quinta-feira, 19 de setembro de 2013
NEANDERTAIS
Quando tinha uns 8 ou 9 anos, meu irmão, bem mais velho do que eu, me deu um livro maravilhoso e apaixonante. Infelizmente perdi seu nome e o nome do autor. Era uma aventura que se passava na Pré História. Desde então a minha paixão pelos nossos ancestrais nunca se apaga. E quando li a coleção Os filhos da Terra de Jean M.Auel enlouqueci. Os dois primeiros livros, os outros são uma aventura erótica horrorosa, a autora se perdeu. A Ayla, a humana que sobreviveu a um terremoto e vive entre os neandertais., muitas vezes me serve de talismã.. Agora, porque já se sabe a sequencia completa dos genomas, também já sabe que nós nos misturamos com os neandertais.Temos 4% dos seus genes. E uma equipe da UFRGS acaba de descobrir que eles não possuíam uma inteligência inferior ou habilidades inferiores . Então por que desapareceram? A equipe levanta a possibilidade de uma sociedade pequena, muito fechada num meio ambiente muito hostil. Saber que um pedaço de mim foi herdado de uma espécie de homens e mulheres que não existe mais, me deixa muito emocionada.
quarta-feira, 18 de setembro de 2013
AMANHECE
Amanhece. Olho o mar e um pescador solitário recolhe a linha, seu corpo dança e de longe parece um esboço.
Penso na vida como um grande esboço dos nossos desejos. E quando olhamos para trás a vida parece um filme fragmentado onde somos tantos personagens.
Envelheço. Meu corpo é rude, me desobedece, mas sou capaz de caminhar por ruas que percorri na década de 50, minha memória, às vezes, é um falcão amestrado. Há dentro de mim uma geografia intacta de uma cidade que não existe mais.
Olho o mar. A luz já cobriu tudo de um azul-cinza que ainda vai se desdobrar. Lá está o pescador. Com seu corpo recolhe o tempo.
Penso na vida como um grande esboço dos nossos desejos. E quando olhamos para trás a vida parece um filme fragmentado onde somos tantos personagens.
Envelheço. Meu corpo é rude, me desobedece, mas sou capaz de caminhar por ruas que percorri na década de 50, minha memória, às vezes, é um falcão amestrado. Há dentro de mim uma geografia intacta de uma cidade que não existe mais.
Olho o mar. A luz já cobriu tudo de um azul-cinza que ainda vai se desdobrar. Lá está o pescador. Com seu corpo recolhe o tempo.
terça-feira, 17 de setembro de 2013
NO MUNDO DA LUA
SURPRESAS
Este menino tem sempre
cinquenta surpresas nos bolsos:
uma pedrinha encardida que,
diz ele, dá sorte na vida.
Uma bala amassada
que para alguma emergência
ele traz guardada.
Uma viagem de volta ao mundo
em um segundo
e uma entrada (permanente)
para o circo que fica montado
dentro de seu pensamento.
in No Mundo da Lua, ed. Paulus
Este menino tem sempre
cinquenta surpresas nos bolsos:
uma pedrinha encardida que,
diz ele, dá sorte na vida.
Uma bala amassada
que para alguma emergência
ele traz guardada.
Uma viagem de volta ao mundo
em um segundo
e uma entrada (permanente)
para o circo que fica montado
dentro de seu pensamento.
in No Mundo da Lua, ed. Paulus
segunda-feira, 16 de setembro de 2013
DEPOIMENTO DA E.M.HERMANN MÜLLER
Recebo o depoimento mais bonito do mundo, da escola que é a minha paixão, a E.M.Hermann Müller, escola rural de Joinville:
As notas sonoras semeadas a partir de "Caixinha de Música", em abril...resultaram em flores e frutos ao longo do ano!
E para culminar...Um Concerto da
Orquestra Prelúdio de Joinville em nossa escola! Acontecerá em 28 de setembro de 2013 à
partir das 9:20 e será aberto a toda comunidade.
As notas sonoras semeadas a partir de "Caixinha de Música", em abril...resultaram em flores e frutos ao longo do ano!
Muitas foram as atividades desenvolvidas, motivadas pelo brilhante talento de Guga Murray.
Desenvolvemos com os alunos um projeto, com
o objetivo de unir poesia e música, ambos ritmo e movimento, na sala de aula,
assim como a proposta de vocês no livro "Caixinha de Música".
A
turma
multisseriada de 1º e 2º ano, alfabetização, juntamente com a Professora
Silvia, está confeccionando um TAPETE MUSICAL com todas as cantigas
trabalhadas...Além de instrumento de leitura, o tapete acompanhanhará os
alunos em momentos de Roda Musical.
Além disso a construção de uma ÁRVORE MUSICAL tem movimentado com a pais e alunos. Esta árvore abrigará vários
objetos de experimentação sonora como sinos, mensageiros dos ventos e
instrumentos musicais.
Utilizamos ainda os poemas musicas de Vinícius de Moraes como
recurso de alfabetização. Tal projeto será destaque na TV Escola, por ocasião
da programação comemorativa ao centenário de Vinícius de Moraes, que irá ao ar esta semana.
A turma
multisseriada de 3 º, 4º e 5º anos da Professora Rachel, desenvolve uma proposta de ampliação do
repertório cultural e das múltiplas linguagens, e de situações significativas
que permitam o contato entre música e poesia. Algumas atividades desenvolvidas:
confecção de chocalhos, atividades utilizando os próprios instrumentos
confeccionados e decorados pelas crianças; passeio pelo Bosque da leitura e
Jardim encantado, escutando os sons da natureza para a composição de uma
escrita musical; escrita dos sons de algumas histórias; produção textual de
Haikais (minipoemas japoneses) musicados, escritos pelas próprias crianças;
estudo das poesias do Livro “Arca de Noé”. A turma ainda está trabalhando na confecção de seu próprio Livro-concerto!
Muita APRENDIZAGEM, com música, poesia e ALEGRIA!
Feliz pela chegada da primavera...inspirada mais uma vez por POESIA e ...MÚSICA!!
A vocês, toda a nossa Gratidão...sempre!
Abraços poéticos e musicais...
"Família Hermann Müller"
domingo, 15 de setembro de 2013
FESTIVAL PERFEITO
Agradeço profundamente ter estado em Uberaba. Foi um encontro perfeito, uma química impressionante entre os autores. O formato do Festival , pequeno e de altíssima qualidade, me impressionou. Tudo impecável. Foi mesmo inesquecível.
Ouvi o Agualusa falando, música para os sentidos, uma palestra do Breno sobre a história das comidas brasileiras, Leo Cunha e Luiz Antonio Aguar conversando com os adolescentes sobre o que se pode ou não dizer nos livros, uma verdadeira maravilha e a delícia da apresentação da Ana Cláudia Ramos sobre seu último livro. Perdi muita coisa, infelizmente, mas sei que foi tudo incrível. Thiago de Mello fez um festival perfeito. Além do mais Uberaba é linda, a vista do quarto do hotel estonteante, comi muitos pães de queijo, muitos pastéis e bolinhos de arroz (sou fanática pelos três) e fui ao Mercado Municipal onde comprei alguns doces maravilhosos para a sobremesa do almoço do nosso Clube de Leitura da Casa Amarela no dia 21.
Ouvi o Agualusa falando, música para os sentidos, uma palestra do Breno sobre a história das comidas brasileiras, Leo Cunha e Luiz Antonio Aguar conversando com os adolescentes sobre o que se pode ou não dizer nos livros, uma verdadeira maravilha e a delícia da apresentação da Ana Cláudia Ramos sobre seu último livro. Perdi muita coisa, infelizmente, mas sei que foi tudo incrível. Thiago de Mello fez um festival perfeito. Além do mais Uberaba é linda, a vista do quarto do hotel estonteante, comi muitos pães de queijo, muitos pastéis e bolinhos de arroz (sou fanática pelos três) e fui ao Mercado Municipal onde comprei alguns doces maravilhosos para a sobremesa do almoço do nosso Clube de Leitura da Casa Amarela no dia 21.
sexta-feira, 13 de setembro de 2013
QUINTA-FEIRA
Ontem pela manhã fomos, eu, Guga e Eliana até Peiraba, onde há um museu dos dinossauros. O lugar é belo e além do museu há uma antiga estação de trem que nos faz sonhar.
