Antes de sair do nosso Campo Santa Maria Del Giglio entramos em sua Igreja, lindíssima. Cada ponte é um quadro vivo e há que parar em cada uma, os prédios dançam na água e lá,onde o olhar já não pode passar, eles desaparecem numa curva. No caminho para o Campo S,Maurizio entramos numa Galeria de Arte para ver uma exposição de fotos feitas pelo bailarino Michail Barishnikov. Não se sabe se são fotos ou pinturas, todas de danças pelo mundo.Muito bonitas. Na Contin Galleria, sua dona nos conta que ele tem uma Fundação e todo o dinheiro é para ajudar jovens artistas de qualquer área, não só da dança.
Ao chegar a S.Maurizio, há uma exposição grátis, dentro de sua Igreja,.de Instrumentos musicais ao longo do tempo. Instrumentos de corda. Ao som de Vivaldi, alaúdes, violas d'amore, da gamba, violinos, cellos, alaúdes e outros instrumentos que eu não conhecia, exóticos, guardados em vitrines, exibem suas datas: 1600, o cello mais antigo e assim até chegar ao século XX.
Até chegar ao Campo S.Stefano, vamos namorando suas lojas de pão. Os pães são arrumados de tal maneira que queremos comer todos. Ao passar por uma linda trattoria uma moça que limpava seus vidros nos escuta falar e toda feliz diz que é brasileira de São Luis e vive em Veneza há doze anos. Fazemos uma reserva para a noite, a trattoria é muito charmosa e perto do nosso hotel.
Vamos andando, parando em cada ponte para suspirar, absorver a água, as casas e há uma linda placa numa casa que diz que Francesco Querim foi sepultado no Polo, sob a neve. Não há data mas pelo brasão Juan me diz que foi na Idade Média. Uma rua se chama Piscina S.Samuele. Fico curiosa: por que piscina? Pergunto a um garçom que arruma as mesas na calçada e ele nos diz que no passado ali havia um reservatório de água.
Na calle del Postrin crianças venezianas brincam na porta de suas casas, cachorros alegres vão chegando, querem brincar também.
Em Veneza se pode ouvir os passos. No silêncio das ruas de dentro eles pontuam a manhã. Passos e sinos.
Nas ruas de dentro as pessoas falam baixo. E as roupas penduradas nas janelas das casas cor de terra nos falam das vidas que se desdobram dentro delas.
E me apaixono pelos nomes das ruas: Ramo Narisi, Calle Pesaro,Rio Terrá de La Mandola, Barbarigo, Rio Terrá Dei assassini... Pergunto a Juan porque será que se chama aterro dos assassinos esta ruela e ele me diz que talvez ali, naquele beco, ladrões antigamente assassinavam pessoas, mas agora , ainda bem, a rua é de livrarias. Uma ruela: Campiello novo o dei morti.
Depois de duas horas de caminhada paramos para um vinho e soam os sinos das 12 horas. A Igreja de San Stefano , onde estamos, é de 1643.Ali o bar era turístico demais e não comemos nada, mas ao voltar a caminhar, comemos um pedaço de pizza de uma pizzaria que é apenas uma portinha e tem a melhor pizza de Veneza. Nos sentamos na beira de um poço. Fazia muito sol e tudo era bom.
À noite voltamos para a Trattoria Dei. Fiore e Araci nos recebeu com seu lindo sorriso.
Pedimos de entrada o que não havia no cardápio: flores de abobrinha e polenta grelhada. A polenta de Veneza é branca. Meia jarra de vinho do Vêneto, umas torradas maravilhosas com azeite e uns pães recheados de azeitona. Comi uma pasta bem simples, com molho de tomate fresco e manjericão, a massa feita na casa, ou melhor, no céu.
E voltamos por uma Veneza que se apagava, a água escura, os barcos e as gôndolas dormindo.
Ainda não fui a São Marcos , nem a Accademia, nem a Rialto. Esperamos passar o final de semana quando haverá menos gente.
Hoje vamos para Fondamenta Nuove.
domingo, 18 de maio de 2014
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