quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

COTIDIANO

Hoje a vida de todos os dias, a festa simples do cotidiano, cheia de milagres, cheiros e afazeres. Evoco as aranhas: há que tecer cada segundo, minuto, cada hora uma volta da teia. 
O dia amanheceu fresco, silencioso. Nâo há sol. No jardim uma orquídea nos oferece um cacho de belas flores. O feijão para o almoço está de molho.
Por pura coincidência leio com um mínimo intervalo, o segundo livro sobre a Viena no final do século XIX e princípio do século XX. Ainda não inventaram nenhuma máquina do tempo melhor do que um belo livro. Passeio por Viena a quualquer hora do dia. E leio que em breve cientistas conseguirão ler pensamentos. Então será preciso inventar um cofre lacrado dentro da mente para guardar nossos pensamentos secretos, para que se tornem invioláveis. Dar a chave dos nossos pensamentos secretos será a maior prova de amor no futuro.
Recomeçamos, sempre recomeçamos.

OUVIR ESTRELAS

Mergulhar os ossos
na tinta fresca do universo
apanhar com a boca o voo
dos peixes e pássaros
arrancar da terra as palavras
e guardá-las em algum lugar obscuro
da casa
pegar das estrelas
seu grito de pavor e luz.

in Pássaros do Absurdo, ed. Tchê, esgotado.

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