À tarde tive um encontro íntimo, pouca gente e muita emoção. Foi gratificante.
E à noite tivemos uma palestra com Breno Lerner sobre comida brasileira e suas origens,Uma maravilha. Depois saímos todos esfomeados para um encontro na torre do hotel com comidinhas de botequim. Comi pastéis, bolinhos de arroz e ovos de codorna .Alessandra Roscoe, sentada ao meu lado, contava lindas históris sobre seu trabalho.. Acho que desde Pluft, o fantasminha, sou louca por pastéis. Hoje à noite vou falar e Guga vai tocar. E amanhã às cinco da manhã partimos. Uberaba é linda, as pessoas maravilhosas e a Festa Literária interessantissima, com escritores tão incríveis que estou morrendo de medo de subir no palco. É muita ousadia.
À tarde tive um encontro íntimo, pouca gente e muita emoção. Foi gratificante.
E à noite tivemos uma palestra com Breno Lerner sobre comida brasileira e suas origens,Uma maravilha. Depois saímos todos esfomeados para um encontro na torre do hotel com comidinhas de botequim. Comi pastéis, bolinhos de arroz e ovos de codorna .Alessandra Roscoe, sentada ao meu lado, contava lindas históris sobre seu trabalho.. Acho que desde Pluft, o fantasminha, sou louca por pastéis. Hoje à noite vou falar e Guga vai tocar. E amanhã às cinco da manhã partimos. Uberaba é linda, as pessoas maravilhosas e a Festa Literária interessantissima, com escritores tão incríveis que estou morrendo de medo de subir no palco. É muita ousadia.
quinta-feira, 12 de setembro de 2013
UBERABA
Uberaba é linda e fomos magnificamente recebidos. Agualusa fez a abertura com uma fala linda e mansa. E lkeu um conto muito bom. Depois todos os autores foram para a casa quase irreal de tão bela, do Thiago de Mello que nos recebeu num jardim de sonho. Hoje faço uma oficina durante a tarde. Estou feliz.
terça-feira, 10 de setembro de 2013
DE MALA PRONTA
De mala pronta lá vou eu. A sacola de livros dentro da mala. Sou caixeira viajante ou sacoleira? Minha bolsa de pano bordada por alunos de Natal. Com os fios que vão ligando a gente a tantas gentes e lugares. A poesia é o sol e a chuva, adubo para a existência. Volto dia 14, tentarei escrever em Uberaba.
segunda-feira, 9 de setembro de 2013
FESTA II
Juan foi ontem ver a saída da N.Senhora de Nazareth , à noite, na Vila de Saquarema e me conta : havia tanta gente que quase não dava para caminhar. A procissão era belíssima com a imagem da N.Senhora e anjos. Havia tantos fogos quanto no fim do ano. O clima era de festa, alegria, nenhuma violência. Muitas famílias inteiras, algumas mães com bebês sendo amamentados no meio da multidão. Como tenho fobia de muita gente fiquei em casa vendo um filme do Polanski, O Escritor Fantasma. Um bom filme de suspense, fiquei com medo.
A partir de terça-feira estarei em Uberaba para a Feira de Livros. É incrível como as Feiras estão em todo o Brasil, é uma grande alegria. Fui a Uberaba em 2002 e tenho as melhores lembranças. Desta vez levo meu filho Guga. É muito bom, ele cuida de mim. Mas agora o Guga está preparando um novo Livro-Concerto com o livro Fio de Lua & Raio de Sol com poemas da sua mulher Patricia de Arias e meus. Os poemas da minha nora são belíssimos e como ela é professora de teatro, está preparando jogos teatrais para a plateia e assim poderão viajar juntos e com o Luis, meu neto, a tiracolo. Em novembro farão a sua estreia no Sesc Teresópolis. Que o novo Livro-Concerto tenha vida longa.
A partir de terça-feira estarei em Uberaba para a Feira de Livros. É incrível como as Feiras estão em todo o Brasil, é uma grande alegria. Fui a Uberaba em 2002 e tenho as melhores lembranças. Desta vez levo meu filho Guga. É muito bom, ele cuida de mim. Mas agora o Guga está preparando um novo Livro-Concerto com o livro Fio de Lua & Raio de Sol com poemas da sua mulher Patricia de Arias e meus. Os poemas da minha nora são belíssimos e como ela é professora de teatro, está preparando jogos teatrais para a plateia e assim poderão viajar juntos e com o Luis, meu neto, a tiracolo. Em novembro farão a sua estreia no Sesc Teresópolis. Que o novo Livro-Concerto tenha vida longa.
domingo, 8 de setembro de 2013
FESTA
Hoje é a festa de N.S.Nazareth aqui em Saquarema. Já li que depois de Belém é a maior. Saquarema está muito cheia. Não tenho coragem de ir até a vila. Tenho um certo pânico de muita gente. Mas o dia está belíssimo e imagino que as pessoas estão felizes, os barraqueiros vendendo seus produtos, os restaurantes lotados. Desde às 4hs da manhã os fogos arrebentavam o silêncio. Confesso que prefiro Saquarema deserta como uma ilha perdida.
sábado, 7 de setembro de 2013
A MINHA VIDA
Moro num lugar belíssimo, numa cidade muito pequena. E a minha vida é muito simples. Cedinho, hoje, desci ao jardim para abrir a porta do apartamento da minha gata Luna na lavanderia. Ela resmunga, é muito mau humorada. As orquídeas explodiam suas cores , explodiam felicidade. Faço o café e seu cheiro impregna a casa. Leio o jornal e acho que uma intervenção na Síria não resolverá nada, vai complicar a situação . Todos os lugares onde as fronteiras foram criadas artificialmente sem respeitar as etnias, as religiões, as tribos, são um barril de pólvora. Leio um poema belíssimo do Ivan Junqueira. Abro a janela e respiro o mar. Dentro da água , na praia imensa, vejo um adulto e uma criança brincando nas ondas. Deve ser seu pai e me emociono. Pequenas coisas me alimentam. Estou escrevendo um livro novo, poema por poema ele vai se formando. Terminei de ler alguns livros, começo outros, pego alguns ainda inacabados. Cozinho. Penso. Torço para que hoje não haja muita violência nas manifestações. Odeio violência.
Não acredito nem em esquerda nem em direita. Penso que são termos ultrapassados. Acredito na bondade e bem estar das pessoas, acredito em dar oportunidade a todos para que realizassem seus dons e os governos deveriam se preocupar com isso, deveria ser a bússola. Penso que no Brasil todos deveriam se unir para que a população pudesse ter o melhor dos mundos num país tão rico.
E assim é a minha vida, respiro, leio, escrevo, penso, cozinho. Às vezes viajo para conversar com meus leitores. Mas hoje temos praças virtuais onde trocamos nossas ideias e produtos, nossas esperanças e assombros.
Não acredito nem em esquerda nem em direita. Penso que são termos ultrapassados. Acredito na bondade e bem estar das pessoas, acredito em dar oportunidade a todos para que realizassem seus dons e os governos deveriam se preocupar com isso, deveria ser a bússola. Penso que no Brasil todos deveriam se unir para que a população pudesse ter o melhor dos mundos num país tão rico.
E assim é a minha vida, respiro, leio, escrevo, penso, cozinho. Às vezes viajo para conversar com meus leitores. Mas hoje temos praças virtuais onde trocamos nossas ideias e produtos, nossas esperanças e assombros.
sexta-feira, 6 de setembro de 2013
A LUA
Sempre voltamos aos poetas amados. A poesia do Borges é tão bela, filosófica, melancólica. Em qualquer página que abra da antologia que tenho e que de tão velha já se desmancha, seus poemas me tocam, são quase uma dor de tanta beleza. Agora que está saindo o livro Fio de Lua&Raio de Sol com poemas meus e da Patricia de Arias, abro a antologia e seu poema da lua, tão simples e maravilhoso , me toca:
LA LUNA
A Maria Kodama
Hay tanta soledad en ese oro.
