Um livro foi o passaporte para que eu pudesse, ousasse fazer poesia: POEMA SUJO, do Ferreira Gullar.
O meu exemplar é bem antigo, de 1977 e ganhei de presente de uma amiga que naquela época era a minha alma gêmea, com ela, dentro dos livros, eu podia respirar, sair um pouco da vida asfixiante que levava. Para mim não havia saída: ou a loucura ou a poesia. Tenho uma linda dedicatória no livro:
" Mudar de casa já era / um aprendizado de vida.
Ainda estou viva / e vejo /
e vejo uma amiga.
Rose e Ana
76/77
Li o livro em voz alta dezenas de vezes andando pela casa. De todos os livros que já li na vida e não foram poucos, nenhum me provoca um terremoto emocional de tal magnitude.
" Como se o tempo
durante a noite
ficasse parado junto
com a escuridão e o cisco
debaixo dos móveis e
nos cantos da casa
(mesmo dentro
do guarda-roupa,
o tempo,
pendurado nos cabides)"
Poema Sujo, Ferreira Gullar, ed. Civilização Brasileira, pg 46
A beleza do Poema Sujo para mim é sempre explosão.
quinta-feira, 10 de janeiro de 2013
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