Amo todos os dezembros desde que nasci. Nasci num dia 27, prematura, em 1950. Certamente fazia calor em Botafogo e os flamboyants estavam por ali, incendiando o meu nascimento.e as buganvílias, tecendo guirlandas brancas, amarelas, cor de maravilha. Em dezembro os sabiás escrevem no céu lindas pautas musicais.
Quando ei nasci, este mundo que existe hoje não existia. Carrego dentro de mim a memória do meu tempo tão diferente. O corpo é pequeno para carregar tanta memória.
Dia 27 de dezembro faço 64 anos. Pretendo passar meu aniversário com filhos e netos na minha casinha da montanha.
Envelhecer é uma arte. O corpo se gasta, range, dói, reclama, trapaceia, mas a mente nunca para de de se expandir, a compreensão de tudo aumenta, a compaixão, a leitura do outro aumenta, o amor é como uma cachoeira incessante por tudo o que vive e também pelos nossos mortos.
O corpo a gente carrega fazendo o melhor possível. Mesmo que às vezes pareça um trem estragado. Mas a mente voa, quer saber mais, a mente a gente afia no vento, nos livros, no passado e no presente.
Estou tão feliz com a minha caminhada, o meu progresso. Sou uma pessoa bem melhor frente ao meu julgamento que é bem feroz. Já não tenho raiva de ninguém, o perdão já quase não é necessário, pois não me sinto fendida.
Farei 64 desejando fazer 65,66,67, 90! Quero ver os netos grandes. Quero aprender muitas outras línguas. Quero ler ainda muitos muitos livros e escrever, quem sabe, muitos outros poemas.
domingo, 30 de novembro de 2014
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