La luna de las noches no es la luna
Que vio el primer Adán. Los largos siglos
De la vigília humana la han colmado
De antigo llanto. Mirala. Es tu espejo.
Jorge Luis Borges -Obra Poética
LA LUNA
A Maria Kodama
Hay tanta soledad en ese oro.
La luna de las noches no es la luna
Que vio el primer Adán. Los largos siglos
De la vigília humana la han colmado
De antigo llanto. Mirala. Es tu espejo.
Jorge Luis Borges -Obra Poética
quinta-feira, 5 de setembro de 2013
BICICLETAS
Quando era criança meus pais tinham uma loja no bairro do Grajaú no Rio de Janeiro. Havia um pátio imenso na frente da loja onde eu andava de bicicleta. Quando tinha uns sete anos caí da bicicleta e quebrei os dois dentes da frente que já eram definitivos. Minha mãe me tomou a bicicleta e não pude mais andar. Então nunca mais andei. Aqui em Saquarema onde tantos andam de bicicleta sinto uma tristeza louca por não poder fazer algo tão simples. Mas com a coluna operada e prótese no quadril não tenho coragem de recomeçar , não posso levar nenhuma queda. Então eu também gostaria de ir para Pasárgada porque lá andaria de bicicleta! Mas leio que na Alemanha, para os jovens, os carros não significam mais nada, são um atraso e eles só andam de bicicleta. E como é lindo e silencioso ver uma bicicleta em movimento, como é elegante, não importa o seu condutor. E o vento no rosto, as paisagens como um filme, que no futuro aposentem os carros e inundem as cidades com um mar de bicicletas.
quarta-feira, 4 de setembro de 2013
CHUVA
O que mais estranho em Saquarema, eu que passei tantos anos na montanha, é a falta de chuva. Aqui vivemos num regime semiárido. E o vento castiga o jardim. Estava tudo tão seco, incêndios aqui e ali, que esta noite quando acordei com a música da chuva no telhado, agradeci. Como disse Tom Jobim, "que chuva boa, prazenteira". Além disso há uma certa neblina e eu também agradeço.
Meu filho Guga Murray vai começar a preparar um outro Livro-Concerto com o Fio de Lua&Raio de Sol, que Patricia de Arias, minha nora, fez em parceria comigo. Patricia é professora de teatro e eu já a imagino no palco cantando e fazendo jogos teatrais com o livro e como sonhar é de graça, imagino meu neto Luis indo junto, tocando pandeiro! Somos todos saltimbancos nesta família!
Meu filho Guga Murray vai começar a preparar um outro Livro-Concerto com o Fio de Lua&Raio de Sol, que Patricia de Arias, minha nora, fez em parceria comigo. Patricia é professora de teatro e eu já a imagino no palco cantando e fazendo jogos teatrais com o livro e como sonhar é de graça, imagino meu neto Luis indo junto, tocando pandeiro! Somos todos saltimbancos nesta família!
terça-feira, 3 de setembro de 2013
LUNA
Luna , minha gata persa , já tem 14 anos. É uma linda senhora, um pouco rabugenta. Desde o ano passado que ela dorme em aposentos reservados. Seu apartamento fica no anexo , no fundo do quintal, onde temos a lavanderia e guardamos as ferramentas do jardim. Tudo começou com uma tristeza imensa da Luna, uma depressão e ela fazia suas necessidades por toda a casa. Seu pelo estava horrível e à noite ela nunca queria entrar. Pensei muito, conversei com a veterinária e achamos que seu problema era a Nana. Ela não suportava mais a Nana, nossa gatinha vira-latinha
e suas ridículas brincadeiras. Então fiz uma caminha linda para ela na lavanderia, num cantinho onde ela fica meio escondida, pusemos os potes de comida e água, sua caixa de areia para a noite (nós a fechamos com medo dos gambás) e Luna reviveu. É uma velha senhora mas parece uma mocinha. Passa o dia inteiro deitada no banco azul do jardim e tenho que visitá-la. Ela quase nunca vem nos ver. Nana ficou ofendida e a ignora solenemente. Mas foi uma solução. As duas estão felizes.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013
ORAÇÃO PELA PAZ
Acho lindíssimo o gesto do Papa Francisco de convocar uma oração conjunta pela paz na Síria e no mundo inteiro, todas as religiões na Praça. Não importa a crença, em uníssono clamar pela paz é a maneira mais bela de se sentir humano.Como salvar o homem dele mesmo? Clamando pela bondade, partilha e aceitação do outro. Que as orações cheguem até o centro da Terra, até as galáxias mais distantes. Nada pode substituir a paz para que o pão e o amor cresçam. Na guerra só há morte, sofrimento e ausência.
domingo, 1 de setembro de 2013
MEMÓRIA
O que faz com que alguns fatos tão antigos fiquem gravados em nossa memória? Por que uns são indeléveis e outros se apagam sem deixar vestígios?
Na capa do meu livro Retratos, em nova edição, há uma criança entre 8 e dez anos vestida de bailarina em cima de um banco. Sou eu. Não me lembro deste dia, mas sim do momento em que fiz a foto. Lembro do banco onde tantas vezes brincava, na casa de vila onde vivia a minha avó. Eu estava fantasiada para o carnaval. O que havia nesta menina que ficou em mim?
Na capa do meu livro Retratos, em nova edição, há uma criança entre 8 e dez anos vestida de bailarina em cima de um banco. Sou eu. Não me lembro deste dia, mas sim do momento em que fiz a foto. Lembro do banco onde tantas vezes brincava, na casa de vila onde vivia a minha avó. Eu estava fantasiada para o carnaval. O que havia nesta menina que ficou em mim?
sexta-feira, 30 de agosto de 2013
LIVROS DIGITAIS
Terei meu primeiro livro unicamente digital. É uma reediçao: Pequenos Contos de Leves Assombros e a editora se chama Descaminhos, um nome lindíssimo! Que meu livro encontre um belo descaminho por rotas sinuosas. E a ed. Rovelle escolheu meu livro Abecedário (Poético) de Frutas para ser seu primeiro e-book e estou orgulhosíssima.
Confesso que só consigo ler no papel, preciso do toque e do cheiro, é uma relação sensual que não tenho com a tela. Imagino que que o papel será um dia o que foi o pergaminho, mas já estarei passeando pelas estrelas quando isto acontecer. De qualquer maneira já tenho um e-book lindo no meu site e estou esperando a finalização do texto A Bruxa da Casa Amarela pelo Caó Cruz Alves para ter um e-book infantil.
Confesso que só consigo ler no papel, preciso do toque e do cheiro, é uma relação sensual que não tenho com a tela. Imagino que que o papel será um dia o que foi o pergaminho, mas já estarei passeando pelas estrelas quando isto acontecer. De qualquer maneira já tenho um e-book lindo no meu site e estou esperando a finalização do texto A Bruxa da Casa Amarela pelo Caó Cruz Alves para ter um e-book infantil.
quinta-feira, 29 de agosto de 2013
SAQUAREMA
Cheguei em casa de Mauá-Resende. Como é subjetivo o tempo. Parece que fiquei longe meses, parece que voltei de outro planeta! Faz frio, o canto do mar é quase um acalanto. E agora é recomeçar. Puxar novamente o fio do meu cotidiano, dos textos que me esperam.
terça-feira, 27 de agosto de 2013
EM RESENDE
Estou em Resende com meus filhos e neto. Gosto da cidade, suas casinhas, seus recantos, a parte velha,, o rio Paraíba do Sul, belo e sinuoso. Algumas ruas bem antigas possuem lojinhas fantásticas, parece que viramos a esquina e entramos na década de 40.
Ontem comprei uma fantasia para o Luis de algum Super-Herói (não conheço os nomes) e a sua felicidade era a coisa mais linda de se ver. Ao chegarmos em casa ele se vestiu inteiro, empunhou a sua espada e como um cavaleiro medieval estava pronto para me defender de todos os males.
