem das obras de arte, o frenesi da noite. É uma aula incrível sobre o que o ser humano é capaz de fazer por sua sobrevivência. Eu já havia lido o livro Suite Francesa de Irene Némirovsky escrito em 1942 e publicado apenas em 2004 por sua filha. O livro narra o êxodo parisiense quando os alemães entraram em Paris e é chocante , todos passando por cima de todos, com raras exceções. A norma é sobreviver a qualquer custo, atropelando a ética e a solidariedade. Devemos aproveitar a Páscoa judaica e católica para refletir sobre os limites do ser humano e como seria preciso um salto quântico para que deixassemos de ser humanos, fossemos realmente compassivos e solidários e a bondade fosse a norma. Teríamos que inventar uma nova nomenclatura - ser humano já não serve mais.
quinta-feira, 28 de março de 2013
PÁSCOA
Algumas pessoas me pedem alguma frase sobre a Páscoa. Mas o que é a Páscoa?
Jesus provavelmente estava celebrando a Páscoa Judaica, festa que comemora a libertação dos judeus do Egito. A Páscoa Católica se transformou na Resurreição de Cristo, mas a metáfora é a mesma; LIBERDADE. Na Páscoa judaica a liberdade da servidão. Na Páscoa Católica a liberação da morte. Não me perguntem qual o papel dos ovos de chocolate ou do coelhinho da páscoa. Não sei.Talvez para sublinhar o doce gosto da liberdade.
Jesus provavelmente estava celebrando a Páscoa Judaica, festa que comemora a libertação dos judeus do Egito. A Páscoa Católica se transformou na Resurreição de Cristo, mas a metáfora é a mesma; LIBERDADE. Na Páscoa judaica a liberdade da servidão. Na Páscoa Católica a liberação da morte. Não me perguntem qual o papel dos ovos de chocolate ou do coelhinho da páscoa. Não sei.Talvez para sublinhar o doce gosto da liberdade.
quarta-feira, 27 de março de 2013
A BRUXA DA CASA AMARELA
Recebo uma notícia da Bahia: Caó Cruz Alves, meu parceiro de tantos livros, me entregará as ilustrações do texto A Bruxa da Casa Amarela no final de abril. Passarei as ilustrações para o Gabriel, o menino maravilhoso que cuida do meu site e ele preparará o E-BOOK que estará disponível gratuitamente no meu site para as escolas. O custo é alto e pessoal, mas o resultado é lindo e vale a pena saber que muitas escolas estarão lendo o meu e-book e se deliciando com os desenhos do Caó.
Fechei a minha ida para Natal com meu filho Guga Murray em junho, atuaremos juntos outra vez num Seminário de Leitura. Natal é totalmente mágica para mim porque aí vive a minha sobrinha Júlia, de quem além de tia sou fada madrinha. Além da magia natural da bela cidade.
Minha irmã Evelyn Kligerman e Luis Mérigo, seu marido, ambos ceramistas, fizeram duas placas belíssimas com flores e um poema do meu livro Jardins da Manati, para que eu possa presentear a E.M.Hermann Müller quando for para Joinville . Não há nada que me deixe mais feliz do que dar presentes.
E chegou o outono, para mim a estação da felicidade.
Fechei a minha ida para Natal com meu filho Guga Murray em junho, atuaremos juntos outra vez num Seminário de Leitura. Natal é totalmente mágica para mim porque aí vive a minha sobrinha Júlia, de quem além de tia sou fada madrinha. Além da magia natural da bela cidade.
Minha irmã Evelyn Kligerman e Luis Mérigo, seu marido, ambos ceramistas, fizeram duas placas belíssimas com flores e um poema do meu livro Jardins da Manati, para que eu possa presentear a E.M.Hermann Müller quando for para Joinville . Não há nada que me deixe mais feliz do que dar presentes.
E chegou o outono, para mim a estação da felicidade.
terça-feira, 26 de março de 2013
NOTÍCIAS DO MARANHÃO
A primeira vez que fui a São Luis em 1990, fiquei muito impactada. O Centro Histórico acabava de ser revitalizado e acompanhada por um poeta, William Amorim, participei de um show de Boi, um espetáculo de poesia na rua e fomos ao reggae mas não conseguimos entrar, tanta gente havia. Na minha última ida a São Luis, faz pouco tempo, encontrei o William na minha fala, 23 anos depois e a cidade destruída. O encontro foi emocionante e a tristeza pelos casarões abandonados era imensa.
Agora São Luis entra pela casa em três livros de poesia do poeta Luis Augusto Cassas, que não conheço.Um livro fala de Alcântara e reproduzo um poema que achei muito bonito:
SOUVENIRS
Dorme em toda alma alcantarense
um beco antigo / um anjo barroco
e uma saudade portuguesa
Uma taça de mar
que sirva de oráculo e rota
aos descobrimentos do sublime
Um dia serei ruína
minha memória despencará
das janelas do tempo
Viajante que passa
eterniza o teu momento:
leva do azulejo um pensamento
Cidade de prateleiras vazias
de vidraças vazias
de lembranças vazias
O sol avisa o racionamento
das 6 às 18hs
para manutenção das caldeiras
Diamante cortando a vidraça
o olho de Deus
a atravessa verticalmente.
