quarta-feira, 14 de maio de 2014

VENEZA

Quando se pensa Veneza se pensa Praça São Marcos, multidões de turistas, gondoleiros gritando. Um cenário irreal com poucos venezianos vivendo dentro dos palácios decadentes.
Mas há outra Veneza, a de dentro. Das ruelas vazias, igrejas esquecidas, lojinhas de um outro tempo, peixeiros arrumando a sua mercadoria como joias, os peixes enfeitados com flores.Onde moram os venezianos. É para lá que vamos amanhã. Juan, meu marido viveu 40 anos na Itália e escolheu Veneza cnmo a cidade do seu coração. Visitou a cidade umas 100 vezes. Sua paixão era tamanha que Felipe González, o Primeiro Ministro da Espanha na época, lhe ofereceu o posto de Cônsul Honorário, mas sem salário e ele não pode aceitar. Esta é a quarta vez que eu o acompanho, na sua viagem , na sua relação amorosa com a cidade.
Não sairemos de Veneza , nem desembarcamos em Madrid, a nossa conexão. E na volta dormiremos no aeroporto. Juan não quer ver carros, ônibus, cidades , enfim, pois Veneza não é uma cidade. É um livro de ficção, camadas e camadas de tempo, séculos e séculos de histórias acumuladas, é um afunda-não-afunda, como um barco à deriva.Veneza oscila.
Assaltada por milhares de turistas que são despejados dos Cruzeiros e nem sabem onde estão, com barracas vendendo topo tipo de porcarias para se levar como lembrança, em plena Praça de São Marcos, Veneza abriga também o nosso tempo, o do consumismo louco e desenfreado, dos produtos chineses que tudo invadem, da algaravia de palavras que não dizem nada. É o contemporâneo que traz a sua camada de tinta para Veneza.
E vamos em busca dos bairros afastados onde se vê uma ou outra pessoa, um inglês com seu livrinho buscando um tesouro escondido...
Escrevei de lá, mas não enviarei fotos, não gosto de tirar fotos, me atrapalha, quero ver , ouvir, sentir inteiramente, usando meu corpo para absorver tudo. Mas vou contando nossas andanças.

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