Ontem comprei uma fantasia para o Luis de algum Super-Herói (não conheço os nomes) e a sua felicidade era a coisa mais linda de se ver. Ao chegarmos em casa ele se vestiu inteiro, empunhou a sua espada e como um cavaleiro medieval estava pronto para me defender de todos os males.
quinta-feira, 22 de agosto de 2013
VIAGEM
Mudei minha data da viagem para Mauá. Estou indo amanhã cedinho e ficarei uns dias ausente do blog. Até a volta.
VIAGENS À VISTA
Tenho duas viagens no horizonte. Dia 11 vou para Uberaba, para a Feira de Livros. Vou fazer uma oficina, a "Estação Lunar", vou dar uma palestra, "Os cinco sentidos e alguns outros" e Guga Murray, meu filho , fará seu Livro-Concerto Caixinha de Música. (Guga estará apresentando seu concerto na Bienal do Rio dia 1 de setembro, pela manhã e à tarde).
Mas antes vou para Resende-Mauá, semana que vem , ao aniversário do meu neto Luis. Sua festa será na escola e estamos os dois super ansiosos! Ele me conta pelo telefone que já sabe qual presente quer ganhar e sabe onde comprar. É um super herói e eu sou a Super-Vovó! Luis gosta de brincar de homem aranha e fica me enredando em teias imaginárias e eu amarro o meu neto bem forte numa teia de amor!
Mas antes vou para Resende-Mauá, semana que vem , ao aniversário do meu neto Luis. Sua festa será na escola e estamos os dois super ansiosos! Ele me conta pelo telefone que já sabe qual presente quer ganhar e sabe onde comprar. É um super herói e eu sou a Super-Vovó! Luis gosta de brincar de homem aranha e fica me enredando em teias imaginárias e eu amarro o meu neto bem forte numa teia de amor!
quarta-feira, 21 de agosto de 2013
MEU PRIMEIRO AMOR
Meu primeiro amor foi Peter Pan. Eu tinha muitos ciúmes da Wendy. Um amor que durou anos. Quando fiquei um pouco maior tive outros amores literários até chegar um primeiro amor de carne e osso. O primeiro amor do Bandeira foi um porquinho da índia e o poema me enche de ternura:
PORQUINHO-DA-ÍNDIA
Quando eu tinha seis anos
Ganhei um porquinho da índia.
Que dor de coraçao me dava
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
Levava ele pra sala
Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos
Ele não gostava:
Queria era estar debaixo do fogão.
Nao fazia caso nenhum das minhas ternurinhas...
_ O meu porquinho-da-índia foi a minha primeira namorada.
PORQUINHO-DA-ÍNDIA
Quando eu tinha seis anos
Ganhei um porquinho da índia.
Que dor de coraçao me dava
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
Levava ele pra sala
Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos
Ele não gostava:
Queria era estar debaixo do fogão.
Nao fazia caso nenhum das minhas ternurinhas...
_ O meu porquinho-da-índia foi a minha primeira namorada.
terça-feira, 20 de agosto de 2013
POEMAS E POETAS
Desde criança escrevia sem saber que mais tarde seria poeta. Quando era criança gostava de ler revistas de terror e eu mesma escrevia pequenos contos de terror. Não sei como explico isso! No Ginásio Hebreu Brasileiro escrevia uns textos bem poéticos e lia no banheiro para as minhas amigas. Quando eu terminava de ler havia um silêncio emocionado. Já contei isso muitas vezes: foi o encontro com o Poema Sujo do Gullar e com o livro Gravitations do Jules Supervielle tive coragem de escrever poemas. Mas o que é um poeta e para que serve a poesia?
Responde Manoel de Barros:
DESPALAVRA
Hoje eu atingi o reino das imagens, o reino da
despalavra.
Daqui vem que todas as coisas podem ter qualidades
humanas.
Daqui vem que todas as coisas podem ter qualidades
de sapo.
Daqui vem que todos os poetas podem ter qualidades
de árvore.
Daqui vem que os poetas podem arborizar os pássaros.
Daqui vem que os poetas podem humanizar
as águas.
Daqui vem que os poetas devem aumentar o mundo
com as suas metáforas.
Que os poetas podem ser pré-coisas, pré-vermes,
podem ser pré-musgos.
Daqui vem que os poetas podem compreender
o mundo sem conceitos.
Que os poetas podem refazer o mundo por imagens,
por eflúvios, por afeto.
in Ensaios Fotográficos, ed. Record
Então a poesia e os poetas servem para refazer o mundo cada dia.
Responde Manoel de Barros:
DESPALAVRA
Hoje eu atingi o reino das imagens, o reino da
despalavra.
Daqui vem que todas as coisas podem ter qualidades
humanas.
Daqui vem que todas as coisas podem ter qualidades
de sapo.
Daqui vem que todos os poetas podem ter qualidades
de árvore.
Daqui vem que os poetas podem arborizar os pássaros.
Daqui vem que os poetas podem humanizar
as águas.
Daqui vem que os poetas devem aumentar o mundo
com as suas metáforas.
Que os poetas podem ser pré-coisas, pré-vermes,
podem ser pré-musgos.
Daqui vem que os poetas podem compreender
o mundo sem conceitos.
Que os poetas podem refazer o mundo por imagens,
por eflúvios, por afeto.
in Ensaios Fotográficos, ed. Record
Então a poesia e os poetas servem para refazer o mundo cada dia.
segunda-feira, 19 de agosto de 2013
POETA DO MAR
Gloria Kirinus, minha amiga poeta peruana curitibana vai dar uma oficina sobre poetas do mar e me colocou em seu acervo. Fiquei vaidosa.. Desde que moro em Saquarema o mar entrou por minha poesia , pelas portas, janelas, por todas as frestas. Meu coração lateja junto com o mar. Acho que tenho cheiro de algas e anêmonas. Mas ao mesmo tempo sou árvore. Consigo conciliar o mar e a floresta : os dois me habitam.
sábado, 17 de agosto de 2013
A CASA AMARELA
Ontem, aqui em Saquarema, quando saia do Pilates, alguém gritou meu nome. Eu não a conhecia, mas ela sim e me perguntou: _Onde é a Casa Amarela? Já fui a todos os lugares, a todas as Secretarias e ninguém sabe! Queria levar minha filha de 10 anos até a Casa Amarela, pois ela ama ler e é tua fã.
Respondi que a Casa Amarela é a minha casa e que meus leitores são sempre bem recebidos.
Aproveito para confirmar o encontro do Clube de Leitura da Casa Amarela no dia 21 de setembro às 11hs. O livro: A Catedral do Mar de Ildefonso Falcones, ed. Rocco e poemas do Lorca.
Respondi que a Casa Amarela é a minha casa e que meus leitores são sempre bem recebidos.
Aproveito para confirmar o encontro do Clube de Leitura da Casa Amarela no dia 21 de setembro às 11hs. O livro: A Catedral do Mar de Ildefonso Falcones, ed. Rocco e poemas do Lorca.
sexta-feira, 16 de agosto de 2013
PRIMAVERA
A primavera árabe entrou por um caminho tortuoso, escuro, desembocou numa guerra civil. O que será do Egito? Nossas manifestações terminam em violência gratuita, quebradeira, tudo muito longe de uma primavera. Não há saída para nós, humanos? Será tão difícil amar a paz? O que se constrói com violência? Na Colômbia os índices terríveis de assassinato foram diminuídos de maneira impressionante com cultura e arte, com as Bibliotecas Parque. Acredito na transformação pela arte e literatura. Precisamos acreditar que não existe nenhuma razão para que uma linha de pensamento subjugue outra diferente. Que diferentes podem conviver em harmonia e respeito, com suas crenças ideológicas e religiosas. Se isso for possível algum dia, não haverá motivo para a destruição.Será que para isso nosso DNA terá que ser modificado?
quinta-feira, 15 de agosto de 2013
RETRATO D MAR
Haicai em preto e branco do mar hoje, aqui em Saquarema:
cinza preto e chumbo
com suas ondas gigantes
o mar grita espuma
cinza preto e chumbo
com suas ondas gigantes
o mar grita espuma
quarta-feira, 14 de agosto de 2013
FERRAMENTAS ANTIGAS
Sou apaixonada pelos neandertais e seu grande enigma. Por que desapareceram? Porque não puderam conviver com os humanos que somos? Não há vestígios de que tenha havido nenhum massacre. Simplesmente sumiram e nós ficamos. Agora arqueólogos encontraram ferramentas dos neandertais de cinquenta mil anos e a evidência de que ou nós copiamos estas ferramentas ou houve uma troca de informações e eles copiaram as ferramentas.Elas foram encontradas num lugar exclusivamente neandertal sem nenhum vestígio humano.
terça-feira, 13 de agosto de 2013
TERAPIA DA FLORESTA
Leio na Revista Amanhã do O Globo que o Japão criou uma "Terapia da Floresta" e vem investindo ao longo dos anos uma verba significativa para criar bosques onde as pessoas possam passear para recuperar bem estar e felicidade, já que a ciência afirma que o contato direto com a natureza reduz a pressão, o estresse e eleva a imunidade. Se uma pessoa não pode caminhar num bosque deve ter plantas em casa, elas acalmam e sem saber interagimos com elas e alguma magia acontece.
