quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

POEMA SUJO

Um livro foi o passaporte para que eu pudesse, ousasse fazer poesia: POEMA SUJO, do Ferreira Gullar.
O meu exemplar é bem antigo, de 1977 e ganhei de presente de uma amiga que naquela época era a minha alma gêmea, com ela, dentro dos livros, eu podia respirar, sair um pouco da vida asfixiante que levava. Para mim não havia saída: ou a loucura ou a poesia. Tenho uma linda dedicatória no livro:
" Mudar de casa já era / um aprendizado de vida.
Ainda estou viva / e vejo /
e vejo uma amiga.
Rose e Ana
76/77

Li o livro em voz alta dezenas de vezes andando pela casa. De todos os livros que já li na vida e não foram poucos, nenhum me provoca um terremoto emocional  de tal magnitude.


" Como se o tempo
durante a noite
     ficasse parado junto
     com a escuridão e o cisco
     debaixo dos móveis e
     nos cantos da casa
                                (mesmo dentro
     do guarda-roupa,
                               o tempo,
                               pendurado nos cabides)"


Poema Sujo, Ferreira Gullar, ed. Civilização Brasileira, pg 46


A beleza do Poema Sujo para mim é sempre explosão.

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