Luis Augusto Cassas, ed. Imago
Luis Augusto foi muito feliz neste poema. A Alcântara que não conhecí entra pela janela, chega até a minha mesa com todas as suas ruínas , seus ventos, numa taça de mar .
Agora São Luis entra pela casa em três livros de poesia do poeta Luis Augusto Cassas, que não conheço.Um livro fala de Alcântara e reproduzo um poema que achei muito bonito:
SOUVENIRS
Dorme em toda alma alcantarense
um beco antigo / um anjo barroco
e uma saudade portuguesa
Uma taça de mar
que sirva de oráculo e rota
aos descobrimentos do sublime
Um dia serei ruína
minha memória despencará
das janelas do tempo
Viajante que passa
eterniza o teu momento:
leva do azulejo um pensamento
Cidade de prateleiras vazias
de vidraças vazias
de lembranças vazias
O sol avisa o racionamento
das 6 às 18hs
para manutenção das caldeiras
Diamante cortando a vidraça
o olho de Deus
a atravessa verticalmente.
Luis Augusto Cassas, ed. Imago
Luis Augusto foi muito feliz neste poema. A Alcântara que não conhecí entra pela janela, chega até a minha mesa com todas as suas ruínas , seus ventos, numa taça de mar .
segunda-feira, 25 de março de 2013
PAPÉIS
Cheguei na segunda-feira e os papéis me soterram. São pilhas de correspondência , notas fiscais, etc, etc. Mas entre tantas coisas um convite para Natal, quem sabe conseguimos levar o Livro-Concerto com meu filho Guga Murray: fiz a proposta.
A Multi-Rio me telefona e quer um livro meu que está esgotado: No Fim do Arco -Íris com ilustrações do Caó Cruz Alves. Tenho um exemplar, lá vou eu para o correio, o livro tem que estar lá amanhã. Uma rádio ou um jornal de Joinville me faz uma entrevista relâmpago para colher alguma opinião sobre a Feira e agora tenho que descer e fazer o almoço: arroz integral, feijão mulatinho, beringela com cenoura e salada. E começo hoje os pilates com aparelhos depois de anos com a minha fisioterapeuta em casa, tenho que trocar, pois estou com alguns problemas e muita dor.
Ufa, eis a minha segunda-feira, mas... a temperatura está linda e as orquídeas floridas , é um tempo de fertilidade e felicidade, pois sempre há novos nascimentos no fim do arco-íris.
A Multi-Rio me telefona e quer um livro meu que está esgotado: No Fim do Arco -Íris com ilustrações do Caó Cruz Alves. Tenho um exemplar, lá vou eu para o correio, o livro tem que estar lá amanhã. Uma rádio ou um jornal de Joinville me faz uma entrevista relâmpago para colher alguma opinião sobre a Feira e agora tenho que descer e fazer o almoço: arroz integral, feijão mulatinho, beringela com cenoura e salada. E começo hoje os pilates com aparelhos depois de anos com a minha fisioterapeuta em casa, tenho que trocar, pois estou com alguns problemas e muita dor.
Ufa, eis a minha segunda-feira, mas... a temperatura está linda e as orquídeas floridas , é um tempo de fertilidade e felicidade, pois sempre há novos nascimentos no fim do arco-íris.
domingo, 24 de março de 2013
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao Maurício Leite a acolhida tão linda, o seu abraço, seus olhos brilhando cheios de luz, na minha chegada em Luziânia. Maurício, junto com a Secretaria de Educação , conseguiu envolver 800 professores em um Congresso de Leitura, o Conçluz.
Agradeço ter sido acolhida pela escritora Iris junto com meu filho Guga Murray em sua bela casa . Iris nos recebeu com suntuosidade, com afeto de veludo, agradeço os vinhos, os pães, todo o amor que escorre pelas paredes da casa.
Agora em minha própria casa com meus grandes amigos Messias e Kátia passando o final de semana com a gente, agradeço ao universo ter recebido como presente amigos tão lindos e valiosos. Ter o Juan na casa, as gatas, a música do mar, agradeço.
Agradeço ter sido acolhida pela escritora Iris junto com meu filho Guga Murray em sua bela casa . Iris nos recebeu com suntuosidade, com afeto de veludo, agradeço os vinhos, os pães, todo o amor que escorre pelas paredes da casa.
Agora em minha própria casa com meus grandes amigos Messias e Kátia passando o final de semana com a gente, agradeço ao universo ter recebido como presente amigos tão lindos e valiosos. Ter o Juan na casa, as gatas, a música do mar, agradeço.
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