Em Saquarema convivo com o mar e sua música já entrou em meu fluxo sanguíneo. Em Visconde de Mauá minha casinha fica dentro da mata e não há nada que eu goste mais no mundo do que ser abraçada pelas árvores. Não posso viver longe da natureza , como uma planta sem água, eu não resistiria.
Em Saquarema convivo com o mar e sua música já entrou em meu fluxo sanguíneo. Em Visconde de Mauá minha casinha fica dentro da mata e não há nada que eu goste mais no mundo do que ser abraçada pelas árvores. Não posso viver longe da natureza , como uma planta sem água, eu não resistiria.
segunda-feira, 12 de agosto de 2013
NA COZINHA
Hoje chega visita da Espanha. Hoje sou uma poeta-cozinheira. Adoro cozinhar. Quando estou nervosa, agitada, faço muitos pratos para me acalmar. Fiz um pão bem cedo, agora está no forno. Preparei um caldo de camarão, está no fogo. E farei um arroz com este caldo, uma moqueca com dourado, lula e camarão e farofinha de dendê. O sudoeste foi embora, mas ainda está nublado, a temperatura está linda.
A casa adora receber visitas, ela se anima, fala, estala. E a casa já está muito perfumada, da cozinha os cheiros escapam e invadem o estúdio onde escrevo.
A casa adora receber visitas, ela se anima, fala, estala. E a casa já está muito perfumada, da cozinha os cheiros escapam e invadem o estúdio onde escrevo.
domingo, 11 de agosto de 2013
SUDOESTE
Acordei hoje com o sudoeste tentando fazer com que a casa levantasse voo. O dia está escuro, o mar derrama preto e branco em meus olhos. Gosto do cheiro de algas com sal.
Hoje é dia dos Pais, mas penso em meu pai todos os dias! Meu pai me deixou de herança um certo jeito de olhar a vida e um grande senso de justiça. Às vezes eu o vejo em meu filho mais velho, eles se parecem . Ele era tímido em relação ao seu passado, não gostava de nos contar quase nada. Dizia que passou muito frio e fome na Polônia. Por sorte veio antes da Segunda Guerra. Ele era alegre e triste ao mesmo tempo. Foi embora com sua gargalhada única, suas lindas mãos, seu jeito de me chamar, acho que em 1985, não tenho certeza. Mas parece que nunca foi embora.
Hoje é dia dos Pais, mas penso em meu pai todos os dias! Meu pai me deixou de herança um certo jeito de olhar a vida e um grande senso de justiça. Às vezes eu o vejo em meu filho mais velho, eles se parecem . Ele era tímido em relação ao seu passado, não gostava de nos contar quase nada. Dizia que passou muito frio e fome na Polônia. Por sorte veio antes da Segunda Guerra. Ele era alegre e triste ao mesmo tempo. Foi embora com sua gargalhada única, suas lindas mãos, seu jeito de me chamar, acho que em 1985, não tenho certeza. Mas parece que nunca foi embora.
sábado, 10 de agosto de 2013
SÀBADO
Porque hoje é sábado, como dizia o poeta, vou tomar café da manhã na zona rural de Saquarema, num sítio às margens da lagoa, um lugar luxuriante. Meus amigos me convidaram e aceitei feliz da vida. Saquarema é linda quando a gente se adentra , um pouco longe do mar. Já saboreio a mesa farta de frutas e beleza.
sexta-feira, 9 de agosto de 2013
A MAÇÃ DO PARAÍSO
Cada leitor, a cada livro, morde a maçã do paraíso e é expulso: da comodidade, do não pensamento. E a sua maldição é saber da dor do mundo, de outras vidas, outras histórias, é mergulhar num tempo que pode ser feito de todos os tempos. A formação do leitor deveria ser prioridade em todas as escolas . Um bom leitor tem ferramentas para se defender de um pensamento único, dos fundamentalismos. Um bom leitor sabe que as armadilhas nos espreitam a cada passo, por isso temos que ler as lacunas, as entrelinhas.É difícil manipular um bom leitor. Um bom leitor se destaca do rebanho. Leia junto com os amigos, os filhos, os alunos. A leitura compartilhada fortalece os laços de afeto e nos torna mais abertos para recebermos as histórias do outro..
quinta-feira, 8 de agosto de 2013
FOLHA EM BRANCO
Na folha em branco posso escrever a beleza deste dia, a música do mar, meu neto Luis de 3 anos que me diz quando tiro os óculos: _ "Vovó não tire os óculos porque você fica um pouco feia".e posso escrever o horror : um espanhol morre assassinado no Brasil, em Lídice, no Estado do Rio, por cuidar da mata e denunciar caçadores e outros violadores do meio ambiente. Era um homem silencioso, era um leitor e um grande protetor da natureza. O Brasil não tem polícia ambiental suficiente nem para um quarteirão quanto mais para fiscalizar um parque inteiro. Então na folha em branco escrevo a morte de um homem bom, assassinado a sangue frio porque nosso país não sabe cuidar das nossas matas. E seu desaparecimento apaga o mar, o canto dos pássaros, a árvore de canela florida no jardim.
quarta-feira, 7 de agosto de 2013
EXERCÍCIOS DE AMOR
Escrevi um livro de contos: Exercícios de Amor. Sairá no final do ano pela editora Lê de B.H. Escrever ficção para mim é difícil, mas gostei dos contos. Muitas vezes eles me levaram pelas mãos por recantos inesperados. Escrevi parte em Saquarema, parte em Visconde de Mauá. na minha casinha da montanha. Para mim a vida é um exercício de amor. Cada interação humana difícil ou fácil, um exercício de amor. Ao longo do tempo vamos melhorando (ou piorando, que pena!). O amor permeia cada encontro, cada gesto. E não existe manual ou bula. Temos que percorrer nosso próprio caminho, amar, descobrir, se assombrar, perdoar. O outro é meu espelho.
terça-feira, 6 de agosto de 2013
AZUL
Muitos pequenos leitores me perguntam: -Qual a sua cor preferida?
_Azul.
Hoje o dia está azul. Para mim azul é a cor da paz tão sonhada. As montanhas ao longe, que vejo da minha janela, são azuis. Se olho para trás vejo o mar: azul. Para mim o amor é azul. A felicidade é azul.
Faço um haicai agora:
a felicidade
borboleta inconstante
mergulha no azul
_Azul.
Hoje o dia está azul. Para mim azul é a cor da paz tão sonhada. As montanhas ao longe, que vejo da minha janela, são azuis. Se olho para trás vejo o mar: azul. Para mim o amor é azul. A felicidade é azul.
Faço um haicai agora:
a felicidade
borboleta inconstante
mergulha no azul
segunda-feira, 5 de agosto de 2013
CAFÉ COM ALGAS
Hoje, ao acordar, parecia que o mar estava dentro da casa. Um cheiro forte de algas flutuava pela sala. Soprava um certo sudoeste. Passei o café. Café com algas. O jornal que chega bem cedo me diz numa belíssima reportagem da Miriam Leitão e Sebastião Salgado, que começou ontem, os mitos e a destruição do povo Awá na floresta que restou no Maranhão. O povo é belíssimo e a reportagem nos deixa em carne viva. Que país é o nosso que não consegue proteger suas florestas e os homens que estavam aqui desde sempre? Os índios Awá estão acuados e então todos nós estamos ameaçados também.
domingo, 4 de agosto de 2013
LIBERDADE
Leio um poema curioso da maravilhosa poeta Alejandra Pizarnik que ouso traduzir:
ANTES
A Eva Durrel
bosque musical
os pássaros desenham em meus olhos
pequenas jaulas
e sobre o poema penso que os pássaros deveriam desenhar em seus olhos liberdade, mas desenham pequenas jaulas. Será para lembrar-nos de nossa condição de prisioneiros do corpo, nós, pobres mortais que só podemos voar com a alma e com a memória?
ANTES
A Eva Durrel
bosque musical
os pássaros desenham em meus olhos
pequenas jaulas
e sobre o poema penso que os pássaros deveriam desenhar em seus olhos liberdade, mas desenham pequenas jaulas. Será para lembrar-nos de nossa condição de prisioneiros do corpo, nós, pobres mortais que só podemos voar com a alma e com a memória?
sexta-feira, 2 de agosto de 2013
POEMAS E COMIDINHAS
Recebo a sexta edição do meu livro POEMAS E COMIDINHAS que fiz em parceria com meu filho André Murray. O livro é uma delícia mesmo E se alguém quiser fazer um piquenique na lua dou o poema e a receita:
PIQUENIQUE LUNAR
Vamos fazer um piquenique
lunar?
Primeiro subimos no telhado
e construímos uma escada
de vento,
depois do terceiro degrau
já começamos a flutuar.
Do alto, já dizia o astronauta,
a Terra é azul
e os astros tocam
a sinfonia do céu.
Pousamos.
A lua é de poesia e prata.
Levamos as mais doces
iguarias.
Para voltar, basta
fechar os olhos com força
e suspirar...
E lá vai a receita de um bom sanduíche, pois a viagem é cansativa:
SANDUÍCHE LUNAR
Ingredientes:
3 fatias de pão de forma
1 fatia de filé mignon batido
3 rodelas de tomate
4 fatias de queijo suíço (aquele furadinho)
orégano
Preparo:
Grelhe o filé e toste as fatias de pão na torradeira.
Monte as rodelas de tomate sobre uma das fatias, cubra com queijo e sobre a outra fatia coloque o filé mignon também coberto com o queijo.
Salpique com orégano e leve ao forno para o queijo derreter.
Monte o sanduíche e leve envolvido em papel de prata para o seu piquenique lunar.
PIQUENIQUE LUNAR
Vamos fazer um piquenique
lunar?
Primeiro subimos no telhado
e construímos uma escada
de vento,
depois do terceiro degrau
já começamos a flutuar.
Do alto, já dizia o astronauta,
a Terra é azul
e os astros tocam
a sinfonia do céu.
Pousamos.
A lua é de poesia e prata.
Levamos as mais doces
iguarias.
Para voltar, basta
fechar os olhos com força
e suspirar...
E lá vai a receita de um bom sanduíche, pois a viagem é cansativa:
SANDUÍCHE LUNAR
Ingredientes:
3 fatias de pão de forma
1 fatia de filé mignon batido
3 rodelas de tomate
4 fatias de queijo suíço (aquele furadinho)
orégano
Preparo:
Grelhe o filé e toste as fatias de pão na torradeira.
Monte as rodelas de tomate sobre uma das fatias, cubra com queijo e sobre a outra fatia coloque o filé mignon também coberto com o queijo.
Salpique com orégano e leve ao forno para o queijo derreter.
Monte o sanduíche e leve envolvido em papel de prata para o seu piquenique lunar.
quinta-feira, 1 de agosto de 2013
PEQUENAS DELICADEZAS
Ontem, em meu primeiro dia em casa, em Saquarema, depois dos vinte dias que passei na montanha mergulhada no bosque, afastada do mundo, as horas foram feitas de pequenas e amáveis delicadezas: ao voltar da sua caminhada, Juan me chama: _Venha ver as baleias!
Desci correndo do estúdio e lá estavam elas, passeando sua majestade pelo mar imenso e azul.
Amigos me escrevem e virão me visitar. Outra amiga traz um livro lindo de presente para o Juan, A Alma Imoral, do Nilton Bonder que foi peça de grande sucesso.
E há uma luz esplêndida de inverno que invade tudo, todos os recantos da casa e do nosso ser.
Desci correndo do estúdio e lá estavam elas, passeando sua majestade pelo mar imenso e azul.
Amigos me escrevem e virão me visitar. Outra amiga traz um livro lindo de presente para o Juan, A Alma Imoral, do Nilton Bonder que foi peça de grande sucesso.
E há uma luz esplêndida de inverno que invade tudo, todos os recantos da casa e do nosso ser.
quarta-feira, 31 de julho de 2013
VOLTA PARA CASA E CLUBE DE LEITURA
Depois de vinte dias na minha casinha da montanha voltei ontem à tarde para casa. Lá não tenho internet e foram dias magníficos de mergulho num outro mundo.
Nosso encontro do Clube de Leitura da Casa Amarela desta vez aconteceu na montanha. Muitos aproveitaram para passar alguns dias de férias com a família em Visconde de Mauá.
A nossa reunião começou na varanda do Babel Restaurante do meu filho André Murray, com sua vista magnífica. Discutimos o livro A Mocinha do Mercado Central de Stella Maris Rezende,ed. Globo.
O que seduziu a todos foi o jogo com os nomes. A cada novo nome acrescentado uma nova personagem nascia e todos ressaltaram o jogo de espelhos, o teatro. A estrutura do romance, nos levava a discutir o texto como um quebra cabeça. Movíamos as peças no tabuleiro .O que era sonho, o que era realidade ou ficção , impossível dizer. Ressaltamos o "aparato" imagina-mágico . A partir destas duas palavras tudo se torna possível.
O pai da mocinha foi posto no banco dos réus e absolvido. O romance , de busca do pai, do amor, de novas identidades para encontrar a sua própria identidade ia sempre se desdobrando, se abrindo em encontros mágicos e desencontros: o desencontro da Valentina com a vida. O romance traz para o leitor temas fortes e violentos , estupro, suicídio, a morte de uma criança. Mas com extrema delicadeza vai desatando nomes e nós. Para todos os leitores do Clube, a autora deixou o final em aberto. Assim cada um podia escrever o seu final, escolher um caminho. Todos sublinharam o encontro da mocinha com a poesia , pura magia.
Depois brincamos com o significado de nossos próprios nomes e eu ganhei meu nome escrito num grão de arroz, presente de Gil e Maria Clara.
Num segundo momento ouvimos histórias das 1001 Noites e poemas do Leminsky.
E então fomos para a minha casinha onde comemos um cozido magnífico preparado pelo meu filho André.Fazia frio, a amizade e o prazer do texto discutido nos aquecia. Tivemos novos leitores em nosso encontro: Fátima, César, Denise e algumas jovens e lindas meninas. Maria Clara e Gil plantaram bromélias na mata que envolve a casa. E uma alegria imensa jorrava de dentro de mim.
Nosso encontro do Clube de Leitura da Casa Amarela desta vez aconteceu na montanha. Muitos aproveitaram para passar alguns dias de férias com a família em Visconde de Mauá.
A nossa reunião começou na varanda do Babel Restaurante do meu filho André Murray, com sua vista magnífica. Discutimos o livro A Mocinha do Mercado Central de Stella Maris Rezende,ed. Globo.
O que seduziu a todos foi o jogo com os nomes. A cada novo nome acrescentado uma nova personagem nascia e todos ressaltaram o jogo de espelhos, o teatro. A estrutura do romance, nos levava a discutir o texto como um quebra cabeça. Movíamos as peças no tabuleiro .O que era sonho, o que era realidade ou ficção , impossível dizer. Ressaltamos o "aparato" imagina-mágico . A partir destas duas palavras tudo se torna possível.
O pai da mocinha foi posto no banco dos réus e absolvido. O romance , de busca do pai, do amor, de novas identidades para encontrar a sua própria identidade ia sempre se desdobrando, se abrindo em encontros mágicos e desencontros: o desencontro da Valentina com a vida. O romance traz para o leitor temas fortes e violentos , estupro, suicídio, a morte de uma criança. Mas com extrema delicadeza vai desatando nomes e nós. Para todos os leitores do Clube, a autora deixou o final em aberto. Assim cada um podia escrever o seu final, escolher um caminho. Todos sublinharam o encontro da mocinha com a poesia , pura magia.
Depois brincamos com o significado de nossos próprios nomes e eu ganhei meu nome escrito num grão de arroz, presente de Gil e Maria Clara.
Num segundo momento ouvimos histórias das 1001 Noites e poemas do Leminsky.
E então fomos para a minha casinha onde comemos um cozido magnífico preparado pelo meu filho André.Fazia frio, a amizade e o prazer do texto discutido nos aquecia. Tivemos novos leitores em nosso encontro: Fátima, César, Denise e algumas jovens e lindas meninas. Maria Clara e Gil plantaram bromélias na mata que envolve a casa. E uma alegria imensa jorrava de dentro de mim.
quarta-feira, 10 de julho de 2013
DE MALA PRONTA
Minha mala já está pronta: roupa de frio, livros. Amanhã às 5hs manhã vou para a minha casinha da montanha. Lá não tenho internet, portanto ficarei ausente até os primeiros dias de agosto. Não se esqueçam de mim. Quando for visitar a minha irmã em seu ateliê, escreverei contando .
terça-feira, 9 de julho de 2013
CONTINUANDO O CONTO
Continuando o conto:
Bella me transformou. Sua escrita delicada construiu pontes de silêncio dentro de mim. Seu jeito de olhar a vida, os objetos, as pessoas, foi uma revelação quase religiosa. Ah, se ela soubesse que andaria assim pela minha vida, pelas minhas ruas, dentro do meu sangue, tão longe no tempo e no espaço da sua Vitebsk natal! Enquanto eu a leio, as palavras que contam a sua vida vão fazendo em minha alma um mosaico de músicas, imagens, cheiros. Não conheço a Rússia e com certeza a cidadezinha onde viveram Bella e Marc Chagall não existe mais ou se existe ninguém daquela época a reconheceria hoje. Mas eu a reconheço e a umidade que se desprende do rio, assim como o pátio das casas.
Durante muitos anos, este pequeno livro de capa azul andava sempre em minha bolsa, em minhas mesas. Quando eu estava triste eu o abria ao acaso e deixava que Bella conduzisse minha alma. Dentro de mim, essa mulher que nunca conheci, que morreu tão jovem, essa mulher feita de palavras, arruma os castiçais. Suas velas nunca se apagam. As palavras não morrem.
FIM
Bella me transformou. Sua escrita delicada construiu pontes de silêncio dentro de mim. Seu jeito de olhar a vida, os objetos, as pessoas, foi uma revelação quase religiosa. Ah, se ela soubesse que andaria assim pela minha vida, pelas minhas ruas, dentro do meu sangue, tão longe no tempo e no espaço da sua Vitebsk natal! Enquanto eu a leio, as palavras que contam a sua vida vão fazendo em minha alma um mosaico de músicas, imagens, cheiros. Não conheço a Rússia e com certeza a cidadezinha onde viveram Bella e Marc Chagall não existe mais ou se existe ninguém daquela época a reconheceria hoje. Mas eu a reconheço e a umidade que se desprende do rio, assim como o pátio das casas.
Durante muitos anos, este pequeno livro de capa azul andava sempre em minha bolsa, em minhas mesas. Quando eu estava triste eu o abria ao acaso e deixava que Bella conduzisse minha alma. Dentro de mim, essa mulher que nunca conheci, que morreu tão jovem, essa mulher feita de palavras, arruma os castiçais. Suas velas nunca se apagam. As palavras não morrem.
FIM
segunda-feira, 8 de julho de 2013
UM CONTO
Vou contar um conto . Hoje um pedaço e amanhã termino. Este conto está no meu livro Território de Sonhos da ed. Rocco e nasceu da minha paixão por um livro. Paixão violenta.
PALAVRAS
Bella é seu nome. Viveu no começo do século XX, numa pequena cidade chamada Vitebsk, na Rússia. Tenho um livro nas mãos. Sua capa é azul e se chama "Luzes Acesas". O livro foi escrito por Bella Chagall e é todo ilustrado em bico de pena pelo próprio Chagall. Ao abrir o livro, o texto mais delicado de que se tem notícia me agarra pelos cabelos e me leva para junto de uma criança, Bella. Estamos juntas num trenó, embora ela não me veja. Descemos encostas íngremes cheias de neve, é noite. Sem saber, Bella me conduz tão grudada em sua pele, que já não se distingue quem é a leitora e quem é a escritora. Entramos numa casa de banhos rituais. Quando voltamos, Bella tem sono e eu também. Fecho o livro. Dormimos as duas: ela, viva novamente. Mais tarde, com Bella, atravesso a ponte da cidade rumo à casa de sua amiga Théa, onde ela conhecerá seu único e grande amor, Marc Chagall. Assisto a festas, casamentos, juntas viramos a cidade pelo lado avesso. Enquanto leio, somos uma, nosso coração bate em uníssono. Vejo Chagall pintar o quadro "O Aniversário". Bella havia enchido a pequena casa do pintor de tapetes e flores e com um buquê nos braços sairam os dois voando pela janela.
As palavras de Bella me enfeitiçam, me transformam. Ela faz de mim a ouvinte da sua vida tão breve, a ouvinte de seus segredos. Espectadora dos seus sonhos, eu a vejo encher cadernos e cadernos em sua lingua natal, para que um dia travessassem o tempo e chegassem às minhas mãos.
CONTINUA AMANHÃ
PALAVRAS
Bella é seu nome. Viveu no começo do século XX, numa pequena cidade chamada Vitebsk, na Rússia. Tenho um livro nas mãos. Sua capa é azul e se chama "Luzes Acesas". O livro foi escrito por Bella Chagall e é todo ilustrado em bico de pena pelo próprio Chagall. Ao abrir o livro, o texto mais delicado de que se tem notícia me agarra pelos cabelos e me leva para junto de uma criança, Bella. Estamos juntas num trenó, embora ela não me veja. Descemos encostas íngremes cheias de neve, é noite. Sem saber, Bella me conduz tão grudada em sua pele, que já não se distingue quem é a leitora e quem é a escritora. Entramos numa casa de banhos rituais. Quando voltamos, Bella tem sono e eu também. Fecho o livro. Dormimos as duas: ela, viva novamente. Mais tarde, com Bella, atravesso a ponte da cidade rumo à casa de sua amiga Théa, onde ela conhecerá seu único e grande amor, Marc Chagall. Assisto a festas, casamentos, juntas viramos a cidade pelo lado avesso. Enquanto leio, somos uma, nosso coração bate em uníssono. Vejo Chagall pintar o quadro "O Aniversário". Bella havia enchido a pequena casa do pintor de tapetes e flores e com um buquê nos braços sairam os dois voando pela janela.
As palavras de Bella me enfeitiçam, me transformam. Ela faz de mim a ouvinte da sua vida tão breve, a ouvinte de seus segredos. Espectadora dos seus sonhos, eu a vejo encher cadernos e cadernos em sua lingua natal, para que um dia travessassem o tempo e chegassem às minhas mãos.
CONTINUA AMANHÃ
sábado, 6 de julho de 2013
ALIMENTAÇÃO
Continuo a falar do café da manhã. Aqui estou novamente com a minha xícara de café com leite quente e já amanheceu. Faz frio aqui em Saquarema e o céu está lindíssimo. Ouvi o jornal sendo depositado na caixa do correio. E a primeira notícia da capa é justamente sobre alimentação. O subtítulo é: "TCU tira verba de seu programa de controle de gastos para pagar auxílio retroativo de ministros". E a notícia continua dizendo que "a presidência do Tribunal de Contas da União (TCU) retirou R.1.02 milhão do programa de fiscalização da aplicação dos recursos públicos federais , etc, etc, para depositar R.636.5 mil nas contas pessoais dos seus ministros, doze na ativa e seis aposentados. É um auxílio alimentação retroativo."
Nosso dinheiro está pagando o que os ministros já comeram.
Não sei o que dizer sobre isso.É tamanha a vergonha que sinto . Por que a alimentação deles precisa ser paga separadamente ? Além do salário precisam receber auxílio alimentação? E por que fazem o tempo andar para trás se já comeram? É um teatro macabro. Já que falo sobre o meu café da manhã, deixemos que o leite ferva e entorne. Pelas praças e ruas e ruelas. Sem violência. Basta a nossa indignação. E um dia eles também sentirão vergonha e medo.
Nosso dinheiro está pagando o que os ministros já comeram.
Não sei o que dizer sobre isso.É tamanha a vergonha que sinto . Por que a alimentação deles precisa ser paga separadamente ? Além do salário precisam receber auxílio alimentação? E por que fazem o tempo andar para trás se já comeram? É um teatro macabro. Já que falo sobre o meu café da manhã, deixemos que o leite ferva e entorne. Pelas praças e ruas e ruelas. Sem violência. Basta a nossa indignação. E um dia eles também sentirão vergonha e medo.
sexta-feira, 5 de julho de 2013
IMPOSTOS
Ainda é noite, mas acordo muito cedo. Escrevo na mesa do café da manhã que se aproxima (em silêncio). Bebo café com leite e como uma fatia da broa de milho salgada que fiz ontem à noite. Meu café não leva açúcar . Não sei o custo do que comi, mas sei que grande parte deste custo volta para o governo , paga-se muito imposto em cada alimento . Então o voo dos jatinhos dos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado foram pagos , em parte, com o que como. E este recurso deveria ser usado para o bem da população. Embora a lei diga que isso é possível, o bom senso, quando se sabe tudo o que precisa ser feitoi no Brasil, nos diz que isso é vergonhoso. Desperdiçar dinheiro público deveria ser crime gravíssimo. O que os dois políticos fizeram é um ato de extremo descaso e arrogância com todo o povo brasileiro no momento em que o povo descobre que desde tantos séculos vem sendo enganado..
Ontem vi no noticiário uma escola em Friburgo, na Serra do Rio de Janeiro, ainda depredada desde as últimas enchentes . Os recursos para a reconstrução foram liberados mas a escola continua como estava.
Dinheiro público deveria ser sagrado, intocável, deveria ser usado apenas para o bem da população. Como um governo pode manter tantos Ministérios com o nosso dinheiro? Às vezes o que é óbvio fica invisível.
Mastigo todas estas questões junto com a minha broa de milho.
Ontem vi no noticiário uma escola em Friburgo, na Serra do Rio de Janeiro, ainda depredada desde as últimas enchentes . Os recursos para a reconstrução foram liberados mas a escola continua como estava.
Dinheiro público deveria ser sagrado, intocável, deveria ser usado apenas para o bem da população. Como um governo pode manter tantos Ministérios com o nosso dinheiro? Às vezes o que é óbvio fica invisível.
Mastigo todas estas questões junto com a minha broa de milho.
quinta-feira, 4 de julho de 2013
PROJETO GRÁFICO
Ontem recebí o projeto gráfico do livro Fio de Lua & Raio de Sol que sairá em setembro pela IBEP Jr. Patricia, minha nora, poeta andaluza, escreveu os poemas da lua e eu fiz os poemas de sol. O projeto está lindíssimo, o livro já vem todo diagramado e onde há uma mancha cinza, Regina Rennó colocará suas belas ilustrações. É o primeiro livro da Patricia que já tem outros dois na fila que serão publicados pela Rovelle.
Conheci Patricia em 1998 em Granada, ela é sobrinha do meu marido. Ela me mostrou seus poemas e eu nunca poderia sonhar que faríamos um livro juntas algum dia, que no futuro ela se casaria com meu filho Guga, que me daria o Luis (que já virou livro, é claro, o Lá Vem o Luis, ed. Leya).
A hisória de amor foi assim: Patricia veio nos visitar em Saquarema e Guga que morava em outra cidade estava aqui nos visitando. Quando ela chegou e eles se olharam, eu vi eles se apaixonando. Guga tinha, por coincidência, um trabalho nas Ilhas Canárias para um mês depois e de lá já foi para Granada. Logo se casaram aqui em Saquarema. E agora eu tenho a alegria de apresentar a linda poesia da Patri. Sou sua tradutora, pois embora ela more no Brasil, sempre escreverá em espanhol, a sua lingua. O meu desafio é fazer com que o leitor nem repare que os poemas não foram escritos em português. E sinceramente, acho que conseguí.
Conheci Patricia em 1998 em Granada, ela é sobrinha do meu marido. Ela me mostrou seus poemas e eu nunca poderia sonhar que faríamos um livro juntas algum dia, que no futuro ela se casaria com meu filho Guga, que me daria o Luis (que já virou livro, é claro, o Lá Vem o Luis, ed. Leya).
A hisória de amor foi assim: Patricia veio nos visitar em Saquarema e Guga que morava em outra cidade estava aqui nos visitando. Quando ela chegou e eles se olharam, eu vi eles se apaixonando. Guga tinha, por coincidência, um trabalho nas Ilhas Canárias para um mês depois e de lá já foi para Granada. Logo se casaram aqui em Saquarema. E agora eu tenho a alegria de apresentar a linda poesia da Patri. Sou sua tradutora, pois embora ela more no Brasil, sempre escreverá em espanhol, a sua lingua. O meu desafio é fazer com que o leitor nem repare que os poemas não foram escritos em português. E sinceramente, acho que conseguí.
quarta-feira, 3 de julho de 2013
DIA MÁGICO
Ontem fiz parte de uma das festas mais lindas da minha vida, na Biblioteca Parque Manguinhos, um espaço totalmente mágico, dentro de uma comunidade bastante precária. A Biblioteca tem 23.000 metros quadrados e é completíssima, tem até teatro. Fui pelas mãos da Ed. Rovelle e logo ao chegar nos esperava uma bela mesa de café da manhã. Os professores foram chegando e me abraçando, querendo fotos, construindo para mim um casulo de amor. O evento era a entrega dos prêmios do Concurso dePoesia do Município para alunos e profissionais da Educação e faz parte do projeto Poesia na Escola. Eu era a poeta homenageada.A MultuRio passou um filme com poemas concretos dos alunos, uma maravilha. A Secretária Cláudia Costin estava presente e sua bela fala, pessoal e poética emocionou..Depois vieram os prêmios, depois eu falei. Mas o melhor estava no palco: a Orquestra da Maré. Que maravilha! Haja coração! Ela é a prova viva de quantos milhões de talentos se perdem por este Brasil afora. É a prova viva de que a arte salva e transforma. Guardarei esta manhã como uma das mais belas experiências que já vivi. Os livros premiados que ganhei de presente , me trazem uma linda poesia.
segunda-feira, 1 de julho de 2013
FRESTA/FRONTEIRA
Gosto da palavra fresta, que nos permite passar para outros mundos, atravessar espelhos e paredes. Gosto da palavra fronteira que também nos permite passar, embora os homens tenham criado fronteiras artificiais e guardas para impedir a passagem.Cada vez mais as fronteiras se diluem, ficam enevoadas, quase líquidas. Fronteiras entre países com o mundo globalizado, fronteira entre etnias, cores, gêneros literários e sexuais. Até os idiomas se interpenetram, palavras estrangeiras se alojam na nossa lingua e vão ficando. A poesia é o melhor meio de transporte para se atravessar frestas e fronteiras.
POEMA
Um poema líquido
que escorra
pelas frestas do dia,
encontre o tempo exato
onde a noite cai
e traga para dentro da vida
a fragrância de flores:
violetas, margaridas, jasmins.
in Carteira de Identidade, ed. Lê
POEMA
Um poema líquido
que escorra
pelas frestas do dia,
encontre o tempo exato
onde a noite cai
e traga para dentro da vida
a fragrância de flores:
violetas, margaridas, jasmins.
in Carteira de Identidade, ed. Lê
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